Deputados do PT acreditam que depoimento de Krischke não revelou nada de novo
Para o líder do Governo na Assembléia Legislativa, Ivar Pavan (PT), o depoimento do presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, não acrescentou nenhuma novidade que possa ajudar as investigações da CPI da Segurança Pública. “Infelizmente assistimos uma série de denúncias requentadas contra o chefe de Polícia, contra delegados e contra o corregedor da Polícia Civil, todas elas já analisadas e arquivadas pelo Ministério Público e o Poder Judiciário. A grande novidade apresentada por Krischke foi a crítica feita ao Ministério Público que foi chamado pelo depoente de Triângulo das Bermudas”, argumentou Pavan.
O deputado Ronaldo Zülke (PT) lamentou que a CPI esteja servindo de instrumento para os setores que não aceitam a regulamentação da vídeoloteria atacarem o Governo. “A quem interessa que esta modalidade de jogo permaneça na clandestinidade, se nãos aos criminosos”?, questionou Zülke. O líder do Governo concorda com a tese. “A clandestinidade lava dinheiro e a regulamentação é a única forma do Estado controlar esta atividade ilícita e evitar a lavagem de dinheiro por parte do crime organizado”, afirmou Pavan.
Zülke entregou ao relator da CPI, deputado Vieira da Cunha (PDT) um conjunto de documentos com cópias das sentenças judiciais emitidas no Rio Grande do Sul sobre o funcionamento das máquinas de jogos eletrônicos.
Os parlamentares petistas estranharam a postura do presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos. “Ele condenou todos: Governo, Ministério Público, a Força Tarefa que trabalhou na CPI do Crime Organizado, a Assembléia Legislativa, o Poder Judiciário, a chefia de Polícia, o Conselho Superior de Polícia, a Corregedoria da Polícia Civil, ou seja, na opinião de Krischke, todas as instituições estão sob suspeita e o único que paira acima do bem e do mal é ele próprio”, salientou Zülke.
Pavan ressaltou ainda que a Força Tarefa teve seu trabalho elogiado por todos os partidos que participaram da CPI do Crime Organizado. “Qual o interesse de Jair Krischeke em tentar desmoralizar a Força Tarefa e o Ministério Público? Na minha opinião, isto precisa ser melhor esclarecido”.
Requerimentos- Ivar Pavan e Ronaldo Zülke encaminharam requerimento solicitando a convocação de nove novas testemunhas. Sete delas são ligadas a empresas de jogos e foram citadas no dossiê divulgado na semana passada pelo presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos: Antônio Carlos Portugal, procurador da empresa Chance; Carlos Alberto Martinez de Azambuja, procurador da empresa Neojuegos; Mário Alberto Charles e Silvana Luca, proprietários da Kater Administradora de Eventos; João Carlos Cunha, denunciado como um dos mais influentes banqueiros do jogo do bicho de Porto Alegre; Thales Carvalho citado como o maior banqueiro do jogo do bicho da capital e Eduardo Noal Viulicino, representante as empresa Tecno Turfe. Os petistas solicitaram também o depoimento dos delegados de polícia Abílio Andreoli Pereira, que em 1997 liberou o funcionamento de máquinas eletrônicas de jogos e hoje está afastado da polícia por suspeita de envolvimento com crime, e Hilton Müller, além de cópias do inquérito policia em que Thales Carvalho figura como denunciado.
Zülke também propôs que a CPI solicite a ata da reunião do Conselho do Movimento de Justiça e Direitos Humanos que discutiu o tema. O deputado havia feito o pedido a Jair Krischke, que se recusou a entregar o documento. Krischke observou ainda que só entregará a ata se for obrigado pelo Poder Judiciário. “Diante desta negativa, só posso concluir que documento entregue à Assembléia por Krischke não foi uma iniciativa do MJDH, mas uma decisão pessoal do presidente e outros dois integrantes do Movimento.
Polêmica - A justificativa apresentada por Zülke para a convocação do delegado Hilton Müller provocou reação de deputados oposicionistas. O petista referiu-se à denúncia apresentada pelo Ministério Público contra o delegado por abuso de autoridade e constrangimento de testemunhas da CPI do Crime Organizado. Segundo Zülke, a reação destes setores mostra a intenção de esconder determinados fatos da sociedade gaúcha. “Este delegado, sobre o qual pesam as denúncias, está sendo convidado para assessorar a CPI e isto é inadmissível”, frisa.
06/25/2001
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