Cristovam Buarque alerta para fragilidades da economia brasileira
Em discurso no Plenário nesta quinta-feira (13), o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) fez uma avaliação das mudanças na economia mundial nas últimas quatro décadas e disse que hoje "há muitas surpresas ao olhar ao redor".
O senador lembrou que, quando começou a estudar economia, há 40 anos, a China estava mergulhada na revolução cultural, a Finlândia recebia ajuda externa e a Europa estava começando a se recuperar da 2º Guerra Mundial, envolvida na crise da divisão da Alemanha.
Hoje, disse Cristovam, os jornais noticiam que a China cresce a taxas de 9% ao ano, graças ao consumo de sua classe média, e os Estados Unidos sofreram um rebaixamento na classificação de credibilidade na economia internacional.
- Isso seria inacreditável poucos anos atrás - afirmou.
O senador lembrou a "evolução do Brasil nessas notas", que subiu da segunda para a primeira categoria, embora nas últimas posições. Cristovam disse que é como se um time fosse da segunda para a primeira divisão, mas ficasse "na lanterna". De acordo com o senador, essa nota inspira preocupação no Brasil.
- Não aprendemos com as lições que são dadas todos os dias no mundo - lamentou.
Para o senador, o Brasil continua cometendo os mesmos erros de outras nações. Cristovam disse que a situação econômica da Grécia "é exemplo, e talvez esteja ensinando mais hoje do que no tempo dos filósofos clássicos". O parlamentar elogiou a estabilidade econômica desde o tempo da implantação do real, em 1994, mas disse que é preciso ver os "riscos que estão adiante". Cristovam alertou para o risco do endividamento das famílias e das empresas, principalmente aquelas que têm dívidas em moeda estrangeira.
- O real é forte, mas está caminhando em um terreno frágil. As mais fortes pernas afundam quando caminham no pântano - alertou.
Cristovam disse que as surpresas econômicas que o mundo produziu ao longo de 40 anos devem alertar o Brasil para o risco de surpresas negativas. Para ele, o país precisa aprender com essas surpresas e se assustar com o que "ocorre lá fora", para poder tirar as lições.
- O Senado tem responsabilidade para que o Brasil não seja pego de surpresa. A economia brasileira está bem, mas não vai bem - concluiu.
Em apartes, os senadores Alvaro Dias (PSDB-PR) e Pedro Simon (PMDB-RS) elogiaram o pronunciamento do colega. Já o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que o governo está atento às dificuldades da economia mundial e vem tomando as providências para manter a estabilidade do Brasil.
14/07/2011
Agência Senado
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