Deputados querem ouvir explicações de Roseana









Deputados querem ouvir explicações de Roseana
Comissão de Fiscalização da Câmara vai convidar governadora para prestar esclarecimentos sobre o dinheiro encontrado na sua empresa. Jorge Murad também deverá ser ouvido pelos parlamentares

TERESINA – O presidente da Comissão de Fiscalização da Câmara, deputado federal Wellington Dias (PT-PI), revelou que a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, pré-candidata do PFL à sucessão presidencial, será convidada para prestar esclarecimento sobre o dinheiro encontrado na sua empresa, Lunus Participações. “O Congresso Nacional vai ajudar nestas investigações”, adiantou. O ex-gerente de Planejamento do Maranhão, Jorge Murad, marido de Roseana, e sócio na empresa, também deverá ser ouvido na Comissão de Fiscalização, logo após a Semana Santa.
O pedido foi feito pelo presidente da comissão Wellington Dias (PT). Todas as empresas ligadas ao escândalo do desvio de recursos da extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) no Maranhão deverão prestar depoimento. A Comissão de Fiscalização quer saber a origem do R$ 1,34 milhão encontrado no escritório da Lunus.

O deputado estadual Aderson Lago (PSDB) apresentará hoje na Assembléia Legislativa do Maranhão pedido de impeachment contra a governadora, que já anunciou sua disposição de deixar o cargo em 5 de abril para concorrer nas eleições de outubro – só falta definir se a presidente ou senadora.

SARNEY – Depois de adiar por duas semanas o discurso em que pretende atacar o Governo, denunciar espionagens e armações eleitorais contra sua filha, Roseana Sarney, o senador José Sarney (PMDB-AP) decidiu, finalmente, que amanhã o País vai conhecer a sua ira. Ele pretendia falar hoje, mas adiou o discurso porque, segundo sua assessoria, está gripado e afônico.

Segundo políticos ligados ao ex-presidente, ele deverá manter o tom enfático do discurso que preparou, já antes de sua viagem à França, de onde retornou sábado à noite. “Há uma carga de emoção em torno da situação, mas não creio que ele faça um discurso que não seja sereno”, disse o senador Bello Parga (PFL-MA).


PMDB e PSDB pressionam Jarbas
Governador já teria descartado a hipótese de disputar a Vice-Presidência na chapa de Serra. Hoje, em Brasília, ele terá encontro com o PMDB nacional

O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) enfrentará hoje em Brasília fortes pressões, do PSDB e do PMDB, para aceitar a candidatura à Vice-Presidência na chapa encabeçada pelo tucano José Serra. Embora tenha descartado a opção, em entrevista ao jornal O Globo, governistas acreditam que ele “ainda pode sucumbir às pressões”.
O governador fica na capital federal até amanhã, dedicando-se prioritariamente aos contatos políticos. Hoje, ele almoça na residência do presidente nacional do PMDB, Michel Temer, que está à frente das negociações com os tucanos para garantir a vice ao PMDB. Toda a cúpula peemedebista – como os líderes do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), e no Senado, Renan Calheiros (AL), além do assessor especial da Presidência, Moreira Franco (PMDB-RJ) – estarão presentes.

Amanhã, o governador se encontra com o presidenciável José Serra, quando deverá formalizar a recusa ao convite. As declarações do governador ao O Globo, descartando a vice de José Serra, foi confirmada, ontem à tarde, por um assessor do Palácio do Campo das Princesas. Jarbas apenas gostaria de formalizar, pessoalmente, ao PSDB, antes de a informação vazar à imprensa. À noite, porém, durante a solenidade de inauguração da primeira sinagoga judaica das Américas, no Recife Antigo, o governador classificou de “pura especulação” a informação do O Globo.

Jarbas disse que seria “um flagrante desrespeito” à imprensa de Pernambuco antecipar, aos jornais do Sul, uma decisão que ele tomará no Estado. E confessou que, se pudesse optar, decidiria por concluir o seu mandato e ficar fora da disputa de outubro.

“Se eu pudesse escolher, iria para casa. Mas não faço sempre o que quero. Às vezes faço o que minha cabeça determina, mas ela não determinou ainda. A gente está em uma aliança, tem que se fazer várias costuras. Então, é importante conversar”, ponderou.

O governador voltou a defender o nome do ex-ministro José Serra como o melhor candidato da aliança à sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e disse que o tucano “tem tudo para ganhar esta eleição”.

Caso Jarbas mantenha a decisão de não disputar a vice na chapa tucana, o governador do Rio Grande do Norte, Garibaldi Alves (PMDB), é uma opção vista com simpatia pelo PSDB. Outro nome cogitado, segundo parlamentares da bancada federal pernambucana, é o da deputada Rita Camata (PMDB-ES).


Aliados estaduais só admitem a reeleição
Por mais que no vira e mexe, a alternativa de Jarbas Vasconcelos (PMDB) disputar a Vice-Presidência na chapa de José Serra (PSDB) venha à tona, aliados do governador não trabalham com outro caminho que não o da reeleição.

“A aliança (PMDB/PFL/PSDB/PPB) continua na campanha de Jarbas para governador. Se ele já era importante antes, agora, com as mudanças no processo eleitoral (decisão do TSE que obrigou a verticalização das coligações), o nome de Jarbas se tornou indispensável à aliança”, avalia o tucano Sérgio Guerra.

Que a aliança está ‘refém’ do governador, isso ninguém discute. Mas isso não é garantia, entretanto, de que será o destino tomado. Pode até ser. Jarbas tem tido o cuidado de alimentar um mistério em torno do seu destino político. O que acende várias especulações entre os governistas.

Por exemplo: a confissão do próprio governador de preferir a conclusão do mandato e ficar fora do pleito de outubro é uma alternativa bastante possível para alguns governistas. Na avaliação deste grupo, esta é a eleição que Jarbas “não teria a menor dificuldade de fazer o sucessor, porque não há concorrente forte na oposição”.
O ‘deslize’ em se precipitar no descarte à vice de Serra não convence todos os aliados. Aqueles que se consideram mais atentos ao estilo de Jarbas, afirmam que ele costumeiramente deixa as decisões para a última hora.

Essa suposta antecipação de um não a Serra pode ser apenas uma estratégia para “sair dos holofotes e continuar trabalhando, silenciosamente, todas as alternativas que estão disponíveis para ele nesta eleição”. Além de eximí-lo da função de “avalista” – seria assim que Jarbas se sentiria – de uma maior participação do PMDB no Governo FHC. Além da aliança eleitoral com o PMDB, o PSDB estaria oferecendo cargos aos peemedebistas.


Governador procura preservar a aliança estadual com o PFL
BRASÍLIA – Na reunião de hoje com a cúpula nacional do PMDB, Jarbas e os dirigentes do partido vão avaliar os prós e os contra de uma possível candidatura à Vice-Presidência da República e da conseqüente desistência de disputar a reeleição em Pernambuco. Mesmo sem a oficialização da aliança com o PMDB, os tucanos descartam qualquer possibilidade de vir a ter o PFL mais uma vez como parceiro preferencial na corrida para o Planalto.

Depois do rompimento dos pefelistas com o Governo, os tucanos não vêem nenhuma chance de recompor a aliança no modelo que elegeu Fernando Henrique Cardoso, cuja Vice-Presidência é ocupada por Marco Maciel (PFL). O nome preferencial, segundo admite o presidente do partido, deputado José Aníbal (SP), é mesmo o de Jarbas Vasconcelos.

A sintonia PMDB/PSDB é tamanha que os dois partidos estão com negociações bem encaminhadas para disputarem juntos a eleição de governador em pelo menos 18 dos 27 Estados. E os tucanos estão confiantes de que podem convencer Jarbas a disputar a vice. Pela legislação, o governador terá de deixar o cargo até o dia 5, caso decida concorrer a vice-presidente. Se preferir ser candidato à reeleição, Jarbas não precisará se desincompatibilizar do cargo.

Na conversa com o comando do PMDB, Jarbas deve ponderar que o rompimento do PFL com o Planalto tem de ser analisado sob o ponto de vista de Pernambuco. É que caso ele resolva deixar o Governo para disputar a Vice-Presidência, seu cargo será ocupado por um pefelista: o vice-governador Mendonça Filho. E a preocupação de Jarbas é que a crise do PFL com o Governo Federal seja levada às últimas conseqüências, obrigando Mendonça Filho a trabalhar em Pernambuco contra a candidatura de Serra.


Denúncia de uso da máquina atinge Humberto
O vereador da oposição Heráclito Cavalcanti (PFL) acusou ontem o secretário da Saúde do Recife, Humberto Costa (PT), de empregar a máquina pública em favor de sua candidatura ao Governo do Estado. O vereador pefelista revelou que a oposição vai denunciar ao Ministério Público e ao TRE que o secretário petista – acompanhado do presidente da Câmara de Vereadores, Dilson Peixoto (PT) – utilizou, na viagem a Garanhuns, Agreste Meridional, no último sábado, para um encontro político, uma caminhonete Blazer pertencente à locadora de veículos ABS Transportes. A empresa tem contrato com a Secretaria de Saúde municipal, com dispensa de licitação, para fornecer os veículos de serviço da pasta (kombis e vans). “Ele não pode receber doação ou empréstimo porque está fora do período de campanha eleitoral”, lembrou Heráclito.

O vereador revelou que dará entrada hoje, na Câmara Municipal, em um pedido de informações ao prefeito do Recife, João Paulo (PT), para que esclareça se tinha conhecimento e se autorizou a viagem de Humberto. O secretário, ao saber da acusação, negou qualquer irregularidade no uso do veículo Blazer (placa MUP-7479) e afirmou que a intenção da acusação é atingi-lo politicamente. Humberto confirmou que a Blazer pertence à ABS Transportes, mas ressaltou que o carro está alugado ao amigo pessoal Francisco Urbano, que lhe cedeu para a viagem. O secretário, entretanto, cometeu um equívoco sobre o próprio nome do amigo. No escritório de advocacia onde trabalha, a atendente corrigiu o secretário: o nome não é Francisco e sim Fábio Urbano.

“O álibi constitui-se um delito. Ele criou um álibi assim como a Roseana Sarney (presidenciável do PFL). O crime é o mesmo. Como secretário, ele não poderia receber a doação ou empréstimo”, procurou dimensionar Heráclito Cavalcanti. No pedido de informações a João Paulo, o vereador vai perguntar se ele (o prefeito) sabia que o carro é da locadora ABS, que presta serviço à Secretaria de Saúde, caso sim, a razão de ter autorizado a viagem e se foi às custas da PCR, e se conhece Fábio Urbano, apresentado como o autor da locação da Blazer.

O presidente da Câmara, Dilson Peixoto, declarou que o carro oficial do secretário de Saúde do Recife é um Astra e que a Blazer foi posta por um amigo à disposição do “cidadão Humberto Costa”. “A Blazer está alugada a Urbano (Fábio) desde janeiro. Não faz parte do contrato da Secretaria com a ABS”, disse Humberto.


João Paulo propõe alterar calendário das convenções
O Prefeito do Recife, João Paulo (PT), sugeriu ontem que as convenções estaduais do partido para a indicação da chapa de governador sejam realizadas depois da convenção nacional da legenda. O prefeito prevê que, pela primeira vez, os partidos terão de inverter a agenda de campanha, que tradicionalmente estabelece a realização das convenções estaduais antes da nacional. O prazo definido pela legislação para as convenções partidárias que oficializarão os candidatos é o mês de junho.

Caso o Supremo Tribunal Federal (STF) mantenha a resolução do TSE que estabelece a verticalização das coligações e as dificuldades e indefinição sobre alianças permaneçam, as convenções locais – argumenta o prefeito João Paulo – poderão ser atropeladas pela nacional. “Este ano vamos ter de esperar pela nacional ou os Estados não terão convenções deliberativas. Se fizermos primeiro as estaduais, correremos o risco de uma decisão local ser invalidada pela nacional.”

O prefeito João Paulo também descartou ontem a possibilidade de vir a ser o candidato do PT ao Governo do Estado, na hipótese do atual governador, Jarbas Vasconcelos (PMDB) desistir de disputar a reeleição e tentar o Senado Federal ou a vice de José Serra (PSDB). Hipótese ventilada desde o ano passado, devido ao seu melhor desempenho nas pesquisas de intenção de voto, em comparação com o secretário da Saúde e pré-candidato, Humberto Costa.

Mas o prefeito rechaçou a especulação. João Paulo disse que há um acordo entre as executivas nacional e estadual do PT, no sentido de que Humberto deve ser o candidato, com ou sem Jarbas na disputa. “Eu tenho uma tarefa a cumprir. Eu não aceitaria a indicação, nem o partido me indicaria sem que eu quisesse. A diferença entre Humberto e eu, nas pesquisas, é muito pequena, e são todos votos do PT.”
João Paulo disse que o PT vai se coligar no campo da esquerda e centro-esquerda, conforme decidiu o encontro nacional de dezembro e considerou mais improvável, agora, a aliança com o PL. Segundo o prefeito, a resolução do TSE dificultou a costura de acordo com os liberais em todos os Estados.


Depoimento de policiais pode revelar novos detalhes do caso
BRASÍLIA - O depoimento do diretor-geral da Polícia Federal, Agílio Monteiro Filho, e dos delegados Hélbio Dias Leite e Paulo de Tarso Gomes, marcado para amanhã, no Senado, pode não ser bom para o PFL, mas excelente para a oposição. Dependendo da forma como forem questionados, os policiais podem revelar fatos que ainda não foram divulgados, como um documento mostrando indícios de que todas as conversas no escritório da Lunus Serviços e Participações, empresa da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, e de seu marido Jorge Murad, eram gravadas em um terminal de computador.

Nem Monteiro Filho nem os dois delegados querem antecipar fatos. “Estávamos cumprindo a lei”, diz o diretor da PF, referindo-se à busca e apreensão feita na Lunus, há quase 15 dias, causando a maior crise política entre o Governo e o PFL, partido de Roseana. “Foi um trabalho policial, não político. Foi o cumprimento de uma ordem judicial, e, muitas vezes, é mais difícil para nós explicar uma ordem não cumprida do que explicar seu cumprimento”, reforçou.

Basicamente, Monteiro Filho vai responder sobre as denúncias do PFL de que teria havido uma escuta telefônica anterior à busca, o que teria revelado a existência dos R$ 1,34 milhão na Lunus.


Colunistas

PINGA FOGO – Inaldo Sampaio

A vice é do PMDB
O PFL até o presente é o partido político mais prejudicado no processo sucessório presidencial. Graças à sua unidade e à força que detém em alguns estados, ficou com a vaga de vice de Fernando Henrique Cardoso tanto em 1994 como em 1998, indicando para o cargo Marco Maciel após ter sugerido inicialmente o então senador alagoano Guilherme Palmeira, hoje ministro do TCU.

Nesta eleição que se avizinha, sempre se soube que o PSDB teria candidato próprio à presidência da República e que um dos dois parceiros da aliança (PMDB ou PFL) necessariamente sobraria. O PFL de olho na vaga conseguiu cacifar-se com Roseana mas depois que veio à tona o escândalo da “Lunus” perdeu as condições políticas tanto para concorrer com chapa própria como para pleitear a vice de Serra.

O grande beneficiário desse processo, por incrível que possa parecer, poderá ser o PMDB, que estava um saco de gatos até 15 dias atrás e recebeu anteontem a sinalização do próprio Fernando Henr ique Cardoso de que é o parceiro político preferido para marchar ao lado de José Serra. Não que o ex-ministro da saúde deseje aparecer em público ao lado dos “Jáderes” e “Geddéis” Vieira Lima da vida, e sim porque o partido é detentor de um preciocíssimo tempo de televisão.

Fora do poder
Os macielistas seguiram à risca a orientação de Jorge Bornhausen e entregaram os cargos que ocupavam na administração pública federal. O último a sair foi o ex-deputado José Moura, superintendente regional do INSS. Ele está sendo substituído interinamente pela funcionária de carreira Vera Rocha. Os macielistas só não estão ainda totalmente fora do poder porque o ex-vereador Sílvio Amorim permanece num cargo de relevo no Ministério da Educação.

Futuro de Jarbas 1
O futuro político de Jarbas Vasconcelos tem ensejado versões para todos os gostos. Ele próprio disse ao “Globo” que não se interessa pela vice de Serra (PSDB) e que não descarta sequer a possibilidade de cumprir o mandato até o seu final, evitando a reeleição, porque não se sente mais “motivado” para permanecer na vida pública.

Futuro de Jarbas 2
Já o deputado Salatiel Carvalho (PMDB), citando como fonte um influente tucano, tem esta versão sobre o futuro de Jarbas: “Ele sairá do governo no dia 5 de abril e passará o cargo pra Mendonça Filho. Vai formar uma chapa com Raul Henry na cabeça e Sérgio Guerra na vice e será candidato ao Senado em coligação branca com Marco Maciel”. A conferir.

Magalhães pede ajuda a seus ex-colaboradores
Roberto Magalhães (PSDB) reuniu-se ontem à noite com um grupo de ex-auxiliares da Prefeitura do Recife e do Governo do Estado e entregou-lhes uma carta pedindo apoio à sua campanha para deputado federal.

Comissão da Violência estará hoje em Toritama
Atendendo a um chamado da juíza de Toritama, Inês Maria Albuquerque Alves, Pedro Eurico (PSDB) irá hoje àquele município para receber informações “in loco” de como as Polícias Civil e Militar não funcionam naquela região.

Belo exemplo
Pode parecer estranho mas é verdade. O único secretário de estado filiado ao PFL que jamais foi acusado pelos integrante da bancada governista de fazer uso “político” da secretaria é Fernando Duere (infra-estrutura). E olha que ele tem uma irmã (Teresa) que é deputada e candidata à reeleição.

Últimos dias
Com a viagem, ontem, de FHC para o Chile, Marco Maciel está vivendo os seus últimos dias como presidente interino da República. A partir do próximo dia 6 ele não mais substituirá o presidente porque é candidato a cargo eletivo. O substituto a partir daquela data será o presidente do STF Marco Aurélio Mello.

O TRE do Distrito Federal impôs outra derrota ao ex-governador Cristóvam Buarque (PT). Confirmou uma sentença de março de 2001 tornando-o inelegível por 3 anos por supostamente ter feito propaganda com finalidade eleitoral. Imaginem se Jarbas fosse governador de Brasília o que não sofreria nas mãos desses juízes!

O ex-prefeito de Paulista e atual vereador, Ademir Cunha (PFL), confirma ter desistido da candidatura à Câmara Federal, contrariando a cúpula do seu partido, porque o prefeito Antonio Speck (PMDB) subscreveu um documento comprometendo-se a apoiá-lo e depois fechou com Cadoca (PMDB).

Por sugestão de Sérgio Guerra, O senador e pré-candidato a presidente José Serra (PSDB) virá a PE no mês de abril a fim de conhecer o “pólo gesseiro”. O secretário de Projetos Especiais vai tentar arrancar dele o compromisso de levar adiante a “Transnordestina”, da qual muito se falou no atual governo e não se conseguiu tirá-la do papel.

Questionado ontem, no Recife, sobre se existe a possibilidade de o PFL render-se, humilhado, à candidatura de José Serra (PSDB), Inocêncio Oliveira respondeu: “Perguntei a Jorge (Bornhausen) qual seria o nosso plano ‘B’ caso Roseana se inviabilize, e ele me disse: ‘qualquer um, menos o Serra’”.


Editorial

PROTECIONISMO DO 1º MUNDO

O protecionismo primeiro-mundista não pára de surpreender não somente os que querem que seus países cheguem, um dia, lá aonde os países desenvolvidos chegaram, mas também aqueles que acreditam na pregação do livre comércio e são contra qualquer tipo de protecionismo, de pobre ou de rico. Para um país como o Brasil, que briga para assumir o lugar que lhe cabe no mundo, constantemente prejudicado pelo clube dos países ricos, trata-se de uma questão vital: como se abrir ao comércio mundial, dentro do processo chamado de globalização, sem escancarar as portas e exigindo que essa globalização tenha duas mãos; seja boa para os países desenvolvidos, mas também traga vantagens aos países em desenvolvimento.

Elementar. Sem falar nos que ditam as regras mundiais do jogo comercial, lembremos que os países que não fazem parte do G-7/G-8, mas levam alguma vantagem na globalização, o fazem por adotar salvaguardas para não sacrificar sua capacidade de produzir e comerciar. É o caso da Coréia do Sul e da China. Para chegar lá, temos que seguir tais exemplos. O Brasil já é prejudicado, no comércio exterior, pelas pesadas taxações que os Estados Unidos (EUA) impõem a nossos produtos de exportação, como aço e cítricos, entre muitos outros. E, no campo da agropecuária, sofre graves restrições, tanto dos EUA como da União Européia (UE). A última do protecionismo dos ricos é uma ainda maior taxação das importações de aço dos EUA. A indústria siderúrgica americana não tem bom desempenho e não consegue abastecer o país.

Algo semelhante ao que ocorreu, no passado, com a indústria de informática no Brasil, que, sem condições de competitividade, era protegida pelo Estado; era praticamente impossível um interessado comprar computadores made in USA ou em outros países. Mesmo após nossa conversão ao livre comércio, os EUA não nos imitam (ficam só na pregação para os outros) abrindo-se ao aço brasileiro de boa qualidade. Mas, desta vez, não foi apenas o Brasil que achou ruim. Com esse singelo pagamento eleitoral à pequena população do Estado de West Virginia, que abriga uma obsoleta indústria siderúrgica, o presidente Bush despertou uma ira mundial. Como costuma fazer, sobretudo após a sua declaração de guerra mundial contra o terrorismo anti-americano (denúncia do Protocolo de Kyoto etc), os EUA passaram por cima das normas da OMC (Organização Mundial do Comércio) e seu presidente mostrou como ele vê uma hipotética Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Esse “livre comércio” só valerá quando não prejudicar os interesses dos EUA. O presidente Fernando Henrique Cardoso apressou-se em atacar “o anacronismo das barreiras ao livre comércio impostas pelas principais economias do mundo”. “O setor produtivo brasileiro está frustrado com o que sente como uma limitação de acesso ao mercado”, disse o chanceler Celso Lafer. Na Europa, incluindo a Grã-Bretanha, principal aliada dos EUA, a reação do comissário para o Comércio da UE, Pascal Lamy, frisa que as importações não são a causa das dificuldades americanas e as medidas anunciadas “não vão fornecer soluções, mas agravar a questão”. Mesmo nos EUA, David Phelps, presidente do instituto que representa os importadores e consumidores de aço, disse que as empresas e trabalhadores americanos vão pagar pela decisão presidencial, pois “a importação não é uma opção, mas uma necessidade”. A China retaliou recentemente o protecionismo francês, proibindo a importação de produtos de beleza, que poderiam estar contaminados com a doença da vaca louca... Já pensaram se o Brasil sobretaxasse a importação das baboseiras (com honrosas exceções) de Hollywood?


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03/19/2002


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