Demostenes critica pronunciamentos de Lula
O senador Demostenes Torres (PFL-GO) criticou diversos pronunciamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde sua posse. Para o parlamentar, Lula -está queimando o seu capital político em um falatório estabanado, às vezes vulgar, e de excessivo apelo à pessoa-, devido -à falta de resultados palpáveis do conjunto do governo-.
- Patrono de um discurso monocórdio, que sevicia o óbvio para esposar a deselegância, o senhor presidente imagina solver os graves problemas nacionais lançando mão do lugar-comum - disse o parlamentar.
O representante goiano abriu seu pronunciamento nesta terça-feira (24) com uma citação do escritor italiano Umberto Eco: -Bem-aventurado aquele que chegou à ignorância além da qual não pode continuar-. E finalizou lembrando Abelardo Barboza, o Chacrinha, cuja ética, para o senador, é atendida nas frases de Lula: -não explicam coisa alguma e confundem bastante, o que é impróprio a um governante que gerencia a grandeza e a diversidade do Brasil-.
Demostenes disse que Lula -é encarregado de fazer, diariamente, o ganha-pão político de um establishment delirante-.
- Movido por intenções ambíguas, o governo tem vergonha de admitir que não há muito o que se fazer além do -Brasil do possível- de Fernando Henrique Cardoso, mas não apresenta alternativas de desenvolvimento - disse, acrescentando que o governo -administra sob espasmos e improvisos-.
O parlamentar arrolou uma série de frases pronunciadas por Lula. Como na posse do diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, quando o presidente afirmou que -a América do Sul exige que o Brasil lidere o subcontinente, porque um país que construiu uma usina daquele porte não pode ser considerado terceiro mundo-. Ou na cerimônia na Confederação Nacional do Comércio, quando disse que -o Brasil vai crescer porque eu levanto, cada dia, mais otimista com o Brasil-.
Durante solenidade na fábrica da Mercedes-Benz, Demostenes disse que Lula descreveu -um Brasil surreal-, ao afirmar que -se comete o equívoco e o erro de se ficar discutindo que custa muito fazer a reforma agrária-, enquanto o país vive, segundo o senador, -o mais tenso conflito agrário de todos os tempos-.
- Nos improvisos presidenciais colhi expressões que beiram ao pasmo por nada significar, embora as considere extremamente prejudiciais, uma vez que dão azo a interpretações distorcidas, um cipoal de empulhações que só a historiografia será capaz de decifrar - afirmou o senador, acrescentando a seguinte frase presidencial: -Na vida de um ser humano acontecem muitas coisas que normalmente ele não prevê que vai acontecer-.
Em aparte, o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) lamentou que a burocracia venha tomando conta das ações governamentais, -desviando a boa intenção do senhor presidente-.
24/06/2003
Agência Senado
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