Cristovam propõe aprimoramento de reforma universitária



O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defendeu na sexta-feira (9), em Plenário, o aprimoramento do projeto de reforma universitária anunciado pelo governo. Em sua avaliação, as alterações precisam levar em conta mudanças estruturais no padrão de ensino superior, e não se limitarem apenas ao repasse de mais verbas para o setor.

- Houve um tempo em que o capital era físico, como as máquinas e os equipamentos de produção. O tempo mudou. O que faz hoje um país ser forte é a capacidade de gerar conhecimento e saber. A universidade tem que deixar de ter uma estrutura mantida há mais de mil anos. É preciso fundar novamente a universidade - disse o senador pelo PDT do Distrito Federal.

De acordo com Cristovam, as mudanças estruturais da universidade devem começar pelo aperfeiçoamento do ensino fundamental. Segundo o senador, apenas um terço dos estudantes do ensino básico conclui o ensino médio, sendo que apenas um sexto desses jovens manifesta interesse em cursar a universidade.

- O problema não é só a falta de recursos. Trata-se de uma percepção equivocada mudar a universidade sem mudar o ensino básico. Não se reforma o topo de um edifício sem reformar os seus alicerces. A reforma universitária precisa fazer uma reforma radical no ensino básico. Se a reforma estiver limitada à universidade será um fracasso - avaliou.

Cristovam afirmou ainda que a responsabilidade pelo ensino básico não pode ficar limitada aos municípios brasileiros. O compromisso com a educação infantil, segundo ele, também precisa ser compartilhado pelos próprios pais e professores.

- A educação precisa ser um compromisso do Brasil, e não apenas ser entregue a municípios pobres que não a levam adiante. As cento e sessenta mil escolas públicas não precisam ser dos municípios, elas podem ser dos pais e mestres e ainda assim serem públicas - disse o senador.

Em seu discurso, Cristovam apontou ainda a passividade e o acomodamento dos profissionais da educação em discutir alterações para o aprimoramento do ensino. O senadorconclamou a imprensa e os parlamentares a ampliarem o debate sobre o projeto de reforma universitária.

- A gente poderia ter mais tempo para discutir o projeto, que precisa ser aperfeiçoado por esta Casa. Agora vamos concorrer com a Copa e, a partir de julho, com as eleições. Mas espero discutir o assunto no próximo ano, pois o futuro do Brasil passa pela educação. A reforma não vai funcionar se for apenas um jeitinho para garantir mais recursos às universidades - concluiu Cristovam.

Em aparte, o senador Edison Lobão (PFL-MA) manifestou apoio aos argumentos de Cristovam.



09/06/2006

Agência Senado


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