Murad: dinheiro era para campanha da mulher Roseana








Murad: dinheiro era para campanha da mulher Roseana
Murad demite-se do cargo de gerente de Planejamento do Maranhão e assume a responsabilidade pela arrecadação do dinheiro encontrado em seu escritório na Lunus

Em mais uma tentativa de explicar a origem do R$ 1,34 milhão encontrado há 12 dias pela Polícia Federal no escritório da Lunus, em São Luís, Jorge Murad assumiu integralmente a responsabilidade pela arrecadação do dinheiro, que serviria para a campanha da mulher, a pré-candidata pefelista Roseana Sarney. Depois de ler a nota previamente preparada, Murad anunciou a decisão de deixar o cargo de gerente de Planejamento do Estado.

A legislação não permite que sejam recolhidas doações para as candidaturas antes de 6 de julho, início oficial das campanhas. Murad observou que a campanha de Roseana “de fato” já estava na rua e afirmou: “Agi só. Agi por determinação própria”.

Os jornalistas presentes foram avisados de que não seria permitido fazer perguntas. Às 14h59min, Murad sentou-se à mesa colocada em uma das varandas do Palácio dos Leões, sede do governo do Maranhão. Visivelmente mais magro, leu o texto sem levantar os olhos e se retirou rapidamente.

Pefelistas que integram a cúpula do partido avaliam que a justificativa de Murad veio com atraso e não será suficiente para estancar os prejuízos eleitorais sofridos pela governadora. Antes de ser divulgada, a nota passou pela aprovação do presidente do PFL, senador licenciado Jorge Bornhausen, que esteve em São Luís especialmente para selar o desfecho do episódio que começou em 1º de março.


Serra já é segundo e Roseana cai para o terceiro lugar
Conforme pesquisa do instituto GPP, Ciro Gomes foi quem mais lucrou com as denúncias contra a Lunus e o racha entre PFL e PSDB. Ele subiu 4,6 pontos percentuais

P esquisa do Ibope sobre a preferência de eleitores, divulgada ontem à noite, mostra o pré-candidato do PSDB, senador José Serra (SP), em segundo lugar, à frente da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL). O primeiro lugar ainda é de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 24% das intenções de voto, seguido por Serra, com 19%, e Roseana, com 17%. Em quarto lugar vem o governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), com 11%, seguido por Ciro Gomes (PPS), com 7%, pelo governador de Minas, Itamar Franco (PMDB), com 5%, e por Enéas Carneiro (Prona), com 2%. Na pesquisa do Ibope, a margem de erro é de 2,2% para mais ou para menos. Isso significa que Serra e Roseana estão em empate técnico.


Silvio Santos viria aí. Se ainda fosse filiado ao PFL
Com eventual retirada de Roseana da corrida presidencial, alguns pefelistas voltaram a lançar o empresário a presidente

Preocupados com eventual retirada da candidatura de Roseana Sarney a presidente da República, vários deputados, senadores e dirigentes do PFL voltaram a falar num "plano B" para a sigla: lançar o empresário e apresentador de TV Silvio Santos como postulante ao Palácio do Planalto.

O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, no entanto, esclareceu ontem, atendendo a consulta da Agência Estado, que o empresário e apresentador Silvio Santos, de 71 anos, não é filiado a nenhum partido político. Esse fato elimina a hipótese de ele ser lançado candidato à Presidência da República.


Simon renuncia. Itamar é o candidato dos rebeldes
O grupo oposicionista do PMDB reunido ontem, no Rio de janeiro, decidiu trabalhar a candidatura do governador mineiro Itamar Franco. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) desistiu de disputar a candidatura à Presidência da República em favor do governador de Minas Gerais, Itamar Franco. “Abri mão da candidatura porque Itamar tem mais representatividade", disse o senador.

Simon acredita que Itamar vai aceitar ser o candidato. Itamar decidirá até o início de abril se mantém sua pré-candidatura à Presidência. "Ele (Itamar) é o candidato. Ele gosta de fazer um suspense", disse Simon.

O anúncio da decisão de Itamar foi feito por Orestes Quércia, que falou em nome do grupo rebelde do PMDB. Quércia disse que o grupo decidiu não travar uma batalha jurídica com a ala governista do PMDB, que cancelou a convenção de 17 de março. Ele disse que se o PMDB não apontar candidato à Presidência, o grupo oposicionista do partido formará uma dissidência.


PSDB quer explicação de Garotinho na justiça
O PSDB decidiu ontem se solidarizar com o deputado carioca Márcio Fortes, que entrou com uma interpelação na justiça contra o governador do Rio, Anthony Garotinho. Fortes é secretário-geral do partido e garantiu que não mandou espionar a governadora do Maranhão, Roseana Sarney.

Garotinho havia levantado a suspeita de que Fortes teria encomendado um dossiê sobre Roseana. "É uma calúnia, uma irresponsabilidade, o que é marca registrada desse governador", disse o presidente do PSDB, José Aníbal, que só se referiu a Garotinho como "Marotinho".

Sobre as denúncias de que os tucanos teriam preparado vários dossiês sobre adversários, Aníbal disse: "É desconhecer o traço que caracteriza o PSDB - a postura ética e moral. Nesse aspecto, ninguém tem lições para nos dar". O tucano afirmou que "nunca trabalhamos com isso (dossiês e espionagem), fomos é vítimas", referindo-se ao Dossiê Cayman, sobre suposta conta mantida por tucanos no exterior.


Gasolina sobe de novo no sábado: 7,5% de aumento
Nas refinarias, o combustível ficará 9,39% mais caro. A alta da gasolina neste mês para o consumidor chegará a 9,4%. A queda de 1 5% em janeiro durou pouco

A gasolina fica 9,39% mais cara nas refinarias a partir da zero hora de sábado. O aumento foi informado ontem pela Petrobras. Para o consumidor, o reajuste deve ser de 7,5% em média. Essa é a segunda vez que a gasolina sobe neste mês. No ano, foram três mudanças: em janeiro e fevereiro, houve queda no preço. Já em abril, um novo reajuste pode acontecer.

O último aumento nas refinarias havia sido de 2,2% no dia 2 de março, um reflexo calculado em cerca de 1,75% nas bombas de gasolina. Assim, caso essas estimativas se reflitam sobre o valor cobrado nos postos, a alta do combustível acumulada em março chegará a 9,4%.


Colunistas

COISAS DA POLÍTICA

MENDES RIBEIRO
O prefeito Tarso Genro enviou à Câmara de Porto Alegre projeto de lei que propõe a denominação de Jorge Alberto Mendes Ribeiro ao viaduto da Avenida Protásio Alves que transpõe a Av. Carlos Gomes.

SEM DESVIAR
O vereador do PFL de Porto Alegre Reginaldo Pujol milita entre aqueles que exigem esclarecimentos da governadora Roseana Sarney. Mas ressalta que o tema não deve desviar a Câmara de sua tarefa de fiscalizar o Executivo.

SUMIRAM
A falta de quórum fez o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia, deputado estadual do PMDB Jair Foscarini, suspender a reunião de ontem. E fez um apelo para que os titulares participem ou designem suplentes.

DUREZA HISTÓRICA
A nota de repúdio da Executiva estadual do PT à pesquisa encomendada pelo grupo de Tarso Genro foi de uma dureza nunca vista nos últimos 15 anos, na avaliação do deputado olivista Elvino Bohn Gass. “Mas a atitude do PT Amplo foi mais rasteira”, justifica.

INCONGRUÊNCIA
As críticas de Tarso Genro à falta de pluralidade de tendência no governo não resistem à leitura da nominata dos secretários de Estado, diz Raul Pont. “No meu governo haviam oito correntes que hoje apóiam Tarso. No dele só tem um secretário da DS, que apóia Olívio.

DIVISÃO
Parte da corrente Movimento Solidariedade do deputado federal do PT Paulo Paim nega que a tendência tenha aberto o voto à reeleição de Olívio Dutra. O pacto er a de neutralidade. Outra parte diz que oficializa o apoio hoje, na plenária de Canoas.

PRÓ-DOADORES
Projeto do deputado estadual do PTB Abílio dos Santos institui a obrigatoriedade dos hospitais públicos e privados de garantirem internação a doadores de sangue. O petebista protocolou na Assembléia pedido de desarquivamento do projeto.

GRÁVIDAS
Foi protocolado nesta semana projeto da deputada estadual do PC do B Jussara Cony que isenta de passagens, no transporte intermunicipal, as grávidas que se deslocarem para realizar tratamento médico, exames pré-natais, pós-parto e para hospitalização.

SEGURANÇA
O deputado federal do PPB Telmo Kisrt propôs que os cartões de crédito tenham senhas. A intenção de Kirst é a de proteger o usuário, já que não há nenhuma proteção legal para vítimas de fraudes.


Editorial

O PRIVILÉGIO AOS BANCOS

A concentração de renda e o protecionismo às instituições financeiras revelam-se cada vez mais gritantes a cada divulgação dos balanços bancários. A privilegiada condição em que a política econômica do governo vem colocando os bancos privados fica explícita, mais uma vez, ao se verificar os resultados de 2001, que estão vindo a público agora. Os gigantescos lucros contabilizados por eles estão muito além daqueles com os quais têm de se contentar as empresas que operam em outras atividades que não a financeira - salvo algumas raras exceções.

Tal é a concentração de renda entre os bancos, que já se evidencia entre eles próprios uma relação em que o maior engole o menor. Alguns dos que não conseguiram se alinhar aos mais potentes e que embasaram sua sustentação na oferta de dinheiro a empresas também de pequeno ou médio porte acabaram entrando na fila daqueles fadados a sumir do mercado.

Independentemente da capacidade de administração e do talento ou não para crescer de cada um, em primeiro lugar são as taxas de juros - com as bênçãos do governo - que colocam o setor bancário em situação diferenciada. Juntas, 31 instituições bancárias abocanharam mais do que o dobro em 2001 em relação ao ano anterior. De um lucro somado de R$ 5,2 bilhões, em 2000, pularam para o ganho de R$ 11, 1 bilhões, em 2001. O Itaú, por exemplo, alcançou o seu maior lucro no ano passado - R$ 2,389 bilhões, o equivalente a 31,5% do patrimônio líquido do banco.

Em janeiro deste ano, a taxa de juros para pessoa jurídica chegou à média de 44,2% ao ano, e para pessoa física, a 72,8%. Além do ganho que isso proporcionará às instituições bancárias, elas ainda têm a seu favor o fato de que estão livres da voracidade da Receita Federal, que hoje não tem complacência sequer com os fundos de pensão – com os quais trabalhadores contribuem na expectativa de estar garantindo uma certa tranqüilidade futura. O governo só não consegue o mesmo desempenho para os bancos que administra. A Caixa Econômica Federal, o segundo maior Banco do Brasil, fechou 2001 com prejuízo de R$ 4,687 bilhões.


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03/13/2002


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