Delegados dizem em audiência que desaparecimentos de jovens de Luziânia continuam sendo "um mistério"



Os seis jovens com idades entre 13 e 17 anos que desapareceram na cidade de Luziânia (GO) não teriam sofrido violência, mas sim convencidos pelo suposto raptor a acompanhá-lo. A informação foi dada nesta quarta-feira (24) pelo delegado da Polícia Federal, Ellan Wesley Almeida Soares, durante audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado.

Soares disse que não poderia detalhar o trabalho da polícia porque as investigações correm em segredo de Justiça, mas salientou que a polícia não descarta qualquer linha de investigação, incluindo tráfico de órgãos humanos e a existência de grupos de extermínio na região. Mas admitiu que até o momento não existe qualquer dado concreto para saber se os desaparecimentos estão conectados a grupos de extermínio, conforme questionou o senador José Nery (PSOL-PA). O parlamentar disse estranhar a inexistência de qualquer pista ou indício que possam levar ao esclarecimento do crime, apesar de decorridos vários meses.

Também tomou parte dos debates o delegado da Polícia Civil de Goiás Josuemar Vaz de Oliveira, que coordena as investigações sobre os jovens desaparecidos. Ele disse que o desaparecimento dos jovens "está envolto em um mistério muito grande" e a polícia ainda não tem informações seguras que levem a qualquer pista destinada a elucidar o crime.

Cobranças

A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) lembrou que os desaparecimentos repetem-se há anos no entorno do Distrito Federal e que nada menos do que 123 crianças e adolescentes estão desaparecidas na região. Por isso cobrou ação enérgica do governo federal no combate ao problema que, garantiu, vem assustando os moradores.

Em virtude da gravidade do problema, Lúcia Vânia informou que irá apresentar novo requerimento convidando o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto Teles, para prestar esclarecimentos sobre os desaparecimentos na CDH.

A reunião contou com a presença de mães dos jovens desaparecidos que lamentaram a lentidão na apuração dos fatos e a falta de informações do andamento das investigações. Pediram ainda a entrada da Interpol no caso por acreditarem que os jovens estão fora do país. Os delegados informaram que a Interpol - Organização Internacional de Polícia Criminal - já foi acionada.

O presidente da CDH, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), deixou claro que o caso, enquanto não for resolvido, irá merecer toda a atenção da comissão.  



24/03/2010

Agência Senado


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