Governo Lula preferiu investir em 'maquiagem', diz Demóstenes Torres
Em pronunciamento nesta quarta-feira (23), o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva preferiu investir em "maquiagem" a investir em obras macroestruturantes para o país. Segundo ele, Lula baseou sua administração "em pilares que lhe sustentam a aprovação, distribuindo dinheiro e outras benesses substitutas da velha política de trocar voto por dentadura e cabo eleitoral por par de botina".
O senador assinalou que se Lula "parar de pagar a Bolsa-Família por um mês que seja, na pesquisa seguinte estará ruim na foto", pois "a memória do estômago é impiedosa". Ele acrescentou que os verdadeiros programas sociais, que significavam inclusão, foram idealizados e implementados pela socióloga Ruth Cardoso (1930-2008), "merecedora de reconhecimento".
Demóstenes disse ainda que o Ministério de Lula, "que teve e tem até pessoas decentes", será lembrado pela quantidade de pastas e a inutilidade de algumas. Os componentes do time, segundo ele, se dividiram em "trapalhões, aloprados, mensaleiros, sanguessugas, malfeitores e "uma gente que não ri e, quando ri, é do povo".
Na avaliação de Demóstenes, Lula também falhou ao nomear os personagens principais de sua equipe para setores importantes como Justiça e Saúde, nos quais começou com "ministros ruins, foi trocando e foi piorando". O senador disse que Lula "contou com o acaso" no Ministério da Fazenda, mas acertou na escolha de Henrique Meirelles, "a exceção com brilho internacional", para a presidência do Banco Central. Ele ressaltou que a chegada de Meirelles foi suficiente para fazer o risco Brasil cair.
- Conhecidos no exterior, havia apenas ele e a então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, agora de volta ao Senado, para o engrandecimento desta Casa - afirmou.
Trapalhadas
Em relação ao ministro das Relações Exteriores, Demóstenes disse que Celso Amorim, suportado pelo presidente Lula no posto que deveria ser a vitrine globalizada do Brasil, é "mega nas trapalhadas e nanico como formulador de política externa".
- No futuro, o presidente poderia ser lembrado por medidas acertadas, mas o conjunto de absurdos cometidos por Celso Amorim é tamanho que o tornarão inesquecível. Lula ao menos é autêntico, não mente ter doutorado, não finge ser especialista em diplomacia, apenas almeja ser eterno - disse.
Para Demóstenes, um dos contos em que Lula caiu foi o de liderar o "bloco dos esfarrapados" e, com isso, conseguir uma vaga no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo o senador, "no estapafúrdio planejamento de Amorim", o Brasil perdoaria a dívida de países africanos e atribuiria as crises "aos olhos azuis dos europeus, rosnaria com os Estados Unidos, seria um gatinho com a Bolívia, ouviria atentamente Chávez e berraria com Bush".
Assim, disse Demóstenes, o Brasil seria automaticamente o representante dos países pequenos, enquanto os membros permanentes (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia) se sentiriam pressionados a ampliar o Conselho de Segurança apenas para satisfazer o pleito de Amorim.
- Claro, deu tudo errado, como é praxe nas ações do chanceler - afirmou.
Demóstenes disse que o "repertório de assombros de Amorim é infinito" e que ele colocou o presidente Lula em outra "roubada", ao autorizar a transformação da embaixada brasileira em Tegucigalpa em "comitê eleitoral pró-retorno de Manuel Zelaya à presidência de Honduras".
- O volume de princípios de diplomacia violados nos dois dias de Zelaya no papel de embaixador brasileiro não pode ser maior que a alegada amizade entre o derrubado líder hondurenho e o presidente brasileiro - afirmou.
Demóstenes disse, ainda, que além de se envolver em assuntos internos de Honduras, o chanceler convenceu o presidente Lula a usar a Assembléia Geral da ONU, iniciada nesta quarta-feira, para pedir a volta de Zelaya com o argumento de que "o tempo e o espaço não aceitam mais ditaduras".
- Só que o assunto seguinte do trapalhão foi a defesa da mais duradoura ditadura das Américas, a de Cuba. Ou seja, Zelaya tem de voltar ao poder porque instalou-se um regime de exceção em Honduras. E o presidente Obama está errado em manter o embargo a Cuba porque os irmãos Castro são estereótipos de democracia - ironizou.
Ao final do pronunciamento de Demóstenes, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) tentou rebater as críticas feitas a Celso Amorim, mas o presidente do Senado, José Sarney, encerrou o debate para dar início à sessão do Congresso Nacional.
23/09/2009
Agência Senado
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