Diretor de escola diz que principal causa de violência entre jovens é a desestruturação familiar



Durante reunião da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) desta quinta-feira (11), destinada a ouvir sugestões dos estudantes de ensino fundamental e médio para aprimorar o exercício da cidadania, o vice-diretor do CEF 15 do Gama, Edgar Rogério Vasconcelos, disse uma das principais causas da violência entre os jovens brasileiros é a desestruturação da família. Ele afirmou que a família, muitas vezes, não impõe limites ao comportamento da criança, favorecendo para que elas sejam desrespeitosas com colegas e professores. Edgar ressaltou que as crianças e adolescentes conhecem e exigem seus direitos, estabelecidos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). No entanto, muitas vezes não sabem dos seus limites e não assumem seus deveres.

A professora Vânia Maria Valadão, da Escola Classe 425 de Samambaia, contou que, desde o início deste ano, trabalha em projeto com seus alunos para conscientizá-los de seus direitos e também dos deveres. Ela explicou que eles já estudaram o ECA, o Estatuto do Idoso, a declaração Universal dos Direitos Humanos, entre outros, e que a audiência pública serviu como fecho do trabalho.

O diretor do CEF 2 do Paranoá, Gilberto Vieira Rios, informou que sua escola já desenvolve, com recursos do Ministério da Educação, atividades de lazer aos finais de semana voltadas à comunidade. Ele contou que no último fim-de-semana todas as escolas do Paranoá foram assaltadas, exceto o CEF 2,porque a comunidade estava presente na escola.

Violência

Durante a reunião, a falta de segurança foi a principal reclamação apontada pelos estudantes de escolas públicas do Distrito Federal que participaram da reunião. Eles também pediram mais investimento em equipamentos esportivos e de informática para as escolas públicas. As sugestões dos estudantes foram consolidadas na forma de projeto de lei subscrito pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e pelo Programa Mãos que Ajudam. O evento faz parte do ciclo de debates na CDH destinados a discutir formas de ampliação do exercício da cidadania a partir da legislação participativa.

A estudante Beatriz Ramalho Gomes, que cursa a sétima série do Centro de Ensino Fundamental (CEF) do Gama ressaltou que a violência urbana chegou às escolas, especialmente as públicas, muitas vezes, relacionada ao tráfico de drogas. Na opinião da estudante da oitava série do CEF 16 da Ceilândia, Deborah Evangelista Nobre, a prática de esportes pode contribuir para que os jovens se mantenham afastados das drogas e tenham interesse pelos estudos. Ela sugeriu que as escolas passem a estar abertas nos finais de semana e nos feriados para que a comunidade possa utilizar o espaço de lazer e a biblioteca.

A escola é ponto de referência para diversas atividades, já que funcionam como zonas eleitorais e postos de vacinação, lembrou a estudante Ronywerisson Veras Dantas, que cursa a quarta série na Escola classe 425 de Samambaia. Para ela, a parceria da escola com a comunidade pode contribuir para minimizar a violência por que passa muitas escolas.

Diego Duarte dos Santos, estudante da sétima série do CEF 2 do Paranoá, pediu maior presença de policiais nas escolas. Ele denunciou que os alunos freqüentemente são agredidos, assaltados e que a escola é invadida à noite por pichadores. Já a aluna da oitava série do CEF 5 do Gama, Stephane Clemente Lemos, pediu concurso público para contratar policiais para as escolas e proximidades, bem como a instalação de sistemas de segurança, como detectores de metais e câmeras instalados nas escolas. Ela também sugeriu a obrigatoriedade da disciplina de segurança no currículo das escolas públicas.

- Ninguém agüenta mais ver colegas agredidos por gangues, as escolas roubadas - disse Liniker dos Santos Fernandes, do CEF 16 da Ceilândia.

Isabelle Matheus Ribeiro Lacerda, estudante da quarta série da Escola Classe 425 de Samambaia, defendeu também maior sinalização de trânsito nas proximidades das escolas. Ela disse que a violência no trânsito, na maioria das vezes, deve-se à alta velocidade e ao uso de álcool e que as crianças são os mais vulneráveis a esse tipo de violência. Ela ressaltou que "gastar dinheiro na educação, não é despesa, mas investimento no futuro", o que, na opinião da menina, significa cidadania.

Após afirmar que representava todos os estudantes brasileiros, o aluno Jean da Silva Martins, da quarta série da Escola Classe 425 de Samambaia, pediu maior investimento na disciplina de Educação Física e que se tornasse obrigatório o ensino de informática nas escolas públicas. Ele disse que a disciplina de Educação Física é tratada como mero lazer, e observou que, em algumas escolas, o profissional que ministra as atividades não tem formação adequada. Ele destacou também a falta de equipamentos, como quadras poliesportivas, piscinas e tatames, disponíveis aos alunos para a prática de esportes.

Jean também sugeriu que se tornasse obrigatório o ensino de informática nas escolas públicas, com a finalidade de promover a inclusão digital dos alunos e, assim, minimizar adesigualdade social. Ele disse que a maioria dos estudantes das escolas públicas não tem acesso a computador, o que os excluem também do exercício da cidadania. Por essa razão pediu que cada escola tenha um laboratório de informática e que cada biblioteca possua, pelo menos, um computador conectado à internet.



11/10/2007

Agência Senado


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