Embaixador diz que Brasil quer resultado ambicioso na convenção do clima em Copenhague
A redução do desmatamento terá um grande peso no leque de ações a ser ofertado pelo Brasil na 15ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP-15), a ser realizada em Copenhague, no mês de dezembro. De acordo com o que afirmou nesta terça-feira (25) o embaixador extraordinário para a Mudança do Clima, Sérgio Barbosa Serra, em audiência pública na Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas, a oferta brasileira terá números e se situará dentro do mecanismo Redd (Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação)
Representante do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, o embaixador registrou que o potencial de redução de emissões de gases do efeito estufa do Plano Nacional de Mudança do Clima é substancial e que os números a serem levados a Copenhague serão definidos em discussões intergovernamentais.
Segundo o embaixador, a posição do governo, "não de um ou dois ministérios", em relação à COP-15 baseia-se em algumas premissas: o Brasil quer um resultado ambicioso, que se oriente pelas recomendações da Ciência; os países desenvolvidos devem ter metas de redução de emissões da ordem de 25% a 40%, no médio prazo (2020); e os países em desenvolvimento devem reduzir a curva de crescimento das emissões.
Sérgio Serra registrou que a posição do governo inclui um núcleo central - formado pelo Itamaraty e pelos Ministérios da Ciência e da Tecnologia e do Meio Ambiente - e um universo mais amplo, e informou que essa posição está sendo trabalhada em consultas com o Parlamento, a sociedade civil e o empresariado.
- Esperamos poder, em Copenhague, concluir uma negociação que seja satisfatória para o Brasil, mas, sobretudo, benéfica para o planeta, porque o problema do aquecimento global e da consequente mudança climática já vem nos afetando, com eventos meteorológicos extremos e elevação do nível do mar - acrescentou Sérgio Serra, para quem o Brasil terá um papel de vanguarda no final da negociação.
O embaixador destacou que, nas negociações em torno da implementação do Plano de Ação de Bali, esperam-se, no caso de países em desenvolvimento, ações nacionalmente apropriadas de mitigação [dos efeitos do aquecimento global] mensuráveis, reportáveis e verificáveis e, no caso dos países desenvolvidos (Estados Unidos), metas comparáveis às dos demais países industrializados membros do Protocolo de Kioto. A próxima reunião para negociações será em Bangkok, no final de setembro e começo de outubro.
A presidente da comissão, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), afirmou, em entrevista, que o embaixador foi claro no sentido de mostrar que há perspectivas de avanço. Ela destacou, do depoimento de Sérgio Serra, o anúncio de que serão trabalhadas, "de forma contundente", as compensações econômicas, e a informação de que a posição dos Estados Unidos poderá não ser levada a Copenhague, já que projeto sobre a questão ainda não foi votado pelo Senado norte-americano.
- Isso nos obriga a acelerar as nossas votações - disse a senadora.
Debates
No debate, Ideli observou ser preciso dar uma vantagem econômica para a preservação e a manutenção da floresta em pé, já que "a vantagem econômica de derrubar está posta." O deputado Sarney Filho (PV-MA) afirmou que a cobrança pelos serviços ambientais deveria ser o foco central da discussão e ouviu de Sérgio Serra que, enquanto não se mudar a cultura, é preciso haver uma remuneração, pois "combater o desmatamento só com ações de comando e controle tem limites".
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) disse ter recebido uma informação de que o presidente Lula não irá a Copenhague e considerou que a confirmação dessa notícia seria um sinal de que o Brasil não está tão empenhado nesse processo. Já o relator da comissão, deputado Colbert Martins (PMDB-BA), defendeu que a posição do Executivo a ser levada à COP-15 seja avaliada pelo Congresso.
Rita Nardelli / Agência Senado
25/08/2009
Agência Senado
Artigos Relacionados
Valadares diz que Brasil tem o que mostrar na reunião do clima de Copenhague
Diálogo em convenção do clima deve ser liderado pelo Brasil, diz representante do MMA
Jefferson Praia sugere ousadia ao governo na reunião do clima, em Copenhague
Membro do IPCC quer que Brasil defenda 80% de reduções de gases do efeito estufa na conferência de Copenhague
Marina quer que Brasil defina meta de redução de emissões para Copenhague e assuma posição protagonista
Marco Maciel lamenta falta de acordo sobre o clima em Copenhague e aponta vários impasses internacionais