Marina quer que Brasil defina meta de redução de emissões para Copenhague e assuma posição protagonista



Uma meta mais ousada de redução de emissões de gases de efeito estufa, a ser apresentada na Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP-15), foi defendida pela senadora Marina Silva (PV-AC) nesta quarta-feira (4) em Plenário. Ela pediu maior agilidade na definição das metas e sugeriu que o governo considere as propostas apresentadas pelo Ministério do Meio Ambiente, de redução de 40% das emissões de carbono até 2020, e pela Rede Clima (vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia), de redução de 35%. Para Marina, assim o Brasil garantiria posição de destaque frente aos países desenvolvidos na COP-15, que ocorrerá em Copenhague, na Dinarmarca, em dezembro.

- Com essa proposta de redução de 40%, o Brasil passa a ser o primeiro país em desenvolvimento a assumir metas de reduções reais - disse Marina, pedindo que todos os setores da economia se comprometam com a diminuição de emissões.

A seu ver, as metas do Brasil para combater as mudanças climáticas não podem ficar restritas ao combate ao desmatamento. Ela explicou que, se o Brasil levar à COP-15 a meta de redução de carbono de apenas 20%, como tem sido sugerido por vários setores, nada mais fará do que cumprir o compromisso feito em 2004.

- O que vamos levar para Copenhague é o dever feito em 2004, com o Plano de Combate ao Desmatamento da Amazônia. E o desmatamento vem caindo desde 2005. Acho que seria acenar com um chapéu com o qual já acenamos - criticou, sublinhando que a redução de 80% no desmatamento já garantiria a redução de 20% das emissões de gases de efeito estufa, mas não envolveria os demais setores da economia.

Marina explicou que, de acordo com os dados do último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), para se tenha chances de manter o aumento da temperatura da Terra em apenas 2ºC neste século, é necessário estabilizar a concentração de gases de efeito estufa em 450 partículas por milhão (ppm), o que seria obtido com a emissão média de 18 gigatoneladas de CO². Conforme a senadora, as emissões no mundo chegam a 44 gigatoneladas. Para atingir a meta, é necessário reduzir as emissões de forma continuada. No caso do Brasil, as emissões atingiram 2,1 gigatoneladas em 2005. Com um meta mais ousada de redução, em torno de 40%, esse número deveria se estabilizar em 1,6 gigatoneladas. Para isso, seria preciso contar com a participação de todos os setores da economia.

A senadora também criticou a tentativa de aprovação, na Câmara dos Deputados, de alterações drásticas no Código Florestal Brasileiro.

- O que está em curso, agora, é o 'Floresta Zero' - criticou a senadora, salientando que é preciso vigilância para evitar a aprovação, "a toque de caixa", de alterações na legislação ambiental que comprometam a preservação das florestas do país.

Em aparte, o senador Marco Maciel (DEM-PE) concordou com Marina de que uma "questão sensível" como a ambiental merece solução governamental com "bastante antecedência" e deve ser negociada entre os países em desenvolvimento e os desenvolvidos. Já Cristovam Buarque (PDT-DF) propôs que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva leve à COP-15 todos os candidatos à Presidência da República em 2010, para mostrar o comprometimento do Brasil com as metas de redução de emissões. O senador Valter Pereira (PMDB-MS) também elogiou o discurso de Marina.



04/11/2009

Agência Senado


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