Demostenes pede revisão de promoção de Apolônio de Carvalho



O senador Demostenes Torres (PFL-GO) criticou a decisão do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de, ao conceder a anistia, promover o subtenente Apolônio de Carvalho ao posto de general. O senador solidarizou-se com o ministro da Defesa, José Viegas, que disse ser contrário à promoção, por não respeitar os regulamentos internos do Exército.

- Gostaria de parabenizar o governo federal por ter tomado a medida de homenagear Apolônio de Carvalho. Mas é preciso estabelecer outra espécie de homenagem, sem violentar as normas legais, que impedem essa promoção. O Exército, a Marinha e a Aeronáutica primam por terem dentro deles a hierarquia e a disciplina. Se aceitarem a inversão da lei, teremos mais uma instituição desorganizada no país - disse Demostenes.

Para o senador, -mais essa trapalhada do ministro da Justiça- criou confronto institucional que, na sua opinião, não era necessário. Ele entende que suspender a concessão da promoção não implica desmoralizar o homenageado.

- Vamos encontrar outra maneira de homenageá-lo. Não temos que violentar a lei e promover quem quer que seja. Não podemos passar por cima das normas, das instituições militares e do Exército nacional - afirmou.

Com 92 anos, Apolônio de Carvalho militou na esquerda e defendeu os ideais socialistas contra regimes de opressão. Militar, foi expulso do Exército na década de 30, depois de participar da Aliança Nacional Libertadora e do PCB. Mais tarde lutou ao lado dos republicanos na Guerra Civil Espanhola e contra o nazismo na França. Ele também participou da guerrilha contra a ditadura militar no Brasil, como membro do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). Apolônio é um dos fundadores do PT.

Araguaia

Demostenes também condenou o governo por não entregar os arquivos sobre a guerrilha no Araguaia, apesar da decisão judicial nesse sentido. Os documentos, disse, serviriam para reconhecer oficialmente a morte de guerrilheiros a suas famílias.

- Não imaginávamos que governo relutaria, até porque o PT teve muitos de seus membros vítimas da ditadura e da tortura. O fato é que a guerrilha aconteceu no Brasil e, se há alguma coisa em arquivo, precisa ser entregue, como mandou a juíza federal - disse Demostenes.

Manifestando ojeriza à tortura, ele disse que manter esse tipo de documentação sem divulgação impede que a história real seja conhecida. Ele lembrou de episódio em que, na tentativa de desmoralizar o presidente do PT, José Genoíno, foi divulgado depoimento segundo o qual ele entregou os nomes de seus companheiros de guerrilha.

- Foi uma crueldade e uma indignidade o que fizeram com ele, tanto na ocasião em que foi torturado, quanto na tentativa de sua desmoralização. Ele está desmoralizado por outras coisas, por essa, não - disse Demostenes, citando também as declarações publicadas pelo jornalista Elio Gaspari, dando conta que o ex-presidente Ernesto Geisel teria conhecimento das torturas e assassinatos praticados no regime militar. Ainda assim, o senador disse que é preciso pôr os fatos em perspectiva.

- Não compartilho da idéia de que Geisel tenha sido indigno. Creio que ele foi fundamental para a democracia brasileira. Foi efetivamente um benfeitor desse país - disse.

O senador Mão Santa (PMDB-PI) pediu autorização para que fizesse suas as palavras de Demostenes sobre Geisel. Condenando a tortura, ele disse que o governo está submetendo a senadora Heloísa Helena (PT-AL) a uma -tortura mental-.

Já o senador Romeu Tuma (PFL-SP) se disse chocado ao saber da declaração de Geisel, por saber da atuação do ex-presidente em favor de desaparecidos e de presos políticos. Tuma concordou com Demostenes sobre a necessidade de manutenção e abertura de arquivos nas mãos do poder público.



12/12/2003

Agência Senado


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