Definição de novas regras para atualização de dívidas dos estados fica para quarta




Aloysio Nunes e Eduardo Braga conversam antes da confirmação do adiamento

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Diversos senadores criticaram nesta terça-feira (4) o adiamento da discussão e votação do PLC 99/2013, que muda o indexador da dívida dos estados e municípios. O exame da matéria, já aprovada pela Câmara dos Deputados, constava da pauta do Plenário, mas o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que se encontrava na presidência dos trabalhos, anunciou o adiamento para esta quarta (5), provocando protestos da oposição.

Senadores chegaram a cobrar a apresentação de requerimento para deliberar sobre o adiamento da votação, conforme prevê o Regimento Interno da Casa, mas no final cederam ao apelo do líder do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM). O governo não considera o momento adequado para a definição das novas regras de atualização das dívidas.

Braga observou que, em razão de visita de governadores ao Senado para tratar do assunto, os líderes partidários não tiveram tempo de se reunir com o presidente Renan Calheiros para a definição da pauta de votações das próximas sessões.

A oposição, no entanto, lembrou acordo com o governo, em dezembro de 2013, segundo o qual o projeto, à época aprovado por unanimidade nas Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), seria votado na primeira sessão deliberativa do Senado, que retomou seus trabalhos na segunda-feira (3). O projeto é relatado pelo senador Luiz Henrique (PMDB-SC).

Debate

Para o José Agripino (DEM-RN), o adiamento da votação é prejudicial a todos os estados brasileiros. Ele defendeu a aprovação sem emendas do projeto, de autoria do próprio Executivo, e disse que os estados “desejam apenas sobreviver”, uma vez que, com a retenção de recursos para o pagamento da dívida, não sobra dinheiro para investimentos em infraestrutura e segurança.

Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) disse que o adiamento deveria ser discutido com todos os parlamentares, e não apenas com as lideranças partidárias, que estariam em entendimento com os governadores para deliberar sobre o projeto.

Ana Amélia (PP-RS), que também ressaltou a urgência dos estados endividados, cobrou o cumprimento do acordo e disse que se sentia enganada com o adiamento da votação.

Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) observou que os estados brasileiros foram sacrificados nas últimas décadas, “alguns beirando a inviabilidade econômica, fruto de distorções nos contratos de financiamento da dívida pública, com a adoção de fatores de correção extorsivos”.

Com a adiamento, afirmou, o governo poderá ganhar tempo para editar medida provisória sobre matéria em deliberação no Plenário, o que classificou como “velha prática dos coronéis do Nordeste para que todos venham comer na mão do governo”.

'Dívida absurda'

Na avaliação de Benedito de Lira (PP-AL), a dívida dos estados é “absurda”. Segundo ele, de janeiro de 2007 a dezembro de 2013, o governo reteve R$ 5 bilhões dos recursos de Alagoas para pagamento de juros.

Flexa Ribeiro (PSDB-PA) disse que o débito dos estados “nunca chega ao final”, e que todas as unidades da Federação já pagaram bem mais do que deviam, embora hoje devam "duas ou três vezes a divida inicial”.

Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) comentou que o projeto ainda é insuficiente para a "agiotagem escancarada e explícita" que a União promove contra os estados.

A votação imediata do PLC 99/2013 também foi defendida pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que preside a CAE e reiterou o acordo mantido com o governo durante a votação da proposta na comissão, no final de 2013. Segundo ele, o acordo atual da dívida dos estados tem cláusulas “draconianas”.



04/02/2014

Agência Senado


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