Demóstenes admite trocar convocação por convite a Dilma se a ministra tiver data agendada para vir ao Senado
Após reunião de líderes partidários com o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) informou que a convocação da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, poderá ser trocada por um convite, desde que sua vinda ao Senado tenha data marcada e que a ministra fale sobre o suposto dossiê relativo a gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de sua esposa, Ruth Cardoso, e de alguns ex-ministros com cartões de crédito corporativos.
- Ela até já falou com a imprensa sobre o dossiê. É uma recusa imotivada. Por que não vir ao Senado, que tem a legítima representação popular, para falar sobre isso? A ministra não tem que optar. Pesa sobre ela a acusação de ter confeccionado um dossiê e que foi vazado a partir da Casa Civil da Presidência da República. Ela tem que falar - sustentou.
Na avaliação de Demóstenes, o governo estaria tentando "blindar" Dilma Rousseff porque, se for feita uma investigação minuciosa, chega-se à própria mesa da ministra para encontrar quem confeccionou e divulgou o dossiê. O parlamentar garantiu que a ministra terá dos senadores toda a cortesia necessária para falar o que quiser e tentar se explicar sobre a confecção do levantamento.
O senador por Goiás disse que o resultado da reunião foi a manutenção da convocação da ministra e a decisão do governo de recorrer. Segundo argumentou, a Comissão de Serviços de Infra-Estrutura (CI) tem competência para convocar Dilma, pois também seria de sua alçada a fiscalização das contas do governo.
- O dossiê existiu e foi vazado para tentar intimidar os tucanos. Não deu resultado e a ministra cometeu, aparentemente, uma impropriedade, que pode até ser um crime, e ela tem que se explicar sobre isso. Ela está totalmente acuada - avaliou.
Em relação à ameaça da base governista de abandonar as comissões permanentes, Demóstenes disse que o fato não inviabilizará o trabalho da oposição. Conforme garantiu, as comissões ainda terão condições de apreciar e aprovar requerimentos, realizar audiências públicas, e poderão trabalhar até melhor sem os governistas. O senador advertiu também que a base governista terá de respeitar o Regimento Interno do Senado.
- Se o governo passar por cima do Regimento, aí é guerra. Se o governo obedecer ao Regimento, aí tranqüilo, a maioria vence. Mas, acontece que o governo não pôs a turma para trabalhar. O pessoal do Partido dos Trabalhadores não gosta de meter a mão na massa. Eles não estavam lá [na CI]. Nós sempre quisemos convocar a ministra. Isso não é segredo para ninguém. Nós a convocamos e o governo, mais uma vez, não estava lá - frisou.
15/04/2008
Agência Senado
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