Crédito extraordinário por MP pode se tornar crime de responsabilidade do presidente da República



Tramita na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 45/08), de autoria do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), que torna crime de responsabilidade do presidente da República a edição de Medida Provisória (MP) para abertura de crédito extraordinário que não seja para atender às despesas decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública.

A PEC está pronta para entrar na pauta de votação da CCJ, pois já conta com parecer favorável do senador Renato Casagrande (PSB-ES), que acrescentou quatro emendas. O relator assinalou em seu parecer que "é louvável" a limitação das hipóteses de edição de MP para abertura de crédito extraordinário, pois visa a reforçar a separação dos Poderes ao pôr fim a interpretações do texto constitucional, por parte do Poder Executivo, que tolhem a atuação do Poder Legislativo. Casagrande também observou que essa limitação se alinha ao recente entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema.

- Nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade nº 4048 e nº 4049, aquela Corte, por maioria, concedeu liminar para suspender, respectivamente, a vigência da MP 405/07, bem como sua lei de conversão, e a vigência da lei resultante da MP 402/07, ao entendimento de que os créditos extraordinários abertos seriam destinados a prover despesas correntes que não estariam qualificadas pela imprevisibilidade ou pela urgência. No segundo caso, o STF entendeu estar caracterizada a tentativa de contornar a vedação imposta pelo artigo 167 da Constituição, visto que a MP em questão categorizava como de natureza extraordinária crédito que, na verdade, não passava de especial ou suplementar, tipos que dependem de prévia autorização legislativa - assinalou.

Flexa Ribeiro argumenta em favor da sua PEC a recorrência com que o presidente da República na usurpação de competência por meio do uso indevido das MPs, solicitando autorização do Congresso Nacional para abertura de créditos especiais e suplementares "disfarçados" em extraordinários. O senador disse que a Constituição veda "de forma cristalina" a edição de MP sobre planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares.

- O legislador estabeleceu no terceiro parágrafo do artigo 167 da Constituição uma única exceção a regra, que foi a abertura de créditos extraordinários, justamente por se tratar de despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública - salientou.



19/01/2010

Agência Senado


Artigos Relacionados


Abertura de crédito extraordinário sem urgência poderá ser considerado crime de responsabilidade

Afixar aviso para isentar comércio de responsabilidade por dano pode se tornar crime

Obstrução impede votação de MP que abre crédito extraordinário para a Presidência da República e ministérios

Senadores aprovam MP que abriu crédito extraordinário para ministérios, Presidência da República e Justiça Eleitoral

Jogo do bicho pode tornar-se crime

Vídeo | Pichar pode se tornar crime