Crime organizado é uma empresa transnacional, diz Valadares



Numa análise das políticas adotadas pelo Brasil para combater o aumento da violência, o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) afirmou que, para haver resultado, é necessário abandonar o preconceito de que todo pobre é bandido e tratar o crime organizado como a grande empresa transnacional que é.

- Ao lado de medidas policialescas, são necessárias políticas de segurança pública democráticas, que tragam de volta o respeito à dignidade humana, a cidadania e a efervescência social e cultural em favor da população.

Valadares considerou frágeis os programas governamentais voltados para a sociabilidade da população e para o estabelecimento de parcerias com todas as formas de associações comunitárias com vistas ao reforço da solidariedade e à mobilização das comunidades.

No seu entender, muitos estão partindo do pressuposto de que o delinqüente e os atos criminosos são apenas uma agressão ao consenso moral e normativo da sociedade e que basta punir o crime. Valadares pediu que não se desvie a atenção dos que deveriam estar sendo controlados, como -os que fazem fortuna traficando drogas e armas, por um lado, e os que desviam as verbas que deveriam ser destinadas às políticas públicas que educariam esses jovens para uma sociabilidade positiva e para o direito de participação no Estado brasileiro-.

O senador recomendou um exame cuidadoso dos mecanismos de combate ao crime que estão sendo apresentados no Brasil, -pois eles parecem estar montados, rigidamente, na lógica da própria violência-.

Sustentando que o fenômeno da globalização alcançou as organizações criminosas, Valadares disse que o aumento da violência se explica dentro do panorama do crime -transnacional, com características econômicas, políticas e culturais sui generis, sem perder algo do velho capitalismo da busca desenfreada do lucro a qualquer preço-.

Valadares também alertou que, para compreender o aumento da violência no Brasil, é necessário saber que o crime organizado hoje é uma entidade tão forte, presente e estruturada como qualquer Estado nacional. E que ele se alimenta daquela pobreza que muitos pensam que precisa ser excluída e destituída de poder, -porque está atrapalhando o bem viver-.



30/05/2003

Agência Senado


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