Cristovam Buarque critica falta de investimentos em ciência e tecnologia



Em pronunciamento nesta segunda-feira (24), o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) cobrou mais investimentos em ciência e tecnologia e disse que o Brasil tem desperdiçado recursos, além de investir de forma insuficiente e incorreta no setor.

Como exemplo, Cristovam citou a participação de satélites da China, França e Índia, entre outros países, na busca de um avião da Malásia desaparecido no mar há mais de quinze dias. Ele disse que a busca não contará com um satélite do Brasil porque o país não tem investido em ciência e tecnologia.

- E não vamos ter futuro, porque ciência e tecnologia não é só para encontrar restos de um avião, como outros países estão mostrando que conseguem. Ciência e tecnologia são a base de qualquer economia que queria estar sintonizada com o futuro. Nós não temos futuro se continuarmos produzindo bens primários e importando bens de alta tecnologia, e é o que acontece no Brasil - afirmou

Cristovam disse que o Brasil é um país que fabrica, não um país que cria, e que nos contentamos “com aquela coisinha ali embaixo de cada produto chamada Made in Brazil.

- Nós não temos capacidade para botar created in Brazil. Veja o caso dos automóveis, não tem um criado no Brasil. Todos têm nomes estrangeiros. Quando você compra um carro coreano, o nome é coreano, chinês é chinês. Temos talvez quase o maior número de telefones celulares no mundo, nenhum criado no Brasil. Somos um país que não está inventando – afirmou.

Cristovam disse que é preciso melhorar a qualidade do produto interno bruto (PIB), por meio da inovação dos produtos e da sustentabilidade, na qual o país “não está bem”, como indicam a atual redução na oferta de água e de energia.

- Não criamos um sistema resistente à seca, desperdiçamos, não entramos no clima de redução de energia, independentemente de apagões. Somos o país que melhor teria condições de usar energia solar e não estamos desenvolvendo isso porque os barrageiros dominam o setor de energia elétrica, querem produzir energia hidrelétrica, não conseguem se sintonizar com uma nova fonte de energia – afirmou.

Em seu pronunciamento, Cristovam citou o artigo “A aberração do troca-troca”, publicado no jornal Folha de S. Paulo do dia 18, em que a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, critica a substituição do ministro da Ciência e Tecnologia, o matemático Marco Antônio Raupp, no cargo havia dois anos.

- Não tem como dar um salto na ciência e tecnologia no Brasil se não criarmos uma cultura favorável à busca da inovação. Não adianta ter as melhores universidades do mundo se nossos empresários preferirem comprar técnicas estrangeiras em vez de investirem no desenvolvimento de tecnologias brasileiras, e o Raupp tentou fazer esse diálogo com o setor privado – afirmou.

No artigo, disse Cristovam, a presidente da SBPC observa que, desde a criação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), em março de 1985, como compromisso do governo de Tancredo Neves, assumido por José Sarney, a pasta foi utilizada como instrumento de barganha política em vários momentos.

Somente no governo Sarney, entre outubro de 1987 e março de 1989, foram cinco trocas de ministro, uma média de menos de cinco meses para cada um, informou Cristovam. No governo Fernando Collor, três titulares revezaram-se no ministério, entre março de 90 e outubro de 92.

- Quando se fala em ciência e tecnologia no mundo, quando se trata de novas invenções e novas descobertas, o Brasil não aparece. Não é só triste. É perigoso. É uma ameaça ao futuro do Brasil, é uma questão de segurança, de defesa nacional, que não estamos cuidando como deveríamos – afirmou.

Em apartes, o senador Ruben Figueiró (PSDB-MS) saudou o pronunciamento de Cristovam. Já o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) criticou o “modelo promíscuo da barganha permanente e da picaretagem política” na substituição de ministros, que não se dá em função da necessidade administrativa ou em razão da competência, eficiência, aptidão para o cargo e probidade.



24/03/2014

Agência Senado


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