Cuidados adequados podem reduzir índice de mortes de recém-nascidos



São considerados fatores de risco baixo peso do bebê e realização de menos de seis exames pré-natais

Estudo realizado em 54 maternidades públicas e privadas da zona sul de São Paulo indicou que parte considerável dos recém-nascidos, principalmente os que apresentam problemas graves, não recebe todos os cuidados assistenciais necessários. Esses cuidados – divididos em etapas que abrangem manejo e reanimação, destino (berçário utilizado), realização de exames e procedimentos terapêuticos – variam conforme a condição clínica apresentada pelo bebê, e em muitos casos podem evitar a mortalidade precoce.

A pesquisa é resultado de parceria interinstitucional (em curso desde 1999) entre a Faculdade de Saúde Pública (FSP), a Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP) e a London School of Hygiene and Tropical Medicine.

A médica Norma Suely de Almeida Araújo, responsável pela análise da assistência aos recém-nascidos, realizou a pesquisa. O objetivo era analisar os fatores de risco da mortalidade perinatal, que abrange os óbitos dos nascidos mortos (a partir da 20ª semana de gravidez) e dos nascidos vivos, ocorridos até o sétimo dia de vida. “Procuramos realizar um estudo que pudesse contribuir para explorar as articulações específicas entre diversas categorias, considerando como variáveis as características socioeconômicas e obstétricas das mães, dos serviços de saúde e dos recém-nascidos”, explica.

Resultados – Foram investigados prontuários de 106 bebês que morreram e de 312 que sobreviveram, sendo excluídos do estudo apenas os que nasceram com alguma malformação congênita incompatível com a vida, como anencefalia, por exemplo. Dentre os bebês que sobreviveram, 97% tiveram cuidados considerados adequados para seu estado, enquanto 70% dos que morreram haviam sido assistidos corretamente.

Foi realizado também um estudo relativo aos 195 bebês que nasceram com menos de um quilo e meio. “São considerados fatores de risco o baixo peso do bebê, a idade gestacional menor que 37 semanas, baixa escolaridade materna e realização de menos de seis exames pré-natais”, informa a pesquisadora.

Os resultados indicaram que 65% dos que morreram tiveram os cuidados adequados, contra 81% dos que sobreviveram. “Fica claro que uma assistência adequada – principalmente em casos considerados graves – aumenta as chances de sobrevivência”, conclui a pesquisadora.

As conclusões da pesquisa estão expostas na tese de doutorado O papel da assistência hospitalar ao recém-nascido na mortalidade neonatal precoce na região sul do município de São Paulo: estudo caso-controle, que contou com a orientação da professora Hillegonda Maria Dutilh Novaes e foi defendida por Norma em 2007 na Faculdade de Medicina.

SERVIÇO

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Luiza Caíres, da Agência USP

(M.C.)



10/11/2008


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