Delegado Curado afirma que Hamilton Lacerda levou o dinheiro para comprar dossiê



Em seu depoimento realizado em caráter secreto nesta quarta-feira (6) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas, o delegado da Polícia Federal (PF) em Cuiabá, Diógenes Curado, afirmou que o ex-assessor do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), Hamilton Lacerda, foi quem levou ao Hotel Íbis, em São Paulo, o dinheiro que seria utilizado para a compra do dossiê contra políticos do PSDB. A informação foi dada pelo presidente da comissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), logo após o depoimento, que se realizou em caráter secreto.

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O vice-presidente da comissão, Raul Jungmann (PPS-PE), disse que a análise da imagem gravada pelas câmeras do Hotel Ibis - que mostra Lacerda falando ao celular -, revela que há coincidência de horário e duração com a ligação que teria sido feita do celular de Ana Paula Cardoso que, segundo Jungmann, teve seu telefone clonado. O deputado disse que a PF já pediu à operadora esclarecimentos sobre a utilização indevida do celular de Ana Cardoso, mas ainda não recebeu informações.

- Cai por terra toda a argumentação de Hamilton Lacerda, que disse jamais ter usado o celular da Ana Paula Cardoso. Hamilton Lacerda clonou o telefone de Ana - e ele nega. Portanto cai por terra o que já sabíamos que era uma armação - disse Jungmann.

Jungmann comunicou ainda que entrou com mandado de segurança na 1ª Região do Tribunal Regional Federal para ter acesso aos 33 CDs com registros feitos no Hotel Ibis. Segundo o deputado, o juiz Jefferson Scheneider já autorizou o envio do material à comissão. No entanto apenas fotogramas dos vídeos chegaram à CPI dos Sanguessugas.

Embora o delegado não tenha, até o momento, convicção final sobre o episódio do dossiê, disse Biscaia, ele afirmou que há indícios de uma possível configuração de crime eleitoral. Já em relação à origem do dinheiro que seria utilizado para a compra do dossiê, contou Biscaia, o delegado afirmou de que se trata de dinheiro ilícito. Biscaia disse que o delegado Curado fez um relato detalhado sobre as fraudes em licitações para destinar irregularmente recursos do orçamento da União para a compra superfaturada de ambulâncias e também sobre a tentativa de compra do dossiê.

Na opinião do relator, senador Amir Lando (PMDB-RO), Diógenes Curado trouxe informações atualizadas sobre o andamento das investigações sobre a chamada "máfia das ambulâncias", numa tentativa de esclarecer alguns pontos contraditórios dos depoimentos prestados à comissão. Lando informou que será apresentado o relatório final com as conclusões sobre o que foi investigado até o momento. Para ele, a continuidade das investigações deve ficar a cargo da Polícia Federal e do Ministério Público.



06/12/2006

Agência Senado


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