Cristovam diz que Senado não pode esperar reações externas para mudar



Ao discursar nesta segunda-feira (10), o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou que o Senado Federal não pode esperar pelas reações da população e da sociedade civil organizada para promover as transformações necessárias para recuperar sua credibilidade. Ele conclamou seus colegas a tomarem a dianteira na moralização da Casa.

- Nós precisamos correr para tentarmos recuperar a credibilidade e não sermos atropelados pelo movimento de massa neste país. O povo não avisa quando acorda; ele está dormindo, como vem dormindo e, de repente, dá um grito, como um vulcão, e passa por cima das instituições - alertou.

Para Cristovam, o Senado poderia começar sua transformação com o afastamento de José Sarney da Presidência da Casa, o que daria oportunidade para os senadores "mergulharem fundo" nos problemas da instituição, buscando resolvê-los.

- Eu defendo o afastamento do presidente Sarney, mas a culpa de tudo isso não é dele, não. E, na hora em que ele se afastar, isto aqui não vai ficar uma maravilha logo, não. Mas vai dar condições para que nós comecemos a trabalhar antes que o povo passe por cima de nós - disse.

Cristovam sugeriu algumas mudanças que poderiam aperfeiçoar o Senado: a redução do número de senadores de três para dois por estado; a diminuição do mandato de senador de oito para quatro anos; a proibição de reeleição mais de uma vez (para qualquer cargo eletivo) e a exigência de o senador ter de renunciar se for ocupar cargo no Poder Executivo.

- Não poder fazer, como eu fiz, que tirei licença do cargo de senador para ser ministro; isso tem que acabar. Porque isso deixa o Senado nas mãos do Poder Executivo. O Poder Executivo é dono de algumas cadeiras, mandando de volta para cá, quando quiser, o ministro, e tirando, portanto, um suplente que o incomodar - disse.

O senador anunciou que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) realizará na sua sede em Brasília, na quinta-feira (13) às 10h, manifestação "pela ética no Senado".

- Eu desejo que nós, aqui dentro, encontremos a saída para que não seja necessário que a sociedade civil se mobilize contra nós, contra o Poder Legislativo. A mobilização popular significa o fracasso do sistema legislativo. Contra o Poder Executivo é simples: substitui-se a pessoa; contra o Poder Legislativo não é simples, porque é a perda da legitimidade daqueles que representam o povo - alertou Cristovam.

Em aparte, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse também acreditar que o Senado "está ameaçado pela indignação do país".

Marina Silva

Cristovam demonstrou otimismo com a possibilidade de a senadora Marina Silva (AC) sair do PT e ingressar no PV para uma possível candidatura à Presidência da República. Para ele, trata-se de uma "esperança nova".

- Isso reacendeu minhas esperanças. Esperança de que mais alguém vai carregar a bandeira de alguma utopia. Porque as candidaturas que nós temos aí são candidaturas exatamente iguais - disse.



10/08/2009

Agência Senado


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