Decisão sobre Donadon foi 'desastre político', diz Mário Couto



Em pronunciamento nesta terça-feira (3), o senador Mário Couto (PSDB-PA) considerou um “desastre político” a decisão tomada pela Câmara, na semana passada, de manter o mandato do deputado Natan Donadon (sem partido-RO). A deliberação foi suspensa por liminar concedida pelo ministro Luís Roberto Barroso em virtude da apresentação de mandado de segurança que questionou a validade da sessão.

– Jamais na história do Brasil e da Câmara se viu um fato tão desgastante para os políticos. Isso é o resultado de uma trama que o governo impõe no Legislativo. Os deputados e senadores são guiados e comandados pela presidenta Dilma – afirmou.

Mário Couto observou que 131 deputados federais votaram pela “manutenção de um presidiário perigoso, um criminoso já com 60 dias na cadeia”, enquanto 50 deputados se abstiveram e 41 deputados não votaram. Segundo o ele, "a maioria desses parlamentares é petista, toda a base do governo, aqueles que se acovardaram diante de uma combinação que existe e que alguns receiam em falar”.

– Conservar o mandato de um homem que está preso porque cometeu atos de corrupção! Olhem em que país nós estamos, olhem que governo nós temos hoje. Dia 7 de setembro vai haver uma convulsão neste país, mas é por isso, brasileiros: ninguém aguenta mais a safadeza e a desmoralização – protestou.

Natan Donadon teve os direitos políticos cassados pelo STF e já cumpre a pena de 13 anos de prisão em regime fechado, no presídio da Papuda, no Distrito Federal, por peculato e formação de quadrilha, no caso de desvio de mais de R$ 8 milhões da Assembléia Legislativa de Rondônia.

Mesmo assim, sua situação foi analisada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara – que votou pela cassação – e levada ao Plenário. Com a decisão dos deputados, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, reconheceu a impossibilidade de Donadon exercer o mandato e convocou o suplente para o assumir o cargo.

Para o senador Mário Couto, o país virou de cabeça para baixo.

– Eu nunca esperava ver isso na minha vida. Palhaçada eu já vi muita, mas isso está acima da palhaçada – afirmou.

Mário Couto registrou voto de congratulação ao líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), por ter apresentado mandado de segurança junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para anular a votação que, segundo ele foi "comandada por alguém que com certeza é do governo, que mandou fazer a desmoralização dos políticos".

– São milhões e milhões e milhões de emendas [parlamentares], eles não podem votar contra o governo. Nesse país o dinheiro serve para desonrar, isso [a votação da Câmara] é uma prova autêntica disso – afirmou.

Mário Couto ainda afirmou que o voto secreto é uma “vergonha nacional” e cobrou atenção do eleitorado brasileiro.

– Conheçam mais as pessoas em quem votam. O Parlamento precisa mudar, o povo brasileiro não acredita em ninguém que seja político. Vamos mudar essa pátria. Vejam no computador o nome dos bandidos que traem a pátria – concluiu.



03/09/2013

Agência Senado


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