‘Demóstenes é caso de bipersonalidade’, diz Pedro Simon



Em pronunciamento nesta segunda-feira (9), o senador Pedro Simon (PMDB-RS) classificou o colega Demóstenes Torres (sem partido-GO) como um caso de dupla personalidade. Demóstenes é investigado por suspeita de usar o mandato em favor do empresário Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal sob a acusação de comandar um esquema de jogo ilegal em Goiás. Para Simon, a conduta pública de Demóstenes se opõe à sugerida pelas denúncias.

– Deve ser um caso típico de bipersonalidade porque conviviam ali dois cidadãos: o que eu conheci, a quem dou nota dez na competência, na capacidade e na dignidade, e o que está aparecendo agora, que é exatamente o contrário do que a gente poderia imaginar.  Não sei como os dois conviviam, como um podia conversar com o outro – comentou Simon.

O senador lembrou que Demóstenes, ao longo de todo o tempo em que atuou no Senado, sempre demonstrou atitude séria e responsável, tendo relatado proposições como o projeto que resultou na Lei da Ficha Limpa. Simon também destacou a atuação de Demóstenes como crítico dos colegas em episódios passados.

Embora tenha ressaltado a importância de se garantir o direito de defesa a Demóstenes, Simon disse acreditar que as investigações não terminarão sem resultados, como apostam setores da sociedade e dos meios de comunicação. Para ele, a pressão popular fará com que o Conselho de Ética do Senado investigue as denúncias.

– Não confio nem no Congresso, nem no Judiciário e nem no Legislativo.
Eu confio é no povo, na manifestação do povo, na ação do povo.
Hoje isso está acontecendo – afirmou Simon.

O senador disse considerar que Demóstenes Torres deveria renunciar ao mandato, não para escapar da cassação, mas para preservar a si e a sua família.

Em aparte, o senador Pedro Taques (PDT-MT) defendeu a criação de uma CPI mista para investigar as denúncias, que também envolvem deputados federais. Para Taques, a criação de uma CPI é a única maneira de garantir o acesso dos senadores aos documentos da investigação, que corre sob segredo de justiça. O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro, informou que deve começar a colher assinaturas para a CPI nesta terça-feira (10).

Reforma administrativa

Ainda no pronunciamento, Simon afirmou que não participará da votação do projeto da Reforma Administrativa do Senado (PRS 96/2009). O projeto, que altera o regulamento administrativo da casa, deve ser votado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania nesta quarta-feira (11). Para Simon, que fez parte da primeira comissão que analisou o projeto, o texto “não tem conteúdo”.

– Eu não vou votar. Fiz parte da primeira Comissão, fizemos um trabalho, escrevi um livro sobre isso, mas o negócio que querem votar é de mentirinha. Não tem conteúdo e não tem seriedade – criticou.



09/04/2012

Agência Senado


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