Demostenes: "Governo Lula espera acontecer"



O senador Demostenes Torres (PFL-GO) disse nesta quarta-feira (11) que o governo Luiz Inácio Lula da Silva administra a partir do "esperar acontecer, ou seja, aguarda que a tragédia se confirme" para, logo após, afirmar que o problema tem origem no descaso de administrações anteriores e que, hoje, embora haja vontade de fazer, não existem recursos para socorrer os desvalidos. Para o senador, "há extraordinária capacidade de oferecer saídas desavergonhadas, como a sugestão de liberar o FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço] para o sertanejo custear a reconstrução do que a chuva levou".

- Seria este um ensaio da parceria público-privada que o governo pretende fazer para remodelar os investimentos em infra-estrutura no país? Peço licença à ironia, uma vez que a estultice tem limite. Insensata e oca, há algo de sarcástico na proposta de um trabalhador rural, que sequer possui registro de identidade, ir ao banco sacar o FGTS para financiar a reconstrução do seu casebre. O interessante é que tamanha bobagem adquire foro de assunto de Estado envolvendo três ministros, inúmeras reuniões, algumas autocríticas, várias plenárias e nenhuma ação de resultado - acrescentou.

Demostenes destacou ainda o aspecto "perdedor" do programa Fome Zero, "que paga o preço de ter sido fruto de uma concepção publicitária", e o fato de, na terça-feira (10), o presidente ter descoberto que o Brasil é auto-suficiente em alimentos, tanto que marcou data para vencer a fome - "pouco tempo".

O senador referiu-se também à queda de popularidade do presidente e do governo nas pesquisas de opinião pública.

- O pior da pesquisa, e que o Palácio do Planalto não comenta, é a avaliação negativa, ou seja, aqueles que descorçoaram [desanimaram-se] com o governo Lula. Em janeiro de 2003, 2,3% dos brasileiros o consideravam ruim e 17,7% regular. Um ano depois, o conceito da Petelândia caiu muito na praça. Os que avaliam o governo petista negativamente somam 15% e os que o consideram regular mais que dobraram de tamanho e hoje representam 40,6% - comentou.



11/02/2004

Agência Senado


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