DEBATE SOBRE TRANSGÊNICOS.DOMINA SEMINÁRIO NO SENADO



No primeiro dia do seminário Clonagem e Transgênicos: Impactos e Perspectivas, nesta terça-feira (dia 8), estabeleceu-se uma polêmica com relação à necessidade ou não de um estudo maior sobre as sementes alteradas geneticamente. A questão dos transgênicos ocupou a maior parte dos debates nos três grupos de trabalho que se reuniram à tarde no Auditório Petrônio Portella, do Senado. No grupo de trabalho que ficou com a responsabilidade de estudar o tema Biotecnologia X Meio Ambiente, o diretor do Programa Nacional de Biodiversidade e Recursos Genéticos do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias, defendeu a necessidade de maior cautela na introdução do uso das sementes alteradas geneticamente. Ele justificou que desta forma se evitarão prejuízos ao meio ambiente, sobretudo danos irreversíveis. Já a engenheira agrônoma e pesquisadora da Embrapa, Eliana Gouveia Fontes, cobrou a liberação de mais verbas para que os estudos sobre os transgênicos possam ser viabilizados e intensificados. Ela também condicionou a necessidade de uma melhor distribuição de renda e uma menor desigualdade social para que algumas regiões do Brasil possam alcançar o desenvolvimento sustentável.Um dos debatedores do tema Biotecnologia: Educação, Ciência e Tecnologia, Paula Strah, do Centro de Desenvolvimento Sustentado da Universidade de Brasília, opinou que o debate sobre as sementes alteradas geneticamente deve ser colocado como meio de desenvolvimento e não como um fim em si mesmo. Ela sugeriu que a questão dos transgênicos não fosse tratada como um fato consumado, onde só restariam para o debate questões operacionais.No mesmo grupo de trabalho, o jornalista e ex-secretário de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Distrito Federal, Washington Novaes, afirmou que considera indispensável que o debate sobre os transgênicos chegue à sociedade. Para isso ele sugeriu que o governo utilize a rede pública de emissoras de televisão. Ao final de sua intervenção, ele disse não ser contra nem a favor dos produtos geneticamente alterados, mas completou que a cautela seria a posição mais adequada para o momento.Falando em nome da Organização das Cooperativas Brasileiras, Ivo Carraro disse que os agricultores não podem perder competitividade, sob pena de ficarem defasados tecnologicamente. Ele explicou que, apesar de defender o plantio da soja transgênica, não concorda que todas as culturas sejam liberadas para ter suas sementes geneticamente alteradas. "Cada evento tem suas particularidades", justificou.Também favorável à alteração genética das sementes de soja, o secretário executivo da Associação Brasileira de Produtores de Sementes, João Henrique Hummel, observou que os avanços tecnológicos no setor agrícola buscam não só o aumento da produtividade e do lucro, mas o barateamento dos custos. "Isto significa produtos mais baratos para a população".

08/06/1999

Agência Senado


Artigos Relacionados


Uso de medidas provisórias domina debate em seminário internacional sobre os 20 anos da Constituição

Uso de máscaras em manifestações domina debate no Senado

Autonomia dos estados domina debate sobre MP dos Portos

SEMINÁRIO NO SENADO DEBATERÁ.CLONAGEM E TRANSGÊNICOS

SEMINÁRIO SOBRE CLONAGEM E TRANSGÊNICOS É ENCERRADO

QUINTANILHA ABRE SEMINÁRIO SOBRE PRODUTOS TRANSGÊNICOS