Depoimento não convence parlamentares



O depoimento prestado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas nesta quinta-feira (23) pelo empresário de Piracicaba (SP) Abel Pereira - acusado de receber comissão por intermediar negócios junto ao Ministério da Saúde na gestão de Bargas Negri (PSDB), em 2002 - não convenceu os parlamentares.

O sub-relator da comissão, deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), acredita que o depoimento confirmou que Abel Pereira tinha relações com os irmãos Darci e Luiz Vedoin, acusados de serem chefes de uma quadrilha que negociava ambulâncias superfaturadas. O depoente afirmou que apenas conhecia superficialmente os Vedoin.

O vice-presidente da comissão, deputado Raul Jungmann (PPS-PE) considerou difícil acreditar na versão apresentada por Abel Pereira. Para Jungmann, é complicado entender como o empresário teria aceitado encontrar-se com alguém que havia sido preso por corrupção e depois solto pelo mecanismo de delação premiada, sem saber o que motivava a reunião ou sem ter nenhum assunto a tratar com a pessoa, conforme afirmou Abel Pereira sobre seus encontros com os Vedoin.

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) acredita que os irmãos Vedoin procuraram Abel porque viam nele uma "pessoa-chave" junto ao PSDB para negociar informações em troca de vantagens financeiras ou de outro tipo.

O presidente da comissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), destacou que os depoimentos que vêm sendo dados à CPI são notadamente organizados sob orientação de advogados e objetivam evitar incriminar os depoentes. Biscaia destacou que será na análise das contradições e no exame do conjunto dos depoimentos que os parlamentares buscarão as informações essenciais.

Sobre o depoimento de Abel Pereira, Biscaia acredita que o depoente tentou demonstrar que não tinha uma relação íntima com os Vedoin ou com o ex-ministro Barjas Negri, mas outros fatos podem evidenciar o contrário, como a quantidade de ligações telefônicas e reuniões que os une. Para Biscaia, já está claro que o grupo Planam, com os irmãos Vedoin à frente, destinava-se a atividades criminosas e que para isso procurava facilidades junto aos Poderes Executivo e Legislativo.

23/11/2006

Agência Senado


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