Discurso de Jefferson Péres mobiliza Senado para salvar a Varig



Em discurso que recebeu 15 apartes, o senador Jefferson Péres (PDT-AM) iniciou nesta quarta-feira (19) mobilização no Senado para que o governo interfira nas negociações que estão sendo feitas para salvar a companhia aérea Varig da asfixia financeira e reestruturá-la. Além de encaminhar manifesto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os senadores vão realizar audiência conjunta pública das comissões de Serviços de Infra-estrutura, de Assuntos Sociais e de Desenvolvimento Regional e Turismo com o objetivo de ouvir todos os interessados na questão.

De acordo com o parlamentar amazonense, o Estado tem a obrigação moral e estratégica de propiciar o saneamento de uma empresa de grande importância econômica, da qual dependem onze mil trabalhadores e que prestou relevantes serviços ao país, além de ser um ícone que identifica positivamente o Brasil mundo afora.

Depois de lembrar o esforço dos funcionários e comissões de parlamentares para salvar a Varig desde 2003, o senador leu trecho de artigo publicado em 2001 pelo jornal O Estado de S.Paulo, em defesa da ajuda governamental às empresas aéreas brasileiras. O artigo foi assinado pelo então presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva.

"Empresas aéreas nacionais estão falindo, milhares de trabalhadores continuam perdendo seus empregos, divisas estrangeiras deixam de entrar no Brasil e o nosso país perde cada vez mais capacidade competitiva. Até quando, senhor presidente?" - dizia Lula no artigo, dirigindo a pergunta final ao então presidente Fernando Henrique Cardoso.

Jefferson lamentou que o hoje presidente Lula negue o apoio financeiro do governo à Varig, ainda mais quando estão em jogo os empregos, as aposentadorias e pensões de milhares de pessoas. O parlamentar do PDT criticou duramente o governo por negar esse apoio, até porque deve R$ 4 bilhões à companhia aérea - valor que já estaria definido pela Justiça, em última instância.

- É falsa a afirmação de Lula de que a empresa está falida. A Varig se encontra em recuperação judicial. Tem plenas condições de se reerguer, conforme a palavra do juiz que cuida do caso. Eu não defenderia dinheiro público para empresa falida ou recompensar a gestão temerária - disse Peres, com apoio dos senadores Ramez Tebet (PMDB-MS), Eduardo Azeredo (PSDB-MG), Flávio Arns (PT-PR), Pedro Simon (PMDB-RS), Heloísa Helena (PSOL-AL), Marcelo Crivella (PRB-RJ), Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), Heráclito Fortes (PFL-PI), Roberto Saturnino (PT-RJ), Eduardo Suplicy (PT-SP), Arthur Virgílio (PSDB-MA) e Paulo Paim (PT-RS), que está colhendo as assinaturas para o manifesto. Ao final do discurso, o senador Efraim Morais (PFL-PB), que presidia a sessão, associou-se ao pronunciamento de Jefferson Peres.

Apesar de, em tese, defenderem uma saída para a Varig, os senadores Sibá Machado (PT-AC) e Ney Suassuna (PMDB-PB) sugeriram um exame mais aprofundado do problema, uma vez que a situação financeira da companhia difundida pela diretoria da empresa não corresponderia à realidade. Tanto Sibá quanto Suassuna pregaram a necessidade de maiores concessões por parte dos empregados da Varig, o que foi condenado por Heloísa Helena e pelo próprio Jefferson Peres.

Pedro Simon acusou o governo de tentar favorecer a TAM, ao propor a incorporação da Varig pela primeira, num suposto sinal de identidade de interesses que remontaria ao surgimento do PT e da TAM. O ex-ministro-chefe da Casa Civil e deputado cassado por envolvimento no "mensalão", José Dirceu (PT-SP), agiu com essa intenção, de acordo com o senador gaúcho e Peres.

Arthur Virgílio acusou o governo de induzir a Varig a maus negócios em prol de "uma política externa questionável", quando solicitou que a companhia ampliasse linhas internacionais não rentáveis. Marcelo Crivella lembrou que o BNDES tem liberado recursos para diversas empresas, inclusive a Rede Globo.

19/04/2006

Agência Senado


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