Demostenes critica expulsão de Heloísa Helena



O senador Demostenes Torres (PFL-GO) apresentou nesta quarta-feira (17), em Plenário, um desagravo à expulsão da senador Heloísa Helena (sem partido-AL) do Partido dos Trabalhadores (PT). Para ele, o Diretório Nacional do PT desempenhou papel -inquisitorial- e realizou -a justiça do paredão- ao expulsar quatro parlamentares do partido.

- No episódio, a mando do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, o presidente do PT, José Genoíno, realizou a tarefa de açougueiro e assinou o expurgo dos quatro parlamentares em uma ação que guarda muita semelhança aos métodos de limpeza ideológica promovidos contra a primeira geração de soviéticos - disse Demostenes, comparando a ação do PT no governo ao stalinismo.

O senador se disse um admirador do -caráter resoluto- de Heloísa Helena, que, na sua opinião, aborda os problemas brasileiros com coerência. Por isso, opinou, Heloísa tem legitimidade para não se abater contra o ato tomado pelo partido -para defenestrar as vozes descontentes com o espetáculo da demagogia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva-.

Logo em seguida, a senadora Fátima Cleide (PT-RO) ocupou a tribuna para registrar que a reunião do Diretório Nacional do PT ocorreu em clima de respeito, com um debate que está entre os mais ricos que já presenciou no partido. Ao mesmo tempo, Fátima declarou que foi um dia de muita dor para o PT.

Ela ressaltou, porém, que, no PT, as pessoas deixam a legenda por discordância ideológica, diferentemente do que ocorre em outros partidos em que membros são afastados por denúncias de corrupção, como no caso dos ex-deputados federal Hildebrando Pascoal (AC), envolvido no crime organizado no Acre, e João Alves, envolvido no escândalo do Orçamento, explicando sua fortuna pelo fato de haver ganho diversas vezes na loteria.

Demostenes reagiu e considerou ridícula qualquer comparação entre Heloísa Helena com qualquer dos políticos citados. Ele disse que, no PFL, sempre pôde votar contra a orientação da liderança sem que precise sofrer qualquer repreensão.

- O PFL, nesse aspecto é mais democrático que o PT - disse Demostenes, justificando o fato de ter trazido o assunto a Plenário por ter -colocado em xeque- a credibilidade e a honra de uma senadora.

Apesar de se considerar a maior vítima desse processo, Heloísa disse que tem feito grande esforço para não trazer os debates internos do PT para o Senado. Ela disse que quer tirar esse assunto da sua vida o mais rapidamente possível.

- Estou de cabeça erguida. Podemos fazer debate sobre fidelidade programática. Me sinto fiel ao PT para o qual dediquei os melhores anos da minha vida, não ao PT da cúpula palaciana, que silencia diante da delinqüência política nacional e que faz a propaganda do neoliberalismo - declarou a senadora.

Ela disse esperar que ninguém volte ao assunto, porque, caso contrário, vai ter que usar a tribuna para debatê-lo.

- Ninguém conhece o pior de mim. Estou escrevendo os nomes de algumas pessoas nas areias das praias de Maceió para a onda vir e me fazer esquecer. Não toque no meu calinho, não. Porque, se tocar, eu viro onça. Daqui para a frente, quero fazer debate programático e ideológico. E, agora, é vida para a frente - afirmou a senadora, pedindo que o clima de paz e solidariedade do Ano Novo chegue para todos.

Em seu discurso Demóstentes fez ainda críticas às viagens e à política externa do governo do PT e ao programa de reforma agrária, que, demagógico, estaria baseado em critérios distorcidos e que não seria sustentável.



17/12/2003

Agência Senado


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