DEPOIMENTO DE JUIZ NÃO CONVENCE SENADORES



O presidente em exercício do Tribunal Regional do Trabalho da Paraíba (TRT-PB), Ruy Elói, compareceu nesta quarta-feira (dia 28) à Comissão Parlamentar de Inquérito que apura irregularidades no Poder Judiciário para explicar acusações de nepotismo, superfaturamento na aquisição de imóveis, apropriação de recursos públicos e compras sem licitação. No depoimento de mais de quatro horas, o magistrado apresentou documentos que, segundo ele, comprovariam a legalidade de seus atos. No entanto, as explicações não convenceram os membros da CPI. - O depoimento não alterou a minha convicção de que o nepotismo existe e o superfaturamento ocorreu. O relatório final deverá conter essas avaliações - resumiu o senador Carlos Wilson (PSDB-PE), vice-presidente da CPI.Os senadores consideraram vagas as explicações do magistrado, principalmente aquelas em que ele alega "que os fatos foram praticados antes da sua gestão como presidente do tribunal". Para o presidente da comissão, senador Ramez Tebet (PMDB-MS) o depoimento não acrescentou muito, constituindo apenas uma "autodefesa" do juiz. "As irregularidades no TRT da Paraíba podem ser deduzidas pelo próprio depoimento", concluiu. Ruy Elói tentou rebater uma a uma as acusações feitas na própria CPI, pelo servidor do TRT-PB Antonio de Pádua. Com relação às acusações de contratação de parentes para cargos no tribunal, Elói disse que as nomeações de três de seus filhos foram feitas sem o seu conhecimento.- Minha filha, Romeica de Almeida Elói, foi contratada quando eu ainda era juiz de primeira instância. Outros dois filhos são concursados e ocupam cargos de confiança que não são da minha nomeação - argumentou.A acusação de que teria determinado a aquisição de computadores pela Comissão de Concursos do Tribunal junto à empresa de propriedade de um dos seus filhos teve explicação semelhante. Ruy Elói alegou que não era o ordenador das despesas da comissão, mas admitiu, após questionamento do senador Paulo Souto (PFL-BA), relator da CPI, que autorizou a compra de equipamentos na empresa de seu filho. O juiz, que presidiu a comissão do último concurso no tribunal e participou da coordenação de outros três, assumiu ainda que uma de suas filhas participou como fiscal das provas dos três últimos certames. Uma delas trabalhou no concurso realizado em 1995, quando tinha apenas 17 anos.

28/04/1999

Agência Senado


Artigos Relacionados


Depoimento não convence parlamentares

CPI das Ongs: depoimento não convence relatora

Depoimento de petista não convence deputados

JUIZ DO TRT-PB DEFENDE-SE DE ACUSAÇÕES EM DEPOIMENTO NA CPI

ADIADO DEPOIMENTO DO JUIZ NICOLAU

SENADORES DEFENDERAL FIM DO JUIZ CLASSISTA