FLUXO DE CAPITAIS NO PAÍS EXIGE MAIS CONTROLE, ALERTA ODACIR



O senador Odacir Soares (PTB-RO) criticou o "controle frouxo ou mesmo a falta de controle sobre a entrada e saída de capitais especulativos no país", alertando para os problemas decorrentes da excessiva entrada de capitais "voláteis", como a sobrevalorização do câmbio, o desequilíbrio do balanço de pagamentos e os riscos inflacionários resultantes do aumento da liquidez interna.

Depois de criticar a liberdade de circulação de capitais especulativos na economia brasileira, e a contestação dessas teses pelo diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Demósthenes Madureira de Pinho, o parlamentar de Rondônia observou que "não há consenso quanto à liberdade que os países devem conceder aos fluxos de capital". Odacir constatou que a velocidade com que os investidores podem tomar decisões atualmente, em uma época de telemática e informação instantânea, torna a mobilidade dos capitais muito grande e seu controle muito difícil:

- O que não podemos é deixar nosso país à mercê desses corsários modernos - destacou.

No entender do senador, ao contrário do que apregoam "os arautos muito entusiasmados da globalização, não existe qualquer consenso entre as autoridades do capitalismo mundial quanto à liberdade que os países, individualmente, devem permitir aos fluxos internacionais de capital". Até mesmo organismos que pregam a liberdade econômica, acrescentou Odacir Soares, como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial (Bird), debatem internamente essa questão e admitem graus variados de controle por parte dos países.

O senador observou que, nos recentes casos de turbulência econômica generalizada, "os países que mantinham algum controle sobre os fluxos externos de capitais foram mais bem sucedidos em evitar danos causados pela fuga nervosa dos investidores especulativos". E o exemplo mais notável, enfatizou o senador, foi o caso do Chile, que conseguiu "moldar com sucesso o perfil dos recursos que entram naquele país". Segundo Odacir, as regras estabelecidas pelo Banco Central chileno induzem o ingresso de capitais de longo prazo, voltados para investimentos na capacidade produtiva do país, ao contrário do Brasil.



24/06/1998

Agência Senado


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