Debate sobre controle de capitais deve ser pragmático, diz diretor do FMI



Para reduzir os fluxos de capitais, as economias emergentes dispõem de cinco ferramentas: política monetária, política fiscal, acúmulo de reservas, controle de capitais e medidas macroprudenciais. Quanto ao uso dessas ferramentas, em que momento, e se serão adotadas simultaneamente ou em partes, depende das particularidades e necessidade de cada País.

Esta foi uma das conclusões da conferência “Administrando fluxos de capitais em mercados emergentes’’, que reuniu no Rio de Janeiro, durante dois dias, acadêmicos, economistas e representantes dos governos do Brasil, Chile, Colômbia, Argentina, África do Sul, Índia, Turquia, Tailândia e Estados Unidos.

Segundo o economista-chefe e diretor do Departamento de Pesquisa do FMI, Olivier Blanchard, o grupo concluiu também que a discussão sobre o tema controle de capitais deve ser técnica e pragmática ao invés de política ou ideológica. “Estamos hoje na curva do aprendizado. Para usar essas ferramentas que não foram usadas no passado e novas ferramentas é preciso abrir a cabeça” afirmou em coletiva à imprensa realizada ao final da conferência, no Caesar Park Hotel.

Segundo o diretor, o seminário não foi conclusivo e os países têm dever de casa a fazer. Ele afirmou que não há consenso sobre benefícios ou malefícios dos fluxos de capitais. “Alguns países querem fluxos outros não”, resumiu Blanchard.

“Meu ponto de vista é que o fluxo pode ser bom, com os investimentos estrangeiros diretos, ou ruim, com os investimentos de curto prazo. A maioria dos países não querem fluxo ruim, mas esse fluxo vai para outros mercados”, acrescentou.

O secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Carlos Márcio Cozendey, que abriu a entrevista coletiva, ponderou que na questão do fluxo deve-se observar o seu grau de evidência . “Temos que verificar se os fluxos são globais ou para um só país”.

Segundo ele, o mundo está em transição. “Não há receitas claras ou fórmulas para soluções. A discussão foi rica, mas inconclusiva”, disse Cozendey acerca do seminário. O secretário acrescentou que os países emergentes que adotaram medidas para conter o fluxo as consideraram bem sucedidas.

Quanto ao impacto de medidas sobre controle de capitais entre países vizinhos, questão levantada pelos jornalistas, o diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, Nicolas Eyzaguirre, disse não haver certeza entre os emergentes até que ponto o fluxo é permanente ou transitório ou se é causado por políticas de outros países.

Ele acrescentou que uma possível coordenação de ações afetaria a maneira com a qual os países controlam seus fluxos de capitais ou exportam os seus fluxos negativos. “Não é uma coisa fácil. Não é uma doutrina clara”, afirmou Eyzaguirre.

Questionado sobre a sugestão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que todos os países adotassem o câmbio flutuante, o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, disse que em termos gerais, para a maioria das economias, o desejável seria a flutuação gerenciada, ou seja, utilizando reservas e controle de capitais. “Mas alguns países não chegaram lá”.

Carlos Cozendey acrescentou que é preciso refazer a regulação do sistema monetário internacional desfeita nos anos 70. Essa regulação também foi defendida por Mantega ontem, no discurso de abertura do seminário.

O secretário disse que a conferência realizada no Rio pela Fazenda e pelo FMI faz parte de um conjunto de atividades que visam discutir fluxo de capitais. No final de junho, o Banco Central coordenará um novo debate sobre o tema.


Fonte:
Ministério da Fazenda



30/05/2011 18:11


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