Cristovam critica falta de atenção do Congresso para graves problemas que afetam a população



O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) lamentou o fato de o Congresso passar a semana discutindo apenas temas como o uso irregular de cartões corporativo enquanto, no mesmo período, diversas "maldades" foram cometidas contra crianças. Em discurso na sessão plenária desta sexta-feira (4), o parlamentar cobrou um compromisso do governo e da oposição com o país.

- Fica aqui a minha mistura de angústia e diversão ao ler os jornais hoje e ver que nós estamos tristemente presos numa armadilha e, divertidamente, vendo que a armadilha prende a oposição e a situação, os dois prisioneiros dessa falta de compromisso, de visão com o longo prazo e com o conjunto do país - declarou.

Cristovam Buarque lamentou que as tragédias que vêm ocorrendo no país não chamem a atenção dos parlamentares, que "gastam toda a energia debatendo se a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, deve ou não deve vir ao Congresso".

- Em uma cidade, uma criança é jogada pela janela; na outra, uma criança é acorrentada; na outra, uma adolescente fica presa com bandidos; na outra, há crianças morrendo de dengue; na outra, há catorze milhões sem escola... São as manchetes do dia. E onde estão as crianças aqui no nosso debate? Não entram - disse.

Para Cristovam, o país precisaria discutir temas como matriz energética, epidemias de dengue e a questão do grande aumento do número de automóveis que vem saturando ruas de todo o país.

- Vamos supor que a oposição consiga trazer a ministra Dilma, mas, daqui a dez anos quem vai falar nisso? Daqui a dez anos o que fica disto? Nada - disse.

Na opinião do senador, a crise atual "dá a impressão de que estamos ciscando aqui dentro, uns contra os outros e nenhum saindo do lugar". Cristovam acredita que, dessa forma, perdem a oposição, a situação, o Brasil. Para Cristovam, os parlamentares precisam investir no debate ideológico e pensar no futuro do Brasil.

O parlamentar avaliou que a falta de debate deixou o país na armadilha do "ramerrame, do ciscar, da tapioca" e não "em algum fato formidável que possa mudar o rumo do Brasil". Cristovam lembrou que já houve os anos dourados; os da reforma; os de chumbo, também chamados de os anos do milagre; os da redemocratização e disse temer que os dias atuais fiquem conhecidos como "os anos da tapioca".

Em aparte, o senador Mão Santa (PMDB-PI) elogiou o discurso de Cristovam e afirmou que o papel dos parlamentares precisa ser o de advertir quando algo está errado.

04/04/2008

Agência Senado


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