Depois da cassação, o difícil caminho de retorno à vida pública









Depois da cassação, o difícil caminho de retorno à vida pública
Ibsen Pinheiro passou por momentos difíceis em sua vida parlamentar. Depois de ser o principal ator, no Congresso, do processo de cassação do ex-presidente Fernando Collor de Mello, na condição de presidente da Câmara dos Deputados, Ibsen se viu incluído num processo, que considera eminentemente político, que culminou com a perda do seu mandato. Primeiro, Ibsen socorreu-se no trabalho como jornalista e comentarista esportivo para reiniciar o contato com a sociedade gaúcha. Recentemente, conquistou na Justiça uma decisão favorável que o absolveu daqueles que serviram de principal argumento para a sua cassação. E foi a partir dessa reparação, pressionado por companheiros de partido, que o ex-deputado decidiu buscar, no voto, disputando com muitos dos que foram os seus algozes, a tentar voltar ao Congresso Federal. Será o retorno pelo voto à Casa que o afastou da vida pública por oito anos.

Jornal do Comércio - Sua vida é baseada em três atividades: o esporte, o jornalismo e a política. Ao esporte e ao jornalismo já voltou. É a hora de voltar à política?

Ibsen Pinheiro
- Essas três vertentes são as marcáveis na minha vida. Me lembro que, menos de dois anos depois da cassação do meu mandato, encontrei um senhor no aeroporto de Belo Horizonte. Ele me reconheceu, se aproximou e me disse: "Vou lhe dar uma frase de José Américo de Almeida. Ninguém se perde no caminho da volta". No futebol, foi uma volta que aconteceu com naturalidade dois anos depois. Ao jornalismo voltei dois anos e meio atrás. E a atividade política deve estar acontecendo agora com a retomada de uma postulação eleitoral. Mas, para mim, o novo foi ter ficado de fora da atividade política, que veio natural na minha vida. Voltarei a fazer, agora, o que eu sempre fiz.

JC - O que o levou a tomar essa decisão de voltar à política agora?

Ibsen
- Sou uma pessoa com a situação estabilizada, aposentado, com uma vida profissional confortável e não muito exigente. Então, todas as condições de comodismo me levariam a concluir que não precisava enfrentar mais trabalheira e suas dificuldades naturais. Mas, para mim, é uma segunda natureza. Nos primeiros anos posteriores à perda do mandato, me senti um exilado dentro de casa. Acompanhando o noticiário pela televisão e rádio, tinha ânsia de participação. Então, me apelidei de coronel. Era como se eu fosse um coronel reformado cedo, que tinha ânsia de participação e que a drenava dando palpite sobre todos os assuntos que passavam no noticiário da televisão. Esta conduta é sinal de que fazer política é tão natural para mim quanto respirar.

JC - A sua eleição será o julgamento da sociedade pela sua cassação?

Ibsen
- Já tive mais de um julgamento. Houve um funcional, do Ministério Público; um administrativo, na Receita Federal; e um no Supremo Tribunal Federal. Tive, sobretudo, um julgamento das pessoas, dos amigos, dos conhecidos e dos estranhos, que me manifestaram apreço e solidariedade. Não vejo como um julgamento, embora, é claro, todos nós gostemos de receber um julgamento favorável dos nossos contemporâneos.

JC - O que tem dito aos seus antigos eleitores sobre sua cassação em suas viagens pelo interior?

Ibsen
- Tenho dito que, embora eu venha para a candidatura com a minha história inteira e o que ela tem de alegrias e de amarguras, não venho voltado para trás. Não pretendo ser uma estátua de sal. Venho voltado para o presente e para o futuro, com uma idéia de Brasil e com a intenção de oferecer soluções políticas para os nossos problemas. Algumas pessoas podem votar pelo passado, mas eu quero que, mesmo essas, saibam o que penso, o que sinto e o que quero para o presente e para o futuro. Quem compreendeu aqueles acontecimentos, compreendeu. Mas pretendo explicar para aqueles que não entenderam.

JC - E o que o senhor quer para o futuro?

Ibsen
- Nosso país tem muitos problemas de toda a natureza: econômicos, financeiros, sociais. O instrumento para o enfrentamento dessas questões, que é o aparelho de estado, está um pouco avariado. Na Constituinte, eu disse que nós estávamos redesenhando um Estado olhando para o espelho retrovisor, porque vínhamos de uma ditadura e queríamos vacinas. Por isso, não andamos muito para frente. Uma reforma no Estado que inclua as mudanças políticas necessárias é um passo essencial para fazer as outras reformas institucionais, como as tributárias, as econômicas, as sociais e a reforma agrária. A redefinição do Estado para que ele seja forte, e não obeso, para que seja ágil, não grande e lerdo, me parece uma proposta que interessa ao Brasil. É uma solução política, não partidária, porque nenhum partido pode oferecer esta solução. É preciso que seja uma solução suprapartidária. Consensual, se possível. Senão, por maioria.

JC - Como sua família encara seu retorno à política?

Ibsen
- Meus amigos se dividem. Todos percebem que eu mereço solidariedade e carinho. E todos me dão apoio, mas se perguntam também se eu já não contribuí com minha cota, inclusive com amarguras. Todos me mostraram os prós e os contras, mas me deixaram à vontade, ou seja, garantiram o apoio independente da decisão que eu tomasse.

JC - Não sendo um homem rico, como pagará o alto custo de uma campanha política para deputado federal?

Ibsen
- As minhas campanhas têm uma característica, não única, mas de todas as pessoas que sendo conhecidas e tendo uma imagem pública, como foram os candidatos bem votados na história do PMDB, o primeiro dos quais foi o Mendes Ribeiro, essas campanhas não têm o custo normal da campanha. A própria cobertura dos veículos faz o primeiro papel que é a divulgação. Portanto, uma divulgação natural de um nome conhecido, de um sola de sapato, eu faço uma campanha relativamente barata tem por isso mesmo campanhas infinitamente mais baratas. Depois, os financiamentos de campanha estão regulados, então, com recibos fornecidos pelos partidos é possível obter o apoio de alguns amigos abonados, de alguns empresários que percebem também responsabilidade social para contribuir com transparência mediante recibo e controle da justiça eleitoral. Mas no meu caso eu tenho certeza que é uma campanha barata e que eu espero que seja eficiente.

JC - A sua base eleitoral começava no partidão, passava pela fronteira oeste e se pulverizava por todo o estado, com votos pingados aqui e ali. E agora? Por onde o sr. vai começar a campanha?

Ibsen
- Eu tenho a impressão de que não houve uma mudança substancial. Eu acho que um resquício da minha velha ligação com a esquerda ainda está presente. A minha base regional na fronteira, eu acho que se manteve porque São Borja e a fronteira estiveram sempre muito solidários comigo. Porto Alegre e Grande Porto Alegre são bases naturais na minha atividade profissional da minha imagem pública. Além disso, eu caminho, eu faço tudo que um candidato deve fazer. Então, onde houver espaço, onde eu for convidado, vou estar presente. Sei que serão dias , até o dia da eleição, de muita caminhada, de muita saliva, muita sola de sapato.

JC - A decisão da Justiça que o absolveu de qualquer irregularidade no processo que culminou com sua cassação, é que lhe estimula a buscar a volta à Câmara Federal?

Ibsen
- O fato de eu ter tido decisões favoráveis se constituem num estímulo formal. Primeiro, eu tinha o julgamento da minha própria consciência, depois o apoio das pessoas que me conhecem. Algo muito importante nessa crise que eu passei, foi a conduta das pessoas que me conhecem. Veja os outros casos de alta repercussão com caráter, inclusive, de escândalo, como apareceram depoimentos de ex-motoristas, ex-empregados, ex-parentes, ex-esposas, e x-secretárias. Com exceção de ex-esposas, eu tenho todos esses outros ex aí, e não apareceu um, porque não há o que dizer. Então, estas coisas confortam. Quando a elas se junta o julgamento da decisão de instituições como o Ministério Público, a Receita Federal e do Poder Judiciário, então, fica claro que o teu passado, não só não te envergonha, como ele também se constitui em um depoimento favorável a ti, que te encoraja pedir aos cidadãos: quero representá-los.

JC - E como vai ser enfrentar os seus colegas que fizeram e organizaram a sua cassação?

Ibsen
Eu tenho uma noção muito clara de que naquele episódio a Câmara de Deputados foi tão vítima quanto eu. A Câmara dos Deputados foi vitimada com aquele processo, que teve uma força tal, uma energia própria, que se desencadeou sobre o Congresso Nacional. Foi uma coação irresistível que se estabeleceu.

Perguntam-me, também, o seu partido apoiou os seus companheiros? Eu acho que todos foram vitimas, não apenas eu. Foi um processo de uma violência tal, que era definido com uma expressão muito prepotente: não pode acabar em pizza. O que começa com esta formulação, só aceita um resultado. E o resultado tinha que ser a entrega, de pelo menos uma cabeça coroada, que significasse a própria instituição. Então, eu volto àquela casa certo de que ela foi vitimada, como eu, naquele processo.

JC - Na sua volta à política o senhor permaneceu no PMDB, quando ocorreu um racha aqui no Estado, e está solidário com a candidatura de José Serra à presidência, como o senhor vê o quadro regional e nacional da sucessão?

Ibsen
- Primeiro a minha permanência no PMDB teve um sentido prático. Era o único partido onde eu podia ficar, e não concorrer. Eu tive outros dois convites, e se eu os tivesse aceitado, eu teria assumido o compromisso de concorrer. Como não tinha essa decisão lá atrás, quando o prazo se encerrou, eu decidi: fico onde estou. Segundo, eu respeito quem gosta de mudar, até de casa, ou de cidade. Eu não gosto muito de mudar. Segundo, eu vejo que todos os partidos estão com deficiências que decorrem de um quadro partidário deformado pela falta de uma legislação partidária adequada ao fortalecimento dos partidos. Por exemplo, sou a favor da fidelidade partidária, mas não podemos instituí-la antes de uma reforma partidária. E não podemos fazer uma reforma partidária, sem antes fazermos uma reformulação do aparelho do Estado. Então, acho que devemos começar a batalha por onde ela deve ser começada: na redefinição do Estado, da legislação partidária e dos partidos, para que eles se criem em função de posições políticas programáticas. Há um desenho impreciso, os partidos não são iguais. De certa forma, há uma noção de partidos conservadores, de partidos revolucionários e de partidos moderadamente progressistas, que é onde eu me situo. Os partidos que querem a preservação do tecido social e institucional, transformando para avanços sociais importantes. Há também partidos assim. O que é existe é uma imprecisão nas fronteiras entre eles por causa de uma legislação imprecisa. Então, por isso, em todos os partidos, há pessoas que se identificam com a necessidade das transformações. A crise, de certa forma, é política, e a solução também é política, mas não é partidária. A solução é suprapartidária, e eu me insiro neste discurso.

JC - E a aliança em torno do Serra?

Ibsen
- Encaro esta aliança que se fez em torno do José Serra, como intencionada a preservar conquistas importantes no governo Fernando Henrique. E, ao mesmo tempo, romper com um certo imobilismo que resultou da ampla aliança que foi necessária fazer. Acho que houve uma alteração no eixo dessa aliança, e que é possível que o governo que daí venha a resultar, seja capaz de promover avanços importantes no plano das definições sociais no nosso país. Acho que no plano regional haverá também espaço para propostas neste sentido. Houve no Rio Grande uma deplorável radicalização de posições. Percebem-se excessos de parte a parte. Vejo também que é crescente o desejo de superar este radicalismo, de certa forma, tradicional do Rio Grande. Esse dualismo "Grenal" que já fez enfrentarem-se farroupilhas e imperiais, chimangos e maragatos. Nem sempre o dualismo tem as duas soluções. Com muita freqüência, é a síntese capaz de encontrar um caminho criativo. Vejo assim, também o Rio Grande.


PPB realiza primeiro comício em Marau
O PPB realizou neste final de semana, no município de Marau, o seu primeiro comício oficial destas eleições.

Segundo os organizadores, o encontro reuniu mais de duas mil pessoas no Clube do Caminhoneiro. Em seu pronunciamento, Bernardi voltou a repetir que pretende resgatar, nesta eleição, a marca do gaúcho, que é a palavra. "Por isso escolhemos a frase "Um governo de palavra" como slogan de campanha", explicou.
Bernardi pediu que os eleitores gaúchos, além de exigirem dos candidatos propostas concretas e viáveis, tenham cautela em relação àqueles que possuem um passado de incoerência quanto aos seus compromissos públicos. "A palavra de um homem público é patrimônio público e portanto não pode ser alterada apenas para atender interesses pessoais ou políticos", destacou.

Caso vença as eleições, Bernardi se comprometeu a realizar um governo comprometido com a austeridade e a eficiência. "A administração que queremos realizar pretende ser um modelo de desenvolvimento e de gestão pública e que se dedique a cuidar das famílias, pois quando a família vai bem a sociedade vai bem", avaliou.

Afirmou, ainda, que a prioridade de seu governo será garantir serviços de qualidade nas áreas da educação, "que será tratada como a prioridade das prioridades, pois será a nossa estratégia para alcançar o desenvolvimento e a justiça social", saúde, segurança, emprego, habitação e alimentação.

O pepebista disse estar preparado para governar o Estado e assegurou que irá fazer um governo de apoio e de estímulo à ciência, à tecnologia e às atividades emergentes. Prometeu, ainda, diminuir as desigualdades regionais.


Rigotto lança a logomarca de sua campanha eleitoral
A coordenação da coligação União Pelo Rio Grande apresentou à imprensa, na sexta-feira, a logomarca e as principais peças de campanha da candidatura Germano Rigotto-Antônio Hohlfeldt. Presente ao ato, na sede regional do PMDB, Rigotto leu nota analisando as marcas já lançadas pelos adversários Tarso Genro e Antônio Britto.

No texto, disse que Tarso escolheu o 'Sim ao Rio Grande' como logomarca para esconder o que representa o governo Olívio-PT, que só teria dito 'Não' ao Estado. "O governo do PT é o governo do não ao desenvolvimento, ao repasse aos municípios e ao funcionalismo", disse.

No caso de Britto, ele teria escolhido um coração "para esconder a frieza tecnocrática que caracteriza a sua atuação política, seu desinteresse pelo sentimento e pela opinião dos cidadãos gaúchos". Para Rigotto, "é um coração artificial, destituído de paixão e solidariedade".

Rigotto explicou, ainda, que sua coligação não se restringe ao PMDB, PSDB e PHS, porque estaria interagindo com todas as representações da sociedade gaúcha. Afirmou, também, que o slogan 'Paixão Pelo Rio Grande' demonstra que sua campanha será alegre, com energia positiva e confiante. "Será uma campanha com esperança e passando esperança, de que com a união de todos venceremos os desafios para melhorar a vida de todos os gaúchos", comentou.


Input, um encontro para debater a televisão
O encontro O Melhor do Input (International Public Television), fórum mundial que permite olhar através das fronteiras nacionais e culturais o que de melhor tem se produzido para a televisão no mundo, continua hoje em dois horários. Às 16h, na Sala P.F. Gastal (Usi na do Gasômetro), serão exibidos dois filmes: o documentário canadense Mandela (1987) e o curta de ficção holandês O Dia em que Decidi ser Nina (2001), um dos nove episódios de uma série sobre crianças tomando decisões fundamentais que afetam o resto de suas vidas.

Às 19h30min, no Instituo Goethe (24 de Outubro, 112), a jornalista canadense Marie Wilson, que atuou como diretora de programação do canal CBC, fala sobre a a relação entre produtores independentes e programadores de tevê. Também serão exibidos o telefilme sueco O Novo País (2001) e o documentário alemão A Fábula da Baleia Branca (2001). Entrada franca.


Mãe de Deus inaugura amanhã centro pioneiro
Será inaugurado amanhã, às 19h30min, o Mãe de Deus Center, em Porto Alegre. O estabelecimento surge como um projeto pioneiro, ao integrar diagnóstico e tratamento, o que irá beneficiar paciente e médico, além de reduzir custos. A Congregação das Irmãs Missionárias Carlistas-Scalabrinianas, responsável pela administração do Hospital Mãe de Deus, no bairro Menino Deus, também será a gestora do empreendimento.

O Mãe de Deus Center vai abrigar 25 clínicas e cerca de 200 médicos e funcionará no America Business Square - conjunto de três torres localizado na rua Soledade, 600, bairro Três Figueiras -, que também abrigará um hotel com 120 apartamentos gerenciado pelo Grupo Novotel, além de um Centro de Escritórios de Negócios e de um Centro de Convenções. O complexo contará, ainda, com estacionamento, praça de alimentação, restaurante e shopping de serviços de saúde.

Segundo o diretor-médico do Hospital Mãe de Deus, Alberto Kaemmersur, o novo modelo estará comprometido com o novo conceito de integração, através de prontuário único, com acesso codificado para acompanhar o histórico do usuário. "A atual tendência de gestão em saúde é de que os hospitais se transformem em centros de terapia, o que ajudará a reduzir custos", afirma.


Investidores estrangeiros e nacionais disputam linhas de transmissão no Estado
Empresas e consórcios brasileiros, argentinos, espanhóis e suíços disputam três lotes de linhas de transmissão no Rio Grande do Sul que será leiloado pela Agência Nacional de Energia (Aneel). O leilão, ao todo, contará com oito lotes, de 11 linhas de transmissão distribuídas pelo Brasil, com 32 empresas disputando. O evento, que teve a data transferida de julho para 15 de agosto, acontecerá na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.

Conforme a Aneel, este é o maior número de empresas interessadas num leilão de transmissão promovido pela agência. As concessões destinam-se à construção, operação e manutenção de 1.849 quilômetros de linhas de transmissão em sete estados das regiões Sul, Sudeste, Norte e Nordeste. O leilão será dividido em oito lotes, nos quais serão oferecidas 11 novas linhas, com investimento previsto de R$ 912,2 milhões.

No Estado, a Aneel está ofertando linhas de transmissão ligando a subestação Presidente Médici (Candiota) a subestação Pelotas 3 (Lote A), Uruguaiana a Santa Rosa (Lote B) e Campos Novos, em Santa Catarina, a Santa Marta, no Rio Grande do Sul (Lote C). Todas as estruturas são de 230 kV e com extensões superiores a 100 quilômetros.

O diretor de Transmissão da Companhia Estadual de Energia (CEEE), Válter Luiz Cardeal, considera uma questão estratégica para a empresa gaúcha a aquisição de algumas dessas linhas. "Entraremos com força na tentativa de ganhar um ou dois lotes", diz Cardeal. A CEEE disputa os Lotes A e B e participa do consórcio Planalto Transmissões que concorre à concessão do Lote C.

Cardeal não se surpreendeu com o interesse estrangeiro nas linhas gaúchas. "Regras claras atraem o investimento e há a idéia de se ampliar a privatização dentro da área de transmissão brasileira", explica Cardeal. Outro motivo para o grande interesse é a perspectiva de melhor remuneração pela transmissão. Até o momento, a iniciativa privada se interessou mais pelas concessões das áreas de distribuição, como no caso gaúcho, onde Rio Grande Energia (RGE) e AES Sul adquiriram áreas antes controladas pela CEEE.

Os vencedores do leilão serão os grupos que ofereceram propostas mais baixas de receita máxima permitida, ou seja, os que cobrarem menores preços pelo serviço serão os ganhadores. O teto de receita anual máxima do Lote A é de cerca de R$ 8 milhões, do Lote B, R$ 26,5 milhões e do Lote C, R$ 12 milhões. Depois de conhecidas as empresas que ficarão responsáveis pelas linhas, os valores serão encaminhados às companhias por intermádio da Aneel.


Artigos

Um dólar diz tudo...
João Mellão Neto

A imagem que ilustra uma nota de dólar, embora poucos já tenham reparado nela, nos é bastante familiar. É um dos lados do "Grande Selo dos Estados Unidos" e está impressa à esquerda, na parte de trás da nota de um dólar. Se você tiver consigo uma cédula, vale a pena dar uma espiada. Esse selo foi criado por Thomas Jefferson e alguns companheiros, logo após a declaração de independência, em 1776, e possui uma clara inspiração maçônica. Ficou esquecido durante muitos anos até que, na década de 1930, o presidente Franklin Roosevelt ordenou que fosse, para sempre, timbrado no dólar. Vivia-se, à época, a Grande Depressão. E o presidente americano tomou a medida com uma forma de elevar a auto-estima do povo. Aquela imagem simbolizava os grandes ideais sobre os quais fora fundada a nação. Naquele momento de grandes dúvidas em relação ao futuro, era muito importante que os americanos relembrassem as suas origens.

No dia 4 de julho os Estados Unidos da América comemoraram mais um aniversário de sua fundação. Os tempos são outros. Eles são, agora, não apenas a maior nação do mundo, mas também a maior potência de toda a História Universal. George W. Bush, um republicano, é o seu presidente. E, para quem procura decifrar os seus desígnios, a melhor pista ainda é o "Grande Selo". O que, afinal, ele simboliza? Vamos tratar de decifrá-lo.

Em seu centro há uma sólida pirâmide inacabada com 13 patamares. Cada patamar representa uma das 13 colônias que se uniram para a fundação. A obra não está completa porque os pais da pátria reconheciam que ainda havia muito a construir. Mas em seu topo, brilhando, está nada menos do que o "olho de Deus". Annuit coeptis - a inscrição latina não deixa dúvidas. Quer dizer algo como "Ele atendeu às nossas preces" ou "Ele abençoou a nossa obra". Embora muitos não acreditem, os norte-americanos são um dos povos mais religiosos do planeta.

A pirâmide, propositalmente, está de costas para o mundo. E o mundo, atrás dela, está representado por um deserto. Há nuvens negras sobre ele. Elas representam a fumaça dos canhões. A América, a nova nação, quer distância das velhas civilizações e de suas enormes mazelas. O dístico à frente da pirâmide deixa claro esse objetivo: Novus ordo seclorum - uma nova ordem secular. Contrastando com o solo árido atrás da pirâmide, à sua frente as plantas começam a vicejar. Uma nova ordem, um novo e fecundo mundo.

Uma nova sociedade, isolada do resto, que se ergue sobre alicerces sólidos e se constrói sob a bênção de Deus. Esta é a América, exatamente como foi idealizada por seus fundadores. Esta, ainda, é a América de hoje. Ao menos aos olhos da maioria dos americanos comuns. É sobre essa visão de América que se sustentam, ideologicamente, os adeptos do Partido Republicano. E Bush, vale lembrar, é um fervoroso republicano... No início do século XX, os Estados Unidos já eram a maior potência industrial do mundo. Uma verdadeira nação-continente, os americanos eram, em quase tudo, auto-suficientes. Só não tinham forças armadas, o que, aliás, nem queriam ter.

A tradição americana sempre foi a do isolacionismo. Foi ex tremamente difícil convencê-los a entrar na Primeira Guerra Mundial. Uma vez que entraram, com seu gigantesco poderio industrial literalmente esmagaram os adversários. Na Segunda Grande Guerra, a relutância foi a mesma. Os combates, na Europa, começaram em 1939. Apesar dos dramáticos apelos, os americanos recusaram-se a se engajar até o final de 1941. E, mesmo assim, só depois de agredidos diretamente em Pearl Harbour. Novamente o peso da indústria americana foi o que fez a grande diferença. O que tem tudo isso que ver com a realidade de hoje? Muito.

Nós invejamos os americanos, nós odiamos os americanos, nós os acusamos de exploradores, intervencionistas, arrogantes e um monte de outras coisas. É o caso de perguntar: e eles? O que os americanos sentem por nós?

Nada...
Essa é a dura verdade. A economia americana, com relação ao mundo, proporcionalmente é muitas vezes maior do que a do Estado de São Paulo perante o resto do Brasil. Os Estados Unidos detêm um terço do PIB mundial, são líderes em praticamente todos os setores da economia, o dólar é uma moeda de curso universal e o inglês é falado, ou entendido, em todos os cantos do planeta. Para que se incomodar com os outros? Dentro dos Estados Unidos, duas visões de mundo se digladiam. Há, de um lado, os políticos democratas, que entendem que a América tem uma responsabilidade moral com relação aos demais países. Cabe aos Estados Unidos promover a liberdade, a democracia os direitos humanos junto a todos os povos. Mas também há, de outro lado, os republicanos, para os quais "o resto do mundo que se lixe". Cada país que cuide de si, desde que não incomode ou ameace os Estados Unidos. Esta visão, aliás, é a típica do cidadão americano comum.

Europa, Ásia, América Latina, para ele, é tudo a mesma coisa. Ou seja: nada.

Não pergunte a um americano o que ele pensa do Brasil. A resposta está lá. Na parte de trás de uma nota de dólar.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

Foi dada a largada!
Começaram as campanhas eleitorais. E, nada é definitivo. Os números que os institutos de pesquisa estão mostrando hoje, não são, necessariamente os que aparecerão nas urnas do TSE.

Em eleição, como em política, tudo pode acontecer.

O processo político é muito dinâmico. Uma declaração de um candidato poderá levá-lo à desgraça, um gesto de um outro poderá colocá-lo na berlinda. Ações muitas vezes despretensiosas poderão ter influência
definitiva no processo eleitoral.

Foi assim nos estertores da ditadura.

O MDB cantava de galo, graças a simpatia popular que o partido havia conquistado nos grandes centros por combater os governos militares. Parecia que, naquelas eleições o partido, comandado por Ulisses Guimarães, conquistaria um caminhão de votos, varrendo a Arena - partido que defendia os governos militares - do cenário político brasileiro.

Não foi bem assim.

O MDB venceu as eleições nas capitais e nas grandes cidades, mas no Brasil de dentro, nos grotões a Arena deu de relho no partido que se opunha ao governo central.

Já num passado mais recente, em 1989, o deputado Ulisses Guimarães, foi candidato à presidência da República pelo PMDB. Seu partido estava organizado em todo o País. Com todo o prestígio de "Condestável da República" Ulisses colocou apenas 5% dos votos destinados a eleger o presidente da República.

Foi uma decepção.

Eu quero demonstrar com isso que num processo eleitoral nada é definitivo. O que vale é a verdade das urnas. Que o voto votado, seja o voto apurado. Não existe favoritismo. O resto é balela!

Em São Paulo concorriam para prefeito da cidade o atual presidente da República, Fernando Henrique e Jânio Quadros. Fernando Henrique era favoritíssimo. Os institutos de pesquisas encontraram uma distância tão grande entre os dois que FHC, às vésperas da eleição, se deixou fotografar, por uma grande revista semanal, sentado na cadeira do prefeito, como virtual vencedor do pleito. Perdeu.

Jânio venceu. Depois da posse, antes de sentar-se na cadeira de prefeito, mandou desinfetá-lo para ensinar a
FHC que não se deve contar com aquele ovo que a galinha ainda não expeliu.

Urna também é assim.

Não fosse assim o número de prefeituras à disposição de uma campanha seria suficiente para ganhar a eleição.

José Serra, por exemplo, candidato da coligação PSDB/PMDB, tem uma estrutura duas vezes superior a de seus adversários, Lula, Ciro e Garotinho - com o maior número de prefeituras à seu serviço - , mas não é o favorito e nem consegue consolidar o seu nome como segundo lugar nas pesquisas de opinião pública.

E, assim será com todos os candidatos por todo o Brasil. O favoritismo não existe. Se ganha eleição com uma campanha coerente, com um discurso empolgante que atenda aos interesses da população e, muito trabalho.

E o resto é muita propaganda, panfletagem a valer, comício, passeata, carreata, aperto de mão e olho no olho.

E grana. Muita grana!


FERNANDO ALBRECHT

O protegido
Ora, ora vejam só como a ciência nos surpreende a cada dia com inovações espetaculares, capazes até de desmentir o brocardo de que lei é igual para todos. É verdade que, às vezes, mais igual para uns do que para outros. O dono deste veículo estacionado quase todos os dias na esquina da Siqueira Campos com Leonardo Truda, Área Azul, conseguiu inventar uma tinta que o deixa invisível, mas só para os azuizinhos. Nunca é multado e nunca se viu no parabrisa o tíquete correspondente.

E agora, José?
A pesquisa do Ibope que coloca Antônio Britto à frente de Tarso Genro, embora caracterizando um empate técnico, faz tremer as bases dos estrategistas de Tarso. Nas últimas pesquisas, Tarso estava à frente de Britto e agora a situação se inverteu. Curiosidade é saber como o PT vai encarar a situação. Até as pedras do caminho sabem que o problema de Tarso junto ao eleitorado é a administração Olívio Dutra.

Casa do Povo
Na prestação de contas da Assembléia Legislativa, o presidente Sérgio Zambiasi, abala a idéia de que políticos gastam a rodo e sem controle. Terminou, por exemplo, aquele negócio de aviãozinho da alegria pago pelo contribuinte - cada deputado tem uma verba fixa e dentro dela que se vire. Em vez de construir um anexo, a Assembléia reaproveitou áreas internas e ganhou 1,6 mil m2 de espaço.A Assembléia, que já teve quase mil funcionários mais os CCs, hoje tem apenas 380 efetivos. Desde 1985 que não é feito concurso.

Nunes X Dvoskin
Não caiu muito bem a entrevista que o jornalista Augusto Nunes, hoje no JB e ex-diretor de redação de ZH, deu para a revista Press. Nunes contou episódios envolvendo a direção da RBS e seu relacionamento com Marcos Dvoskin, ex-RBS e ex-diretor da Editora Globo, que lhe deu emprego na revista Época. Dvoskin, hoje rompido com Nunes, prepara uma resposta dura. Na entrevista, Nunes esqueceu de mencionar, entre outras coisas, que tentou, sem sucesso, demitir a jornalista Ana Amélia Lemos.

Venda de hotel
Antes das obras de duplicação da BR-101 começou também a corrida de grupos hoteleiros para adquirir um grande, se não maior hotel do litoral gaúcho, que fica em Torres. Ao que tudo indica até investidores estrangeiros estão interessados no negócio, atraídos pelo incremento do número de turistas que a duplicação da estrada sem dúvida vai levar ao litoral.

Passando da conta
Os travestis que pedem esmolas ou tentam vender badulaques na esquina da Ramiro Barcelos com a Cristóvão Colombo estão passando da conta. sexta-feira, por volta das 16h30min, um deles ofendeu pesadamente uma mãe que dava de mamar a um nenê no banco traseiro do carro só porque ela disse que não tinha dinheiro. Não contente com a ag ressão verbal, desferiu um soco no vidro do carro.

Moinhos de Vento
Saiu o relatório 2001 do Hospital Moinhos de Vento. O índice de satisfação dos clientes passou de 87% em 200 para 90,1% ano passado; o grau de endividamento caiu de 1,39 para 1,35 e a liquidez corrente pulou de 1,45 para 1,92. Em 2001 o HMV assumiu a gestão do Hospital São Rafael, no Vale dos Sinos. E para quem diz que o Moinhos atende só a elite, lembre-se que ele administra a Unidade Básica de Saúde do Morro da Cruz.

Posse na Fiergs
O novo mandato de Renan Proença a frente do Sistema Fiergs começará dia 11 com uma cerimônia simples, antecedida pela apresentação de um balanço da atual gestão. Estarão presentes os dirigentes de outras federações de indústria do País, e os presidentes da Farsul, FCDL, Fecomércio e Federasul. Por determinação regimental, um terço das diretorias do sistema devem ser renovadas.

Adeli X Bisol I
De novo o secretário José Paulo Bisol desancou a imprensa, desta vez quando da cerimônia de inauguração das novas instalações da SJS. A culpa é do sofá. Mas não é só a oposição (ou a imprensa) que o criticam. O vereador petista Adeli Sell reclamou alto e bom som do secretário Bisol, queixando-se que não obtém resposta para suas cartas sugerindo a criação da Delegacia do Turista.

Adeli X Bisol II
Adeli foi enfático. "Se o Bisol for contra que diga que é, que vou ver outras esferas com quem eu possa dialogar. O que não pode acontecer é ele nunca dar atenção para nada do que se propõe. Isto para mim é uma forma de soberba e arrogância que não se coaduna com o modo petista de governar", reclama Adeli. Aliás, em Salvador existe uma Delegacia do Turista que funciona muito bem.


CARLOS BASTOS

Críticas antecipam índices das pesquisas
O recrudescimento das críticas dos demais candidatos contra Antônio Britto nos dias que antecederam a divulgação das pesquisas de opinião pública eram um indicativo de que o candidato da aliança PPS-PFL tinha melhorado sua posição. Supõe-se que transpiraram os índices levantados pelos institutos de pesquisa, daí a intensificação dos ataques ao ex-governador. Os números apresentados pela Vox Populi e pelo Ibope vieram confirmar que Britto tinha ultrapassado seu principal concorrente Tarso Genro, do PT, ficando com três pontos à frente. É mais uma pesquisa monstrando que a disputa pela sucessão gaúcha está polarizada entre o candidato do partido que está no governo e o ex-governador que antecedeu a atual gestão. O candidato do PPB, Celso Bernardi, ficou com 7%, Germano Rigotto, do PMDB, com 4%, e José Fortunati, da Frente Trabalhista, com 3%.

Diversas
  • Outro dado da pesquisa que pesa em favor da candidatura de Antônio Britto, neste momento, é pela primeira vez ter vantagem sobre Tarso Genro na disputa do segundo turno, por seis pontos. Ele está com 48% e o petista com 42%.

  • A partir de agora, o acompanhamento das pesquisas sobre a sucessão estadual será a espaços menores, pois já se anunciam algumas para o próximo final de semana, e sabe-se que sete dias depois haverá novos números.

  • Hoje, serão conhecidos os resultados para os candidatos ao Senado Federal e para a presidência da República no Rio Grande do Sul.

  • O candidato do PDT ao governo, vereador José Fortunati, lança hoje, às 16h, em café no City Hotel, a logomarca de sua campanha e seu novo site na internet.

  • A prefeita de Florianópolis, Angela Amin (PPB), estará participando esta noite de um jantar-debate no Instituto de Estudos Empresariais, no Ritter Hotel.

  • Neste final de semana já começaram a aparecer os primeiros muros pichados e os banner nos postes das ruas, como acontece na Avenida João Pessoa, principalmente com candidatos do PT.

  • Os partidários do candidato ao governo Antônio Britto optaram por um grande bandeiraço, especialmente nas rótulas da capital.

  • O candidato ao Senado Paulo Paim, do PT, marcou o início de sua campanha em Caxias do Sul, sua terra natal, e Canoas, onde fez toda sua carreira política depois de longa militância sindical.

  • Vários candidatos ao governo e ao Senado pretendiam marcar presença no Brique da Redenção neste domingo, mas foram impedidos pelo mau tempo.

  • O presidente da Assembléia, deputado Sérgio Zambiasi, pretende interiorizar as transmissões da TV Assembléia para os 16 municípios que contam com retransmissoras da Net no interior do Estado. E vai abrir oportunidade para apresentação de programações para as Câmaras Municipais, como já acontece em Porto Alegre.

    Última
    Os analistas políticos que examinam os detalhes dos números apresentados pelas pesquisas de opinião estão dando especial atenção para um fato relacionado com os últimos levantamentos para a Presidência da República. Além de ter crescido em seus índices, ficando parelho no segundo lugar com o governista José Serra, Ciro Gomes, do PPS, é o que perde no segundo turno pela menor diferença. Os especialistas entendem que isto pode catapultar sua candidatura para uma segunda posição folgada.


    Editorial

    SOJA DEVE TORNAR-SE UM GRANDE NEGÓCIO DA CHINA

    A alta do dólar estava prevista, as desculpas é que se sucedem, primeiro as pesquisas, depois o risco-Brasil, agora o vencimento das dívidas das empresas brasileiras, concentradas nos próximos meses. Além, é claro, de uma boa dose de especulação e do efeito manada. Em vez de comprar o dólar na baixa, este ano esteve em R$ 2,28, há os que preferem correr atrás da moeda norte-americana porque ela está batendo em R$ 2,90. Questão de gosto, mas um paradoxo. No entanto, as exportações nacionais, um dos quesitos mais importantes para medir justamente o risco de um país, passam dos US$ 2,6 bilhões, até junho. O principal produto do agronegócio nacional, a soja, ainda tem espaço para crescer, em volume de exportações e em preços. As cotações superam US$ 4,70 por "bushel", ou 27 quilos, valor mais alto registrado desde setembro do ano passado. Como os EUA devem diminuir a área plantada, é possível que os preços mantenham a consistência.

    No segundo semestre, com a anunciada recuperação da economia mundial, de 2,8% segundo o FMI, aí sim o agronegócio brasileiro terá a hora e a vez. O consumo mundial de alimentos está subindo e os estoques mundiais diminuindo, com o que o preço das principais commodities está valorizado, casos do arroz, milho e do trigo. Estes três últimos produtos têm estoques menores em 39 milhões de toneladas, fato que também deve ocorrer com o café e o cacau, onde o Brasil desponta.

    Mas a soja é que deve continuar sendo a estrela das exportações, com muita produção e também elevação do consumo em 7%. Isso é muito bom, pois as cotações estiverem nos seus piores índices dos últimos 30 anos.

    Como calcula-se que a China importará 32 milhões de toneladas, ou 40% dos embarques globalizados da
    oleaginosa, o Brasil e a Argentina devem se beneficiar, pois hoje 50% da soja exportada no mundo vem daqui e dos nossos "hermanos". A participação da soja brasileira deve continuar subindo ao longo desta década, chegando a 35% em 10 anos. No entanto, para continuarmos bem com o mercado chinês temos de providenciar, rapidamente, em certificados de validade internacional, comprovando que o nosso produto não é transgênico, exigência dos asiáticos. Como exportamos, em 2001, 3,2 milhões de toneladas para a China, temos de resolver logo este quesito, em dezembro as portas do gigante amarelo estarão fechadas para quem não cumprir as determinações, lá só produto limpo. Os norte-americanos estão produzindo grãos geneticamente modificados em 74% da soja, o mesmo ocorrendo com o milho e o algodão. Os ianques esperam que as resistências ao consumo dos alimentos geneticamente modi ficados continuem diminuindo, eis que nenhum dano à saúde humana foi, oficialmente, comprovado até agora. Portanto, temos aí alguns sinais positivos no agronegócio, que responde por 40% das exportações, gera 30% dos empregos e boa parte da renda nacional, embora o salutar avanço nas vendas externas dos produtos industrializados, caso das aeronaves da Embraer e dos automóveis. Depois de um lustro amargando quedas insuportáveis nos preços, os produtos agrícolas ganham folga que ainda não é a ideal mas que, por certo, trará uma boa recuperação às finanças dos produtores e às reservas cambiais do Brasil, fundamental para afastar os temores dos mercados e o apetite dos especuladores. Finalmente porém importante, especialistas internacionais afiançam que o preço das commodities iniciará, neste final do ano, direção altista, que continuará em 2003 e deverá consolidar-se até 2005.


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    07/08/2002


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