Cristovam Buarque critica pressa nas votações da pauta prioritária



O senador Cristovam Buarque criticou nesta segunda-feira (8) a forma “teatral” com que, em sua opinião, têm ocorrido as votações da pauta prioritária do Senado, em resposta às reivindicações apresentadas nas manifestações populares das últimas semanas. Para ele, as recentes votações no Plenário foram apressadas, "de uma maneira tal que beiram a irresponsabilidade”.

Cristovam disse estar arrependido de ter votado a favor do projeto que destina os royalties do petróleo para a educação e a saúde (PLC 41/2013). Mesmo afirmando ser um grande defensor da proposta, ele avaliou que o projeto não foi votado de forma séria. Ele destacou a falta de avaliação sobre a qualidade das reservas de petróleo e sobre a real possibilidade de se explorar petróleo tão profundo, o preço deste petróleo no futuro e o prazo para que esses royalties efetivamente sejam repassados.

- Nós votamos criando uma falsa impressão de que a educação no Brasil está resolvida porque virá o dinheiro do pré-sal – lamentou o parlamentar, lembrando que a forma como esse dinheiro dos royalties será usado também não foi discutida.

Outra aprovação de projeto criticada pelo senador foi o que transforma corrupção em crime hediondo (PLS 204/2011). Segundo ele, a proposta não deixa claro como a punição será colocada em prática, o que cria o risco de a lei se tornar mais uma das que "não pegam" no país.

Sobre o passe livre estudantil (PLS 248/2013), que consta da pauta de votações do Plenário, o senador afirmou ser favorável à medida, mas contrário à proposta de se retirar recurso dos royalties destinados à educação. Em sua avaliação, o dinheiro do petróleo deve ir para a educação propriamente dita, como o pagamento do salário dos professores. Para Cristovam, passe livre é uma questão de transporte, e não exatamente de educação.

Na avaliação do senador, nem a proposta que exige ficha limpa para ingresso no serviço público (PEC 6/2012) foi bem discutida, já que as definições de ficha limpa e ficha suja não teria sido bem especificadas.

- Essas são votações teatrais, e eu confesso que não me sinto nem um pouquinho à vontade de participar de teatro. Eu vim aqui para fazer política, tomar decisões com base em informações, olhando, no longo prazo, o país, e não o imediato para dar satisfações.Votarmos leis que são simpáticas, mas de forma apressada que não serão cumpridas e que o povo se acalma hoje, mas quando votar, volta com a desconfiança muito maior do que aquela que tem hoje. Não é responsável politicamente votar apressadas as coisas – argumentou.

Plebiscito

Cristovam também afirmou que a proposta de um plebiscito sobre a reforma política, defendida pela presidente Dilma Rousseff, merece uma análise mais cuidadosa. O senador defendeu perguntas sobre temas que tenham sido explicados de forma clara para a população antes da votação. Segundo ele, do contrário, o plebiscito fará parte do teatro.



08/07/2013

Agência Senado


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