Depoimento de petista não convence deputados







Depoimento de petista não convence deputados
Em depoimento que durou mais de seis horas, o presidente do Clube de Seguros da Cidadania, Diógenes de Oliveira, negou qualquer relação do PT e do governo com o jogo do bicho no Estado. Segundo Diógenes, a sede regional do Partido dos Trabalhadores foi comprada com dinheiro de doações de empresas e pessoas físicas que conheciam a destinação dos recursos.

O petista admitiu a veracidade da gravação em que pede ao ex-chefe de Polícia Luiz Fernando Tubino que reduza a pressão sobre os bicheiros, já que eles manteriam boas relações com o Executivo gaúcho. "Tratou-se de um carteiraço e de uma bravata minha", declarou, negando qualquer recomendação do governador Olívio Dutra. Sobre o custo da campanha eleitoral de 1998 - que afirmou, na gravação, ter custado entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões - Diógenes declarou desconhecer os dados da contabilidade do partido.
Algumas contradições marcaram o depoimento do presidente. Numa delas, Diógenes garantiu que informou o representante da IAB Assessoria Tributária sobre a finalidade da doação, que serviria para o pagamento da sede do PT. Além de a informação ter sido negada pelo representante da empresa, em depoimento à CPI, a doação foi feita em data posterior à quitação do prédio. "Então, a doação para o Clube foi independente de seus objetivos finalísticos, porque é um ato de liberalidade do doador", ponderou Diógenes.

Admitiu ainda que, excetuando-se na fundação, em 1997, o Clube nunca mais se reuniu, sendo que os três diretores da entidade tomavam as decisões "por telefone ou em encontros informais". Diógenes não explicou porque as datas dos cheques de pagamento da sede do PT, que custou R$ 310 mil, não coincidem com as apresentadas na contabilidade do Clube, solicitando uma avaliação dos contadores.
De acordo com a relação das doações declaradas pelo Clube à Receita Federal, a entidade teria recebido apenas R$ 282.626,00 até a data de quitação da sede. A diferença de valores foi coberta, segundo Diógenes, por um empréstimo de R$ 80 mil obtido junto a vários amigos, com a garantia de promissórias. O relator Vieira da Cunha (PDT) assegura que os valores não constam na contabilidade do Clube.

No início da tarde, Diógenes leu um documento denunciando o grupo RBS que, segundo ele, possui duas empresas nas Ilhas Caymann, onde tem feito empréstimos milionários. Em nota oficial, a RBS afirmou que tomará medidas legais contra o presidente do Clube da Cidadania e que todas as suas operações financeiras são regulares e estão devidamente registradas nos órgãos competentes.
O depoimento do presidente do Clube da Cidadania, Diógenes de Oliveira, não convenceu a maioria dos deputados da CPI da Segurança Pública. O relator, Vieira da Cunha (PDT), adiantou que os dirigentes do Clube poderão ser enquadrados em crime de estelionato e falso testemunho.

Isso ocorreria porque muitos doadores da entidade convocados pela CPI disseram ter contribuído para projetos sociais e não para fins eleitorais. "Com algumas pessoas fui mais explícito, com outras menos, mas entendi que a compra de um imóvel estava em consonância com o estatuto do Clube", justificou Diógenes.
Segundo Vieira, houve uma série de contradições entre os depoimentos de rpresentantes de empresas doadoras e as explicações dadas por Diógenes. "Ficamos frustrados, porque a pessoa que arrecadou o dinheiro para a compra da sede do PT não explicou a origem dos recursos. A gente sabe que o papel aceita tudo", afirmou.

Para o líder do governo no Legislativo, Ivar Pavan (PT), não houve contradições no depoimento de Diógenes, já que ele teria o recibo das operações. "A contradição maior é dos depoentes que aceitaram recibos de doação e disseram que estavam contribuindo para a campanha eleitoral", comentou. Diógenes confirmou que assinou recibos sem fazer parte do comitê financeiro da campanha. Pavan considerou que a origem do dinheiro é limpa e afirmou que a versão de que os recursos vinham da jogatina foi desmentida.
O relatório da CPI será votado dia 14, e as denúncias serão encaminhadas ao Ministério Público. A oposição tentará, no entanto, instalar uma nova Comissão de Inquérito, em janeiro, para continuar investigando o PT.
O presidente nacional do PT, José Dirceu, disse ontem que o partido está sendo vítima de uma verdadeira guerra. "É uma guerra de medo e terrorismo que estão querendo fazer contra o Lula", afirmou Dirceu referindo-se às denúncias de envolvimento do governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, com o jogo do bicho. Luiz Inácio Lula da Silva, é o provável candidato da legenda à presidência em 2002.

Dirceu reafirmou que o partido não tem nada a esconder. "Não temos medo de nenhuma investigação. O PT tem interesse na investigação do jogo do bicho. O que não pode é querer investigar o PT e não investigar as denúncias que têm contra parlamentares de outros partidos", disse ele, acrescentando que a CPI gaúcha está sendo "utilizada politicamente".
Apesar de acreditar que a CPI tenha como objetivo abalar o PT, Dirceu disse que não acredita que o caso vá afetar a campanha de Lula no ano que vem. "Evidentemente nós tomamos medidas de acompanhamento político. Mas não é para nós uma questão que está nacionalizada e que vai afetar a campanha do Lula."
"Denúncias surgiram em 2000. No segundo turno, fizeram uma verdadeira guerra contra o PT. Não deu certo em 2000 e acredito que não vai dar certo em 2002", disse Dirceu, salientando que tentativas como essa tem como objetivo "substimar o eleitor e a cidadania do brasileiro que conhece o PT de 21 anos e conhece as lideranças do PT".


Ouvidoria aproxima mais o cidadão do Parlamento
Com o objetivo de esclarecer dúvidas dos gaúchos e estabelecer um canal para receber críticas e sugestões, a Assembléia Legislativa instalou ontem o seu sistema de ouvidoria. O ouvidor-geral será o deputado Otomar Vivian (PPB) que terá como sub-ouvidor Manoel Maria (PTB) e uma equipe de servidores responsáveis pelas respostas reivindicadas pela população.

Ao se manifestar durante a solenidade de instalação do novo órgão o presidente da Assembléia, Sérgio Zambiasi (PTB) ressaltou que, com a Ouvidoria, a Casa consolida a sua transparência e a sua abertura para receber as demandas do povo. Zambiasi lembrou que se chama Ouvidoria exatamente porque ouve pedidos, requerimentos e súplicas da população. Ele garantiu que "os gaúchos perguntarão e a Assembléia responderá, e que todas as informações serão oficiais".

Sérgio Zambiasi revelou que se a população não ficar satisfeita com a resposta a sua indagação, deverá insistir até que tudo fique esclarecido. Para isso, o presidente disse que a Ouvidoria utilizará a melhor tecnologia, viabilizando uma estrutura eficiente e um fluxograma de informações.
O ouvidor-geral, deputado Otomar Vivian, destacou o pioneirismo do Legislativo gaúcho que somada a força da atuação de seus deputados e qualificação dos seus servidores, é modelo reconhecido em todo o País". Vivian também salientou as outras iniciativas da Assembléia no processo democrático e na manifestação da cidadania, como o Fórum Democrático, as tecnologias de informação, as atividades de interiorização da Mesa Diretora e das Comissões Permanentes.

Nas primeiras horas de funcionamento, a Ouvidoria da Assembléia recebeu mais de 30 ligações, A maioria é do interior do Estado. O primeiro cidadão a ligar foi de Santa Maria. A população pode acessar a Ouvidoria através do 0800 541 2333 ou do site www.al.rs.gov.br, por e-mail. O horário de funcionamento é das 12h às 19h, segunda à sexta-feira.


Fórum debate desigualdades regionais
O Fórum Democrático continua nesta semana sua peregrinação pelo interior do Esta do para debater as desigualdades entre as regiões do Rio Grande do Sul. O Fórum das Desigualdades Regionais - Determinantes e Desafios Contemporâneos, como foi denominado, vai percorrer todas as regiões do Estado para ouvir suas reivindicações. Quatro cidades já foram visitadas e estão programadas mais 19 audiências até o fim do ano.
Na região do Vale do Caí, a primeira a ser visitada pelo Fórum, os principais problemas estão no setor primário, sua principal base econômica. Em Caxias do Sul, as questões sociais derivadas da migração de pessoas de outras regiões foram constatadas como preocupantes na região da Serra.

No Vale do Taquari, apesar da vantagem em relação às outras do Estado, por ter uma economia desenvolvida e uma população culturalmente forte, as autoridades detectam alguns problemas na distribuição de renda per capita projetando a necessidade de criação de novos empregos e da diminuição das desigualdades entre os municípios mais desenvolvidos e os mais pobres da região.

Para o relator da Subcomissão para tratar das desigualdades regionais, deputado João Luiz Vargas (PDT), o papel do Fórum é fazer uma radiografia das realidades regionais para que, a partir delas, possam ser elaboradas soluções integradas para o Estado. "Esperamos que, ao final do ano, quando concluirmos as reuniões com a sociedade, possam surgir linhas orientadoras para nós, parlamentares, e para os governantes em nível estadual e federal", definiu o deputado.
Calendário de ações
8/11 - Santa Rosa - 9h30
8/11 - Santo Ângelo - 19h
9/11 - ijuí - 9h30
9/11 - Cruz Alta - 19h
22/11 - Bagé - 9h30
22/11 - Pelotas - 19h
23/11 - Camaquã - 9h30
23/11 - Guaíba - 19h
29/11 - Frederico Westphalen - 9h30
29/11 - Passo Fundo - 19h
30/11 - Erechim - 9h30
30/11 - Lagoa Vermelha - 19h
6/12 - Uruguaiana - 9h30
6/12 - Santa Maria - 19h
7/12 - Santa Cruz - 9h30
7/12 - Canoas - 19h
13/12 - Tramandaí - 9h30
13/12 - Taquara - 19h
14/12 - Porto Alegre - 9h30


Deficientes carentes terão passe livre nos ônibus
As pessoas portadoras de deficiência física, que comprovarem carência financeira, estarão isentas de pagar a passagem de ônibus nas viagens intermunicipais de longo percurso no Rio Grande do Sul. O anúncio foi feito ontem, pelo secretário estadual dos Transportes, Beto Albuquerque. O passe livre deve ser implantado até o final do mês de novembro, após aprovação do Conselho de Tráfego do Daer.

O benefício será concedido às pessoas que sofrem de deficiência física, mental, auditiva ou visual, cuja renda per capita familiar seja de até um salário mínimo. A proposta seguirá o modelo adotado pelo Ministério dos Transportes, em que cada ônibus deverá reservar dois lugares para esta finalidade. O interessado deverá se dirigir aos postos de venda da passagem com o cartão de passe livre nacional, até três horas antes do embarque.

As empresas que descumprirem esta norma estarão sujeitas a multas, de R$ 550,00 a R$ 10.500,00. Beto Albuquerque acredita que a maioria fará uso da isenção para fazer viagens profissionais ou por tratamento de saúde.

Os interessados deverão requerer o cartão de passe livre à Secretaria dos Transportes Terrestres, no Ministério dos Transportes, em Brasília. Os pedidos podem ser feitos através da internet ou Correios, com cópia de um documento de identificação, atestado de um médico do SUS comprovando a incapacidade física e declaração da renda familiar per capita. Para a Caixa Postal 9.800 - CEP 70.001-970 - Brasília/DF, telefone (61) 315-8257 ou e-mail [email protected].


Emissão de cheques sem fundo duplica nos supermercados
O número de cheques sem fundos recebido pelos supermercados gaúchos mais do que duplicou neste ano. De janeiro a outubro, o volume representou 4,2% do total de vendas feitas mediante pagamento com cheque à vista, modalidade que representa 23% do total comercializado pelo setor. No ano passado, considerados os 12 meses, esse porcentual chegou a 2%, o maior que havia sido registrado. A inadimplência representa um prejuízo de R$ 64 milhões, considerada a estimativa de faturamento do auto-serviço para este ano, que deve ficar em R$ 7 bilhões no Estado.

Os números foram apurados em uma pesquisa feita pela Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) com 21 empresas e cerca de 240 lojas entre julho e outubro. O resultado leva em conta os cheques que foram apresentados pela segunda vez junto aos bancos e também inclui documentos roubados ou clonados - que têm participação pequena no total. "O resultado nos surpreendeu e vamos adotar medidas para amenizar essa situação", afirma o presidente da Agas, João Carlos de Oliveira.

De acordo com ele, as empresas também poderão diminuir este índice com ações isoladas, através da cobrança dos valores. A próxima etapa do levantamento será a segmentação dos dados, para apontar quais são as regiões do Estado mais afetadas e os modelos de lojas mais prejudicados. "Apesar de os dados não estarem tabulados, sabemos que cheques de contas novas ou de outros estados são alguns dos que apresentam problemas", assinala.

A direção da Agas deve se reunir nos próximos dias para definir as estratégias. Para Oliveira, será necessário ter muita cautela, uma vez que os cheques representam um terço do total de vendas do setor. "De um lado não podemos afastar os clientes, mas por outro é impossível arcar com um índice tão alto de inadimplência", argumenta ele. A idéia é buscar parceria da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e das instituições bancárias para encontrar soluções. Uma das alternativas, aponta o presidente da Agas, seria a substituição gradual do cheque pelo cartão de débito.

Enquanto as medidas estão em fase de definição, a Agas recomenda aos supermercadistas a adoção de "cuidados caseiros", como pedir documentos do emitente e ter mais atenção em relação às contas novas, onde é maior a incidência de devolução dos cheques.


Artigos

A ditadura do Judiciário
Isar Marcelo Galbinski

Os recentes fatos ocorridos no Rio Grande do Sul, envolvendo a disputa pela posse de terras, estão induzindo a uma necessária reflexão. Estamos vivenciando a tentativa de transformação social a partir de decisões judiciais que ultrapassam os limites da lei. Elas pretendem, incidindo nos casos concretos, fazer valer os ideais de justiça e de eqüidade, segundo um perfil ideológico bem determinado, casualmente em sintonia com o esposado por determinado partido político. Cabe-nos a questão, enquanto cidadãos, se concordamos com tal atitude, pois qualquer manifestação do poder estatal, como é o Judiciário, emana do povo e em seu nome será exercido.

De 1964 à 1984, como sabido, amargamos a experiência de uma ditadura militar, com supressão e restrição de liberdades e direitos civis, onde o Poder Executivo reinava acima do Legislativo e do Judiciário, impedindo a existência de um Estado de Direito Democrático. A manifesta ofensa às prerrogativas do cidadão, mormente a liberdade, era a face cruel e repugnante do regime. Ultrapassamos, é certo, tal período nefasto de nossa história, mas parece que, no caso específico do Rio Grande do Sul, estamos ingressando em outro, não menos prejudicial. A ditadura do Judiciário explica-se a partir de uma série de decisões judiciais que, sob o manto da justiça social, ofende direitos individuais.

Passamos da ofensa à liberdade para a ofensa à propriedade. Não estamos negando a necessidade de melhorar a realidade social de nosso País, tão manifestamente desigual, como sabido. Todavia, não podemos aceitar que um único poder estatal arvore-se nesta pretensão agredindo direitos individuais consagrados na Constituição e nas leis. A transf ormação social deve resultar da ação coordenada e equilibrada dos Três Poderes, que são independentes, mas também harmônicos entre si. O sistema de tripartição do poder estatal estabelece a igualdade entre os poderes estatais, um não devendo sobrepor-se ao outro.

Esta, pois, foi a finalidade de fracioná-lo, de vez que antes concentrado nas mãos do Rei. Não devemos buscar a transformação social consentindo com a ampliação das atribuições de qualquer poder estatal isolado, ensejando uma verdadeira ditadura, na medida em que dito Poder ver-se-ia acima das leis para decidir aquilo que ele entendesse justo, pois o conceito de justiça é permeado de valor e ideologia. A sociedade precisa de segurança jurídica para produzir e desenvolver-se e não de um pretendido sistema interpretativo alicerçado no juízo axiológico dos julgadores, sem limites legais claros e definidos.


Colunistas

Cenário político - Carlos Bastos

PT deve se livrar do Clube da Cidadania
O presidente do Clube da Cidadania, Diógenes Oliveira, em seu longo depoimento perante a CPI da Segurança Pública, demonstrou que estava preparado para enfrentar seus inquisidores, citando inclusive o Código Civil. De seu depoimento, em que insistiu que nada foi feito de irregular, ficou patente que o Clube da Cidadania é um braço auxiliar do partido. Isto ficou mais do que evidenciado. Também ficou muito claro que não havia reuniões do Clube, e as tomadas de decisão se davam através de telefonemas. Fica patente que o PT gaúcho tem que ser pragmático e desfazer seus laços com o Clube da Cidadania o mais rápido possível. A agilidade petista não pode repetir a decisão do comando partidário de submeter Diógenes Oliveira à Comissão de Ética, com um prazo entre 30 e 45 dias para uma definição de sua pena. Está caracterizado que com o "carteiraço", no mínimo ele usou indevidamente e de forma inconveniente o nome do governador Olívio Dutra.

Diversas

Enquanto dirigentes regionais petistas estão na defensiva com relação ao Clube da Cidadania, e inclusive entendem se tratar de um fato normal, o governador Olívio Dutra e outras lideranças do PT acham que o melhor caminho a seguir é cortar a relação.

O deputado Vieira da Cunha apresentou dados de pagamentos do Clube da Cidadania de R$ 351.840,00. Os números divergem dos dados apresentados por Diógenes Oliveira ao Ministério Público.

Diógenes Oliveira afirmou que vai solicitar uma perícia técnica de contadores para demonstrar que não houve nenhum ato ilícito, e que todos os dados foram fornecidos à CPI ou estão nos arquivos do Clube.

Vieira insistiu que os números e cheques em seu poder não fecham com o relato de Diógenes Oliveira. Este insistiu que a compra da sede do PT foi feita com contribuição de empresários, militantes e colaboradores.

Diógenes fez questão de negar que a compra tenha sido feita através de dinheiro do jogo do bicho. Reafirmou que os recursos foram obtidos através de doações.

Diógenes denunciou também que o esquema das denúcias foi montado pela RBS e pelo Movimento de Direitos Humanos, que tiveram interesses contrariados na sua opinião.

O deputado Ivar Pavan, líder do governo, voltou a insistir que os dois milhões aplicados para a compra e construção da sede do PDT não procederam apenas da colaboração de militantes que tinham cargo de confiança no governo Collares.

Deputados pedetistas renovaram os pedidos para que obtivesse esclarecimentos com seu " correligionário" Sereno Chaise, que ocupava na época a presidência do PDT gaúcho.

Depois de ter apresentado, na CCJ do Senado, o seu Substitutivo à proposta de emenda constitucional que acabava com a imunidade parlamentar para crimes comuns, o senador José Fogaça vive, mais uma vez, a expectativa de ver esta matéria se encaminhar para a sua aprovação definitiva.
A espera tem sido longa. Afinal, somente dois anos e meio após a apresentação, o seu texto foi votado e aprovado pelo plenário do Senado, em junho de 1998. Mas, com isso, apenas a primeira etapa estava sendo superada, já que a proposta, então encaminhada à Câmara, por lá ficou dormitando. Agora parece que vai ser votado na Câmara Federal.

Última

O vereador Carlos Garcia (PSB) assumiu a presidência da Câmara Municipal de Porto Alegre ontem à tarde, na condição de vice-presidente da Casa. Ele permanece no cargo até o dia 10. Garcia substitui o presidente Luiz Fernando Záchia (PMDB), que representa o Legislativo da Capital em viagem à Venezuela.


Começo de conversa - Fernando Albrecht

Tem Plano B?
Um motorista de lotação resumiu muito bem a situação do Centro: a questão é saber se a prefeitura tem um segundo estágio nesta operação, porque os lotações entraram para tirar os camelôs das ruas mas isso não aconteceu. Além do que, tiraram os poucos espaços dos pedestres. E um leitor estranha a falta de críticas da página aos informais, dizendo que os camelôs invadiram com fúria a Borges de Medeiros, para azar de quem tem escritório nos prédios. Não é falta de crítica, não. É batalha perdida, salvo medidas mais corajosas.

Ligações perigosas

Alguns documentos e números de telefones bem como a freqüência de ligações repousam na CPI da Segurança. Provavelmente não serão revelados antes do relatório final, mas podem ser um guia muito útil para estabelecer conexões com a contravenção, com ou sem carteiraço. Em uma das quebras de sigilo telefônico teriam sido anotadas mais de 300 ligações para banqueiros. E não de bancos. De bancas.

Marketing político

Começa hoje na ADVB a 3ª Jornada Press e Advertising, cujo tema será Marketing Político: Sucessos e Fracassos. Cezar Schirmer, Sérgio Zambiasi, Alceu Collares e Miguel Rosseto debaterão com os jornalistas políticos Carlos Bastos, Jayme Keunecke, Cinara Hack e José Barrionuevo. Uma boa idéia é discutir não só os casos de sucesso como os fracassos pagos a peso de ouro. Que, aliás, são em número muito maior que os sucessos.

Amor virtual

A Internet facilitou muito a vida dos tímidos, que já tiveram um avanço nas suas tentativas de conquistas amorosas via classificados. Com o acesso virtual é toma-lá-dá-cá. Mas não para todos. Após conseguir um encontro com uma mulher, uma figura da praça fez uma nova exigência à moça: tudo bem, aprovou e coisa e tal, mas queria seu currículo antes de encontro a valer. Vai ser burocrata assim no Afeganistão.

Critério de pizza

Em audiência pública hoje às 12h na Comissão de Educação e Cultura da Assembléia, o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) promete falar grosso com o Conselho Estadual de Cultura. O MTG quer saber quais são, afinal, os critérios para se habilitar aos incentivos. Um dos casos passados que irritou a peonada foi a rejeição do projeto de Primeira Prenda do MTG em favor de um filme chamado Sexo, Orégano e Rock’n Roll. Acaba em pizza?

Personagens da cidade

Alguns negócios de rua em Porto Alegre literalmente passam de pai para filho. Caso de seu Milton dos Santos, guardador de carros nas imediações do Palácio Piratini, que tem a ajudá-lo seus dois filhos. Milton está no negócio há mais de 20 anos. Interessante é que, quando a EPTC comunicou que colocaria parquímetros na cidade, foi dito que o primeiro lugar em que eles seriam instalados seria na Praça da Matriz. Só que aí ficaria ruim para os companheiros. Tanto que até hoje estes parquímetros estão igual à Conceição: ninguém sabe, ninguém viu.

É duro

Deve ser duro para um político como Leonel Brizola descobrir, a esta quadra da vida, que os maiores inimigos que possui não estão fora da trincheira e em lugar bem visível, mas sim dentro dela. Pensando bem, estava certo o Brás Cubas, do velho e bom Mach ado de Assis.

No ar

O Diário Oficial do Estado do dia 1º publicou o aviso de licitação - tomada de preços para aquisição de um helicóptero, além de viaturas para a Brigada Militar. No caso do helicóptero, as propostas serão recebidas dia 16. A BM bem que precisa de um. Ao que parece, terminou a ojeriza do Econtra este tipo de equipamento.

Nomeação

O ex-interventor da Sudam, o gaúcho José Diogo Cyrilllo da Silva, foi nomeado pelo ministro Gilmar Pereira Mendes, da Justiça, como Corregedor-Geral da Advocacia Geral da União. Os trabalhos e a investigação das irregularidades na Sudam, porém, continuam.

Interesses

Hoje ou amanhã a OAB vai publicar nota nos jornais voltando à carga na questão dos depósitos judiciais. Sabe-se que em uma passagem, a OAB vai dizer que a coisa pública não pode ser misturada com interesses privados. O que a ordem quer dizer com isso?

Natal Luz

A Secretaria de Turismo de Gramado leva muita fé no Natal Luz deste ano. Os espectadores poderão ver o mesmo espetáculo de som, luz e águas dançantes em oito diferentes oportunidades, a partir do dia 10. Três tenores - Fernando Growemann, Rodrigo Cadorin e Roger Scartoon - interpretarão uma seleção de clássicos de Natal.

Miúdas

Prêmio Abras de Jornalismo Sul deste ano foi para a jornalista Cristine Pires, aqui do JC.

Inaugura amanhã às 19h no Parque Farroupilha a Cafeteria do Lago, localizada no antigo bicicletário.

Ciclo de Palestras Província/Sinduscon, sexta na Fiergs, discute o mercado de imóveis e novas tendências.

Porto Alegre, Agôsto 61, de Rafael Guimaraens, mostra como era a cidade neste ano. Lançamento quinta, 19h.

Arquiteto espanhol Manuel Barreras fala amanhã às 20h na Feevale sobre arte islâmica na Espanha.

TRT participará de 7 a 9 da 3ª Mostra Nacional de Trabalhos da Qualidade do Judiciário.

Eleições no Sindicato dos Contabilistas de Porto Alegre são hoje, das 12h às 20h.

Hospital Moinhos de Vento inaugura amanhã 19h30min o Serviço de Neurologia e Neurocirurgia.


Conexão Brasília - Adão Oliveira

O senador Pedro Simon está lançando na Feira do Livro "A luta pela candidatura própria do PMDB". Trata-se de uma coletânea de discursos feitos por Simon, da tribuna do Senado, em favor da candidatura própria do PMDB à sucessão de Fernando Henrique Cardoso. No mesmo dia 9, à noite, na PUC, Pedro Simon estará debatendo com o senador do PT paulista Eduardo Matarazzo Suplicy. Os dois são pré-candidatos à presidência da República pelos seus respectivos partidos.

Campanha

O ministro Pratini de Moraes, do PPB, passou o fim-de-semana gravando o programa do partido que vai ao ar no dia 8, no espaço político gratuito. O programa, que terá a duração de cerca de 20 minutos, foi gravado numa fazenda em Minas Gerais, no porto e no aeroporto da cidade do Rio de Janeiro. Pratini é candidatíssimo à presidência da República. Pelo PPB.

Ética

A bancada do PMDB, na Câmara, vai tentar incluir no pacote ético que começa a ser discutido, hoje, a Lei de Imprensa. Os peemedebistas querem uma revisão na Lei de Imprensa. Eles acham que está havendo muita irresponsabilidade por parte dos órgãos de comunicação do Brasil. Hoje, às 14 horas, a portas fechadas, a Lei de Imprensa será discutida.

Corte

O senador Pedro Simon, disse que já sentiu na carne a pressão de um grupo jornalístico por ter cortado verbas de publicidade. "Eles abriram espaço para a oposição e o governo acabou gastando rios de dinheiro respondendo a todos". Simon, em parte, concorda com o depoimento de Diógenes de Oliveira, na CPI da Segurança Pública, feito ontem à tarde no plenarinho da Assembléia Legislativa.

Estrutura

O presidenciável do PPS, Ciro Gomes, cansou de tanto trabalhar sozinho. Ele é assessorado por apenas uma pessoa. A partir deste mês, a coligação PPS/PTB vai abrir um escritório aqui em Brasília onde será montada uma estrutura profissional para Ciro. Um banco de dados de todos os estados está sendo organizado. Ciro, agora, terá mais condições de se dedicar à campanha eleitoral.

Alvo

Foi só a governadora ganhar exposição na mídia como candidata do PFL à presidência da República para que as oposições passassem a lhe dirigir acusações. Roseana tem dito que se for presidente vai priorizar a segurança pública "como fiz, aliás, no meu governo lá no Maranhão". A oposição adverte que lá no Maranhão "faltam mais de 3 mil PMs e mais de cinqüenta delegados de polícia". Ao se lançar candidata à presidência, Roseana colocou o "alvo nas costas".

Reforma

"Para o Brasil ser um País competitivo é preciso que se faça a Reforma Tributária e que se desonerem as exportações". A frase é do deputado federal Germano Rigotto, e foi dita, ontem, em São Paulo, quando ele participou da posse da nova diretoria do Sindicato dos Transportadores.


Editorial

Reunião da OMC no Catar é marco histórico

De nove a 13 de novembro, os 142 países membros da Organização Mundial do Comércio, OMC, estarão reunidos em Doha, no Catar. Depois dos atentados de 11 de setembro passado e dos protestos antiglobalização que abalaram Seattle, há um medo crescente pelo que possa acontecer, especialmente pelo fato de que os norte-americanos continuam jogando toneladas de bombas sobre o desértico Afeganistão, aumentando a ira dos muçulmanos. Os problemas em debate são diversos, mas o que está em jogo é o protecionismo do setor agrícola, praticado pelos Estados Unidos, pela União Européia e pelo Japão. Somados, os subsídios chegam a mais de US$ 360 bilhões anuais, que soterram as pretensões de países como o Brasil, onde o agronegócio, malgrado as barreiras tarifárias e fitossanitárias, é a estrela das exportações em 2001, que iniciaram novembro com superávit, obtido há sete meses seguidos.

O Brasil tem, é verdade, problemas internos, como o excesso de organismos no setor. São repartições com as siglas que terminam com "ex", como a Secex, Camex, Apex, Proex e o recentemente criado Gecex, do todo-poderoso embaixador Sérgio Amaral, que será o mascate número um do Brasil, liderando missões, tendo escolhido menos de uma dúzia de nações para assestar as baterias das vendas nacionais, incluindo o México, Alemanha, EUA, Reino Unido, Índia, Japão e a China. O Bndes tem a linha que financia as exportações, conhecido como Exim, tendo sido liberados, este ano, até setembro, US$ 2 bilhões. Em Paris, o presidente Fernando Henrique Cardoso discursou bonito e atacou o protecionismo dos EUA. Os franceses gostaram, Washington não, evidente.

Os interesses são muitos, mas, convenhamos, temos de nos organizar para entrar nesta guerra onde o jogo é pesado. O exemplo cabal nos foi dado pelo Canadá, que não se conteve e subsidiou, diretamente, a Bombardier, para não perder encomendas de aviões para a Embraer. Até o Mal da Vaca Louca foi atribuído pelos canadenses ao nosso rebanho, herbívoro. Além disso, temos uma escassa cultura exportadora, concentrada em grandes empresas. Pequenas e médias ficam de fora, não se interessam, enquanto o mercado interno vai bem. Temos 14 mil empresas exportadoras, das quais somente 200 grandes são responsáveis por 80% de tudo o que vendido pelo País no estrangeiro. De janeiro a setembro, exportamos um total de US$ 44,37 bilhões, sendo 26% para a UE, 24% para os EUA, 21% para a Aladi, países do Mercosul, mais Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Venezuela e México, 12% para a Ásia, 3% para o Oriente Médio, 3% para a África, 3% para a Europa Oriental e 7% aos demais países.

A meta brasileira em Doha, junto com os 18 países do Grupo de Cairns, maiores exportadores agrícolas mundiais, será conseguir amplo acesso aos mercados das n ações ricas, fórmula para vencer a recessão globalizada. Portanto, todos os olhos do mundo estão voltados ao Catar, minúscula península encravada no Golfo Pérsico, sendo o primeiro país árabe a sediar encontro da OMC, graças à persistência de Mike Moore, diretor-geral da entidade. Espera-se que entre protestos e apoio à antifada palestina haja espaço para celebrar o grande momento do encontro, a entrada da China na Organização Mundial do Comércio. Uns dizem que a OMC é braço do domínio econômico dos EUA e do Canadá, por exemplo, mas o Brasil ganhou cerca de 85% das demandas que fez na entidade, alguns contra o citado Canadá. Corporações supranacionais que dominam os mercados periféricos serão alvo de gritaria, tudo registrado pela nova estrela da comunicação, a televisão Al-Jazeera, que transmite a guerra do Afeganistão. O Brasil sairá vitorioso ou derrotado, jamais indiferente do Catar, em 1980 detínhamos 1,5% do comércio mundial, hoje apenas 0,9%. Mas não haverá milagres, em Doha.


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11/06/2001


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