Discriminação e analfabetismo são principais dificuldades enfrentadas pelos ciganos



A discriminação e o analfabetismo estão entre os principais problemas enfrentados pela população cigana no país. Foi o que relataram os participantes da audiência pública realizada nesta quarta, 26, pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS). A reunião, promovida a pedido do senador Paulo Paim (PT-RS), ocorre dois dias depois da comemoração do Dia Nacional do Cigano - data instituída em 2006 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para Perly Cipriano, subsecretário de Secretaria Especial dos Direitos Humanos (vinculada à Presidência da República), "o Brasil é possivelmente o segundo maior país cigano do mundo".

Segundo a advogada e cigana Mirian Stanescon Batuli, "essa comunidade começa a sair da invisibilidade a partir de 2005, após a 9ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos, devido às ações de movimentos sociais e do atual governo federal". De acordo com estimativas não oficiais, haveria entre 800 mil e 1 milhão de ciganos no país, disse Mirian, que é autora da cartilha Povo cigano: o direito em suas mãos, publicação que foi patrocinada pela Presidência da República.

Durante a audiência, foram relatados diversos casos de discriminação contra essa população. Em um desses casos, o padre Wallace do Carmo Zanon e a cigana Marlete Queiroz apontaram não apenas a discriminação, mas também as dificuldades que a comunidade - boa parte dela nômade - encontra para estabelecer seus acampamentos, mesmo quando têm permissão governamental.

Eles contaram que, recentemente, um acampamento autorizado enfrentou vários problemas, inclusive com a polícia, ao se instalar próximo a uma escola no Distrito Federal. Segundo Wallace, que é diretor da Pastoral dos Nômades do Brasil, a diretora da escola teria afirmado aos alunos que os ciganos matam e comem crianças, sem saber que entre os estudantes "havia três ou quatro filhos de ciganos".

Marlete Queiroz, que é secretária da Associação Cigana das Etnias Calons do Distrito Federal e Entorno, disse que cerca de 99% dos ciganos nessa região são analfabetos. Ela avalia que esse é um dos principais problemas enfrentados pela comunidade, pois dificulta, inclusive, que "os ciganos saibam como defender seus direitos". A maioria deles, afirmou ela, não possui certidão de nascimento.

- Aqui no Distrito Federal e no entorno há mais de 2.500 ciganos - declarou.

O ministro Eloi Ferreira de Araujo, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, declarou que uma das missões dessa secretaria é "pensar, articular e coordenar políticas públicas que beneficiem os povos ciganos". Ele citou algumas ações promovidas pelo governo federal, como a instituição do Prêmio Culturas Ciganas e a criação, no ano passado, de um centro de referência cigana na cidade de Sousa, na Paraíba.

Também participaram da audiência a presidente da Comissão de Assuntos Sociais, senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN); o senador José Nery (PSOL-PA); e o deputado federal Edson Santos, ex-ministro da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.



26/05/2010

Agência Senado


Artigos Relacionados


Preconceito e analfabetismo estão entre os principais problemas enfrentados pelos ciganos

Kátia Abreu alerta para dificuldades a serem enfrentadas pelos municípios em razão da crise financeira

CDH discute dificuldades enfrentadas pelas Apaes

Suplicy aponta dificuldades enfrentadas por citricultores

MAGUITO ALERTA PARA DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PREFEITURAS

Ana Amélia relata dificuldades enfrentadas por produtores de carne e de arroz