Cristovam: falta de perspectiva da população é pior que queda no PIB



Referindo-se, nesta sexta-feira (12), à queda de 0,2% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o pior resultado desde 1992, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que mais grave que isso é a falta de perspectiva da população. Para o parlamentar, mesmo que o PIB tivesse crescido, isso não significaria distribuição de renda, até por que o crescimento econômico verificado nos últimos anos no país não tem sido distribuído. Em sua opinião, isso confirma que um país pode crescer sem melhorar.

- É um crescimento para poucos. O PIB só deveria ser comemorado quando a gente pudesse, junto a ele, vir como se distribuem os produtos que ele tem, porque o PIB é nada mais do que a soma dos produtinhos de cada unidade produtiva: a pequena fazenda ou a fazenda grande; a pequena oficina ou uma oficina grande. Somam-se todos os produtos, somam-se todas as rendas das pessoas - salários, lucros -, e aí dá o que o país produziu. Isso não basta para saber se esse produto melhorou ou não o Brasil.

O senador enfatizou a constatação de que o Brasil cresceu sem melhorar. Em sua análise, o país não melhorou porque, paralelamente a seu crescimento econômico, cresceu a violência, a desigualdade e a destruição do meio ambiente. No entender de Cristovam, se há uma crise no fato de o PIB não crescer, há uma crise mais séria no tipo de crescimento verificado hoje, porque é mínima a distribuição de renda.

- Estamos fazendo um crescimento que não é sintonizado com o futuro, um crescimento baseado na produção de automóveis e não na melhoria do transporte. Uma coisa é aumentar a produção de automóveis, outra coisa é melhorar o transporte. O crescimento com base na produção de mais carros não basta para trazer satisfação e alegria. O que se quer não é ter um carro. O que se quer é ir depressa de casa para o trabalho e do trabalho para casa; da casa para a diversão e da casa para visitar amigos, parentes e familiares.

No mesmo discurso, Cristovam louvou a publicação lançada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade, que escolheu como tema para a reflexão Economia e Vida.



12/03/2010

Agência Senado


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