Dinheiro suspeito ajudou Roseana









- Dinheiro suspeito ajudou Roseana

- A campanha que reelegeu Roseana Sarney governadora do Maranhão, em 1998, foi financiada por R$ 1,7 milhão doados por empresas. Deste total, R$ 847 mil vieram de firmas investigadas por supostos desvios de dinheiro público ou irregularidades em convênios com órgãos oficiais.
A demonstração de Recursos Arrecadados, entregue por Roseana ao Tribunal Regional Eleitoral de seu estado, relaciona 31 contribuições subscritas por 18 empresas, nove das quais estão sob suspeita. A Coesa e a Rodoferrea, que doaram, respectivamente, R$ 300 mil e R$ 38 mil, foram postas na mira do Tribunal de Contas da União pela execução de obras em áreas de assentamento agrário e recuperação de estradas. A Nova Holanda, que colaborou com R$ 25 mil, está envolvida em fraudes na Sudam. (pág. 1 e 3)

- Para salvar uma comitiva da ONU capturada por traficantes, comandos antiterrorismo sobem o Morro Dona Marta e provocam um sangrento tiroteio. O enredo anima o jogo de ação "Counter-Strike", nova febre da Internet, que ganha adeptos no Rio em lojas com computadores ligados em rede e alugados por R$ 5 a hora. Na trilha sonora, Bezerra da Silva e funks proibidos. (pág. 1 e 24)

- Grupo de jovens organizado há dois anos na Rússia vem recolhendo livros que considera "ofensivos às tradições do país", para trocá-los por clássicos da literatura. Os 50 mil associados têm ligações com o governo Putim e dizem ter tirado de circulação quase 20 mil volumes - entre eles exemplares de "O Capital", de Karl Marx. "Isso é fascismo camuflado", diz um dos autores afetados. (pág. 1 e 15)

- Apesar da fama dos japoneses, o brasileiro enfrenta jornada de trabalho que lhe garante o segundo lugar entre os povos mais laboriosos do mundo, abaixo apenas dos americanos. A média chega a 1.920 horas anuais, ou 44 por semana. Um dos motivos é a proliferação do duplo emprego. O terceiro lugar fica com o México. O Japão, surpreendentemente, aparece em quarto. (pág. 1 e 18)

- A polícia multa proprietários de imóveis que abrigam focos, brigadas sanitárias percorrem as ruas em busca de larvas de mosquito. Tais cenas, semelhantes às que o Rio viveu ontem no Dia D contra a dengue, evocam a campanha do sanitarista Oswaldo Cruz em 1902.
Na época, o inimigo era a epidemia de febre amarela, que matou 58 mil pessoas, entre elas 200 dos 340 marinheiros do navio italiano Lombardia. A história da cidade registra a ação devastadora de doenças como a peste bubônica, a leptospirose ou a varíola, que em diferentes períodos modificaram os hábitos da população.

É o caso da dengue que, segundo a bióloga cubana Grisel Monteiro Lago, exige ação constante no combate aos focos. "A participação popular reduz índices de infestação em áreas urbanas", diz. Mas só é eficaz se acompanhada "por investimentos em prevenção, educação e saneamento básico". (pág. 1, 13, 22 e 23)

- Zerou tudo a disputa pela sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso. Primeiro, foi o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que vinculou as alianças nas disputas estaduais às coligações nacionais.

Depois, a confusão criada com a busca e apreensão feita pela Polícia Federal no escritório da Lunus, empresa da candidata do PFL ao Planalto, Roseana Sarney, e do marido, Jorge Murad. O episódio afastou os liberais do Governo. Em apenas duas semanas, a campanha eleitoral deu uma reviravolta.

O PT de Luiz Inácio Lula da Silva - favorito nas pesquisas - esbravejou contra a decisão do TSE, mas, cauteloso, se calou sobre o episódio que separou o PFL do poder. Guarda a munição contra Roseana para usar durante a campanha. Este é o tom. No lugar da indigesta e confusa sopa de letras partidárias em torno de candidatos, o eleitor acompanhará uma novelesca seqüência de troca de dossiês e acusações. Lama pura. (...) (pág. 4)

- (São Luís) - O empresário João Carvalho é um dos alvos de uma investigação do Ministério Público e da Receita Federal. É sócio da AC Rebouças, empresa supostamente ligada ao gerente de Planejamento do Maranhão, Jorge Murad, marido da governadora Roseana Sarney.

Faturou cerca de R$ 620 mil, entre 1999 e 2000, pela montagem de nove projetos financiados pela extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).

Em pelo menos um deles, a Aluminium S/A, foram detectadas irregularidades. Sete foram aprovados numa reunião do Conselho Deliberativo da autarquia, em 14 de dezembro de 2000 - presidida por Roseana. Criou seis empresas nas Ilhas Virgens britânicas. Suspeito de mandar dinheiro para fora do País, Carvalho jura inocência. (pág. 6)

- Fonte de 80% da água que abastece as cisternas do estado, o Rio Guandu morrerá em cinco anos. O racionamento compulsório passará a fazer parte da rotina no Rio de Janeiro. O mau cheiro se tornará característica típica do líquido que verterá (mesmo assim, nem sempre) das torneiras fluminenses.

Sem amenizar o tom de alarme, o presidente da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), engenheiro Alberto Gomes, explica que a crise no fornecimento d'água potável é nacional, mas, de acordo com ele, o Rio só não está pior que São Paulo, onde a economia no consumo e o odor suspeito na água já fazem parte do cotidiano. "Estamos prestes a viver no País um drama análogo ao que atingiu o setor energético. Se não houver uma ação imediata, em nível federal, virá, depois do apagão, o secão", avisa. (...) (pág. 21)


Colunistas

COISAS DA POLÍTICA - Dora Kramer

Pedro Malan e José Serra passaram os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso em clima de franca discordância. Raramente fizeram isso em público, mas o que um pensava cá e o outro raciocinava lá nunca foi segredo para ninguém. Pois agora, quando Serra postula a Presidência da República e Malan pretende-se apenas um debatedor ativo do processo eleitoral, ambos concordam que a manutenção de conquistas consolidadas é assunto que nem merece mais discussão, mas que a necessidade de mudanças é imperiosa. (...) (pág. 2)

(Informe JB - Ricardo Boechat) - De passagem pelo Brasil, anteontem, o diretor da Organização Mundial da Propriedade Intelectual, Bruno Machado, deu boa notícia aos exportadores.
O preço do registro de marcas e patentes, em 55 países, caiu de US$ 100 mil para US$ 7,5 mil pelo sistema de Madrid.

Resta apenas o Brasil assinar o termo de adesão ao tratado, o que acontecerá nos próximos dias. (pág. 6)


Editorial

"JOGO DE LEALDADES"

O recesso político do fim de semana esfria as cabeças esquentadas pelas conseqüências decorrentes do episódio que envolveu, por via transversa, a candidata virtual do PFL. Nada mais recomendável e oportuno do que o hiato, para reflexão geral, após a opção autonomista do partido de índole moderada e natural ponderação.

A oportunidade não é exclusiva do PFL. A moderação deve ser a marca dos atos e palavras de dirigentes e líderes. Beneficiam-se igualmente da pausa o PSDB e o PMDB, por motivos específicos que dizem respeito a cada um igualmente interessados na correta avaliação dos fatos.
Os social-democratas encaminham a candidatura do ex-ministro José Serra como ato de afirmação. Já o PMDB está um passo atrás no processo eleitoral, porque não se definiu claramente pelo candidato próprio ou pela aliança esboçada com o PSDB, dado o passado em que atuaram juntos sob a legenda histórica do MDB. Nenhum tende a se beneficiar da exaltação retórica e do espírito belicoso. (...) (pág. 10)


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03/10/2002


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