Delegado afirma que contas CC-5 são uma "lavanderia de dinheiro mundial"



A remessa de recursos para o exterior por meio de contas CC-5 a partir do Brasil se transformou, segundo o delegado da Polícia Federal José Castilho Neto, em uma -lavanderia de dinheiro mundial-. Em depoimento nesta terça-feira (29) à CPI do Banestado, o delegado, que investigou o caso nos Estados Unidos, disse que, em um período inferior a 10 anos, a partir da década de 90, foram movimentados US$ 124 bilhões por meio dessas contas, a maior parte de forma irregular.

Por considerar que o crime financeiro serve como base para toda a criminalidade, Castilho saudou a criação da comissão parlamentar de inquérito que, bem conduzida, na sua opinião, será -a CPI das CPIs-, pois terá condições de levantar provas documentais inclusive para as CPIs anteriores que detectaram a lavagem de dinheiro.

Ele ofereceu à comissão o relatório da Operação Macuco, que investigou o caso e foi entregue em 2002 à direção da Polícia Federal. O delegado disse suspeitar que o relatório sequer foi lido, já que, nele, declarou, estão identificados os graves problemas e as soluções para combatê-los.

Além do relatório, Castilho disse que, nas duas vezes em que esteve em Nova York para investigar as contas da agência do Banestado, obteve colaboração das autoridades locais, conseguiu a quebra do sigilo bancário e teve acesso a um banco de dados sem precedentes que mapeia a movimentação fraudulenta de bilhões de dólares.

- Esse banco de dados é um grande golpe no crime organizado no Brasil. Ele dá acesso a toda a bandalheira que sabemos que acontece nesse país - declarou.

Para o delegado, o cruzamento das informações desse banco de dados vai permitir que se monte uma base documental sólida capaz de produzir provas contra criminosos, principalmente ligados à corrupção pública. Ele pediu agilidade na CPI, pois os caminhos para as investigações estão abertos.

- As autoridades americanas estão à disposição, investigando brasileiros. Estamos perdendo tempo - alertou.



29/07/2003

Agência Senado


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