Cristovam: acordo com Irã colocou o Brasil no cenário internacional
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) saudou em Plenário, nesta sexta-feira (21), o protagonismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado do primeiro ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, para o acordo com o Irã, em que esse país se compromete usar tecnologia nuclear apenas para fins pacíficos. Na sua avaliação, mesmo que o acordo não produza resultados concretos, o papel desempenhado pelo presidente coloca o Brasil no centro das discussões dos assuntos internacionais, historicamente monopolizadas pelas grandes potências.
- Muitos aqui sabem que lamento muito que o presidente Lula não tenha escolhido ficar na história como o presidente que erradicou o analfabetismo no Brasil. Mas, com a mesma convicção, digo aqui que o presidente colocou o Brasil no cenário internacional, rompendo a barreira da hegemonia das grandes potências nos assuntos internacionais.
Cristovam observou que o acordo foi também positivamente destacado pelo jornal francês Le Monde, que levanta desconfianças sobre o cumprimento do pelo Irã, mas reconhece que foi significativo o entendimento ter sido obtido por países que sempre ficam à margem das grandes decisões mundiais. Como salientou o jornal, um pequeno grupo de países sempre ditou as decisões, sobretudo depois da 2ª Guerra Mundial, cabendo aos demais seguir o que foi decidido.
- As decisões que essas potências tomam já nos levaram à beira da tragédia, da catástrofe, da hecatombe nuclear. Tivemos Hiroshima e Nagasaki. As mesmas decisões ou omissões dessas grandes potências estão nos deixando hoje à beira da catástrofe ecológica, que pode fazer menos barulho do que a nuclear, mas pode ter consequências iguais e mais amplas até do que a catástrofe nuclear - observou Cristovam.
O senador considerou lamentável a reação das grandes potências diante do acordo. Segundo ele, ao invés de cobrarem do Irã realizações com base no acordo, até mesmo colocando novas condições, optam apenas por ameaças de sanções. Para ele, o objetivo é apenas "dobrar" todas as nações à vontade dos países mais desenvolvidos.
Com relação ao papel do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, Cristovam disse que não tem correspondido às idéias expressas no livro Audácia da Esperança, escrito por Obama e que o senador considera "magistral".
- Parece que ele não está hoje usando a palavra esperança nem a palavra ousadia, usadas pelo presidente Lula e pelo primeiro-ministro da Turquia.
Ao finalizar seu pronunciamento, Cristovam sugeriu ao presidente Lula uma ousadia ainda maior, no sentido de liderar um movimento mundial pela não proliferação das armas, acordo que vem sendo discutido entre as nações, mas que estaria parado há cinco anos.
- Está na hora de a gente fazer uma grande campanha mundial pela não proliferação, mas também para que aqueles que têm bombas as destruam num grande acordo mundial - defendeu.
21/05/2010
Agência Senado
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