Demóstenes diz que "Brasil vai a Copenhague às cegas"



O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) foi ao Plenário, na tarde desta terça-feira (1), para criticar a participação do governo federal na conferência sobre mudanças climáticas que a Organização das Nações Unidas (ONU) realiza em dezembro. Ele declarou que o país "vai para o encontro de Copenhague às cegas, sem saber de fato o quanto emite de gases estufa".

- O governo não possui sequer um inventário sobre a emissão de dióxido de carbono - afirmou o parlamentar, ressaltando que "estamos a trabalhar com o chutômetro e o mais puro achismo, quando a matéria exige rigor científico".

O senador também disse que "é balela" o anúncio feito pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, de que o Brasil estabelecerá um "objetivo voluntário" de redução de emissões que pode superar 40% até 2020. Para ele, isso é "um eufemismo para a omissão".

- Da maneira como anunciou a posição da diplomacia nacional, o Brasil pareceu ser um exemplo de comportamento ambiental, quando na verdade é o quarto maior responsável pela emissão de dióxido de carbono - criticou, lembrando que cerca de 70% "da contribuição brasileira para o aquecimento global" se deve ao desmatamento da Amazônia.

Demóstenes disse que são "públicas e notórias" as divergências entre os ministérios da Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente sobre o "esboço de inventário" sobre a emissão de gases de efeito estufa apresentado no mês passado por Carlos Minc (ministro do Meio Ambiente). E destacou que o coordenador-geral de Mudança Global do Clima do Ministério da Ciência e Tecnologia, José Miguez, "não economizou palavras ao dizer que o documento do Ministério do Meio Ambiente não tem nenhuma confiabilidade, pois a pasta à qual Miguez está vinculado é que teria competência para estimar a emissão de dióxido de carbono".

- Trata-se de um membro do governo [Miguez] a desacreditar outro [Minc], que está hierarquicamente em posição superior - observou ele.



10/11/2009

Agência Senado


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