Depoimento confirma versão de que carro emprestado a Magno Malta pertencia à família Vedoin



Depoimento prestado nesta quinta-feira (5) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar sobre o processo disciplinar contra o senador Magno Malta (PL-ES) confirma versão de que a família Vedoin seria proprietária de um carro que foi utilizado pelo senador. O empresário Valcir José Piran, proprietário de uma factoring, afirmou ao relator do processo, senador Demóstenes Torres (PFL-GO), que sua empresa teria comprado o Fiat Ducato do deputado federal Lino Rossi (PP-MT) e revendido o carro à família Vedoin e não a Rossi, como alega o próprio deputado.

Magno Malta é um dos três senadores que estão sendo investigados pelo Conselho de Ética porque tiveram os nomes citados no relatório parcial da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas por haver, no entendimento dos membros da CPI Mista, indícios de que tenham envolvimento com a chamada "máfia das ambulâncias" e, por isso, tiveram conduta incompatível com o decoro parlamentar.

 O esquema de fraudes foi criado com o objetivo de utilizar irregularmente recursos do Orçamento da União para comprar ambulâncias a preços superfaturados para municípios em vários estados brasileiros. Os outros senadores citados pela CPI são Ney Suassuna (PMDB-PB) e Serys Slhessarenko (PT-MT).

Em vários depoimentos, Luiz Antônio Trevisan Vedoin, dono da Planam, empresa apontada como organizadora do esquema de fraudes, alega que deu o carro a Malta como adiantamento de pagamento para que o senador pelo Espírito Santo apresentasse emendas ao Orçamento para beneficiar a máfia das ambulâncias.

Piran explicou que antes de repassar o carro à família Vedoin, vendeu-o a José Luiz Cardoso e depois o recomprou novamente, para só depois repassar a van a Luiz Antônio Vedoin. No entanto, o carro continuou por mais de um ano em nome de Cardoso, mesmo quando estava sendo utilizado por Malta.

Para Demóstenes, o depoimento de Piran "bateu" com o de Luiz Antônio e desmentiu a versão de Lino Rossi. Ainda segundo o relator do processo disciplinar, Lino Rossi só pode estar "acobertando alguém", pois tem sido muito "inconsistente" e a cada minuto muda o depoimento.

- O que pesa a favor do Malta é o fato de ele não ter apresentado as emendas. O Ney (Suassuna) e a Serys (Slhessarenko) apresentaram emendas, mas Magno não - afirmou Demóstenes Torres, ao final do depoimento.

Em sua defesa, Magno Malta afirma que a van que utilizou por mais de um ano teria sido um empréstimo pessoal de Lino Rossi, que também está sendo investigado pela CPI Mista dos Sanguessugas. Segundo a família Vedoin, Rossi era o intermediário dos empresários envolvidos no esquema de fraude no Congresso Nacional, responsável por arregimentar parlamentares ou seus assessores para participarem do esquema de fraudes.

Em seu depoimento, Piran afirmou não se lembrar por qual valor negociou o carro com a família Vedoin. Ao ter acesso à cópia de um cheque de R$ 50 mil que Luiz Antônio Vedoin afirma ter dado em pagamento pelo carro, Piran afirmou que não se lembrava do cheque, mas se comprometeu a verificar sua conta para confirmar o depósito daquele valor.

- É imprescindível que tenhamos os documentos do Detran (com o histórico do carro), a cópia do cheque (a cópia em poder do conselho não tem o verso do cheque) e também essa comprovação de que ele (Piran) recebeu esse dinheiro. - explicou Demóstenes.

O outro depoente, Wylerson Moreira da Costa, assessor de Lino Rossi, confirmou que o carro era de Lino Rossi e que teria sido emprestado a Magno Malta, que, posteriormente o teria devolvido ao deputado.

Estavam presentes também à reunião os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Romeu Tuma (PFL-SP), Jefferson Péres (PDT-AM) e Leomar Quintanilha (PCdoB -TO), que presidiu a reunião. Magno Malta foi representado por seu advogado Luiz Carlos da Silva Neto.

O deputado federal Walter Pinheiro (PT-BA), testemunha de defesa arrolada por Magno Malta, não compareceu. Valdir Agostinho Piran, irmão de Valcir, convidado a depor, também não compareceu, mas alegou que não havia nada a esclarecer além do que já havia dito no depoimento do dia 20 de setembro



05/10/2006

Agência Senado


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