VALADARES: FERNANDO HENRIQUE NÃO PODE ESPERAR ELEIÇÃO PARA MUDAR ECONOMIA
O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) disse hoje (dia 23) que o presidenteFernando Henrique Cardoso não pode esperar as eleições de 1998 para fazer uma correção de rumos na política econômica. "Quem governa só pensando na reeleição, adiando medidas que devem com urgência ser implantadas, está prejudicando Brasil", afirmou.
Ele comentou estudo do banco americano JP Morgan, segundo o qual o "buraco" das contas externas brasileiras é insustentávela longo prazo, e o Brasil precisaria crescer 17,5% ao ano para manter estável o atual desequilíbrio externo, o que, segundo aquela instituição, "é obviamente impossível". O estudo foi divulgado parcialmente pelo jornalista Celso Pinto, em sua coluna na Folha de S. Paulo, na última sexta-feira.
Na opinião de Antonio Carlos Valadares, o governo não pode simplesmente achar que resolverá o problema promovendo uma desvalorização cambial, como fizeram há poucos dias três países asiáticos. A seu ver, "o vôo cego do câmbio pode criar, momentaneamente, a ficção de uma moeda forte para atrair o capital estrangeiro, mas não resolve os problemas da fome e do desemprego que grassam nos lares brasileiros".
- Acumulando nos últimos 12 meses um desempenho negativo na balança comercial e de serviço superior a US$ 32 bilhões, o Brasil, que adotou a âncora cambial como medida principal de seus ajustes econômicos, só fez crescer entre os investidores a desconfiança e o nervosismo - afirmou.
Antonio Carlos Valadares disse que o risco para o Brasil é maior "porque está provado que nenhuma moeda que seja sustentada em bases fictícias ou artificiais pode ficar eternamente imune ao ataque especulativo, mesmo que seja a de um país que possua em dado momento um lastro de reservas monetárias elevado", como é o caso brasileiro.
O senador assinalou que, "para estancar em nível interno a onda de protestos que já se tornou explícita", o governo será obrigado a rever a sua política de represamento ou de contenção do crescimento econômico, numa tentativa inadiável de alcançar índices mais elevados de desenvolvimento e estímulo ao surgimento de novos empregos.23/07/1997
Agência Senado
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