Cristovam lamenta posições assumidas pelo Brasil na cúpula do G8



"Não dá para o presidente Lula continuar achando que pelos próximos 30 ou 50 anos a gente concentrará a renda para vender mais carros e distribuir bolsa-família para calar os esfomeados". A advertência foi feita pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF) que, da tribuna do Plenário, opinou que da mesma forma que ele sente orgulho em ver o presidente brasileiro se destacando entre as principais autoridades do mundo, sente uma frustração profunda ao vê-lo defender posições incompatíveis com o futuro.

O senador lamentou a posição assumida pelo presidente brasileiro na reunião da cúpula anual do G8, em Áquila, na Itália, a respeito de cortes na emissão de gases visando combater o aquecimento global. Cristovam argumentou que enquanto o presidente norte-americano, Barack Obama, e chefes de Estado e de governo europeus assumem compromissos em relação à emissão de gases que provocam o efeito estufa, Lula, junto com os primeiros-ministros da China e da Índia, segue em direção contrária.

- Isso tem duas gravidades muito grandes. A primeira é que, como chefe de governo brasileiro, percebe-se que ele defende um modelo incompatível com o futuro, que tende ao fracasso a médio e longo prazo. E a segunda é que, ao ouvir o presidente Lula dizer que o importante é queimar mais combustível fóssil, com o carisma que ele tem, muitos vão levar em conta essa posição equivocada - lamentou Cristovam Buarque.

A continuação da economia baseada na indústria mecânica, na avaliação de Cristovam, está fadada ao fracasso. Ele argumentou que o futuro está no desenvolvimento de uma indústria baseada no conhecimento. A seu ver, o presidente Lula deveria, na sua posição de líder e de estadista, se perguntar se o Brasil deve continuar insistindo na emissão de dióxido de carbono ou "pisar no freio e desviar de direção".

Cristovam Buarque rechaçou o argumento utilizado pelos chefes de governo e de Estado do Brasil, da Índia e da China de que os países ricos já chegaram onde queriam e por isso querem reduzir a emissão de gases, diferente dos três países. O senador observou que os números mostram que é impossível caber outro país com o nível de consumo dos Estados Unidos no mundo.

- Faço um apelo ao presidente: pense um pouco mais no futuro do Brasil depois do seu mandato. Pense um pouco mais na necessidade de reorientação que nós tanto esperamos do seu governo, do PT, dos outros partidos que formam o governo. E use a força que o senhor adquiriu, graças a sua competência, ao seu carisma, para tentar mudar o mundo e não acelerar o mundo em direção ao desastre que todos já vemos - declarou Cristovam.

CPI da Petrobras

Outro assunto abordado pelo senador foi a CPI da Petrobras. Cristovam defendeu a interrupção do recesso parlamentar, se necessário, para que a comissão parlamentar de inquérito seja instalada e as investigações comecem. Ele lembrou que chegou a retirar sua assinatura do requerimento de criação da CPI por acreditar que o presidente da empresa, Sérgio Gabrielli, poderia, ao depor no Congresso (como foi acertado entre governistas e oposicionistas), esclarecer as denúncias até então levantadas ou oferecer argumentos para o início imediato das apurações.

- Agora sou defensor ferrenho de que esta CPI comece o mais depressa possível - e mais que isso - que ela vá fundo. Se ela não for fundo, vai parecer que houve algum acordo relacionado à crise que o Senado vive e a CPI. Que o governo teria cedido em troca de blindar o presidente Sarney - explicou Cristovam.



09/07/2009

Agência Senado


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