Cristovam diz que a mentira é tão grave quanto outras formas de corrupção



O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) chamou atenção para um problema que, a seu ver, é mais grave que o mensalão ou às demais denúncias que ocuparam o noticiário nos últimos meses: a mentira na política, que, em sua avaliação, pode ser comparada com a apropriação do dinheiro público. Ele expressou seu temor de que a mentira tantas vezes repetida crie no imaginário popular, sobretudo entre os mais jovens, a idéia de que a mentira é a regra a ser seguida por todos os políticos.

Algumas mentiras repetidas recentemente foram lembradas por Cristovam Buarque, como a de que não existiu o mensalão e a de que os milhares de dólares carregados na cueca do assessor do deputado estadual José Nobre Guimarães (PT-CE), irmão do ex-presidente nacional do PT, José Genoíno, seriam utilizados na abertura de um negócio. Ele também citou a mentira dita pelo ex-secretário do PT, Silvio Pereira, de que não tinha recebido de presente um veículo Land Rover dado por um empresário que mantinha negócios com a Petrobras.

- Infelizmente não tratamos a mentira como uma grave forma de corrupção política. Só que esse tipo de corrupção psicológica, a mentira, degrada o sistema político brasileiro e desagrega a confiança até no próprio presidente Lula, sobre quem todas estas mentiras giram em torno - afirmou Cristovam Buarque.

Na avaliação do senador pelo Distrito Federal, também é corrupção prometer algo que não será feito ou dizer que se fez o que na verdade não foi feito. Para Cristovam, também é corrupção aumentar o tamanho de uma realização. Ele citou como exemplo o programa bolsa-família, que é divulgado pelo governo federal como "emancipador da realidade do povo brasileiro".

Em aparte, o senador Mão Santa (PMDB-PI) disse que, ao ler uma biografia do ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, constatou que aquele político norte-americano também tinha pessoas cadastradas para receber bolsas do Estado, mas elas, em contrapartida, participavam de cursos de profissionalização e eram inseridas no mercado de trabalho.

_ Não é como está sendo feito no Brasil, onde as bolsas são distribuídas com o único fim de garantir a reeleição do presidente Lula - comparou Mão Santa.

10/04/2006

Agência Senado


Artigos Relacionados


Saúde alerta que dengue tipo 4 não é mais grave que as outras formas da doença

Tasso diz que governo valoriza cultura da mentira e da corrupção e não do trabalho

Para secretário, escravidão urbana é tão grave quanto no meio rural

Submissão do Congresso é mais grave que 'deselegância' nos embates, avalia Cristovam

Cristovam sugere comissão para estudar formas de tirar Senado de descrédito e desmoralização

Cristovam: Guerra no Rio está escondendo outras guerras que o país enfrenta