Dólar fecha semana a R$ 3








- Dólar fecha semana a R$ 3

- A perspectiva de fechamento do acordo de transição com o Fundo Monetário Internacional nos próximos dias esvaziou a especulação contra o real e fez cair a cotação da moeda americana pelo segundo dia consecutivo no País.

O dólar fechou em queda de 4,44%, a R$ 3,01, praticamente a mesma cotação da sexta-feira anterior (R$ 2,995), depois de ter chegado a R$ 3,61 durante a semana. O risco Brasil caiu 0,63%, indo para 2,047 pontos.

Em Washington, as negociações entre representantes do Governo brasileiro e do FMI prosseguiram ontem e contam, agora, com a presença da diretora do Departamento Fiscal do Fundo, Teresa Terminassian. Ela não vinha participando de negociações com países da região desde que deixou o Departamento do Hemisfério Ocidental.

Teresa, bem conhecida pela equipe econômica, é considerada uma especialista em ajustes fiscais, o que, segundo analistas, sinaliza a intenção da direção do Fundo de exigir novo aperto na arrecadação.

Na quinta-feira, Fernando Henrique Cardoso afirmara não haver mais formas de cortas gastos no setor público.

Ontem, no Espírito Santo, o Presidente reafirmou sua confiança nos rumos econômicos do País e, sem citar nomes, condenou os "choramingões, gente que só sabe criticar".

Depois de criar crise diplomática com declarações das quais se retratou, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill, teve o encontro com o presidente brasileiro confirmado na agenda do Planalto. (pág. 1 e A-10 a A-12)

- O presidente do Banco Central reservou parte de sua agenda, ontem, para apaziguar os ânimos de investidores estrangeiros. Numa conversa fechada com analistas, Armínio Fraga afastou a possibilidade de o Governo adotar controle sobre remessa de recursos ou de promover uma reestruturação da dívida, ou calote, nos moldes do que fez a Argentina no início do ano.

Sobre o medo de que o rigor com as contas públicas não seja mantido no próximo governo, o presidente do BC recorreu ao bom senso dos presidenciáveis. "Todos escolherão evitar riscos para o País", afirmou, durante uma "conference call".

As perguntas foram muitas e Armínio nunca falou tanto. Mas recusou-se a comentar as negociações com o FMI "em andamento". A reunião foi apontada como um dos fatores responsáveis pelo recuo da cotação do dólar ontem. (pág. 1 e A-10)

- Uma operação da Polícia Federal interceptou, na Avenida Brasil, carregamento de munição e armas que seriam distribuídas em favelas do Rio. Seis pessoas foram presas, entre elas um guarda municipal e dois ex-militares da Polícia do Exército. Em três carros, o grupo trazia mais de 50 mil cápsulas para pistolas e fuzis AR-15, HK-47 e Sig-Sauer.

Seguidos desde a Rodovia Presidente Dutra, os bandidos perceberam a presença de policiais na Avenida Brasil e deram início a um tiroteio, que parou o tráfego por 24 minutos na altura de Manguinhos.

O grupo vinha sendo investigado há dois meses e foi acompanhado desde o Paraná, onde recebeu a carga já camuflada no teto, nas forrações e no piso dos veículos. (pág. 1 e C-1)

- (Montevidéu) - O governo do Uruguai está correndo contra o relógio para não ver repetida, no país, a convulsão social, política e econômica que levou a Argentina a ter cinco presidentes no espaço de poucas semanas entre o fim de 2001 e o início deste ano. Mas a crise uruguaia já exibe semelhanças com a argentina. (pág. 1 e A-11)

- O Governo federal prorrogou, pela quarta vez neste ano, o decreto que determina o cancelamento das dotações orçamentárias ainda não liquidadas e contabilizadas em restos a pagar dos anos anteriores. O prazo, que venceria em 31 de julho, foi prorrogado para 30 de setembro.

O montante ainda pendente de liquidação foi reduzido para R$ 3,8 bilhões, dinheiro suficiente para manter congressistas e prefeitos com esperança de obter os repasses para obras paroquiais ainda este ano. (pág. 2)

- A pesquisa do Instituto Toledo & Associados divulgada ontem pela revista "IstoÉ" apresenta, pela primeira vez, o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, à frente nos índices de intenção de voto. Ciro aparece com 34,3%, seguido do petista Luiz Inácio Lula da Silva com 33,6%. O tucano José Serra está com 13,8%. Anthony Garotinho (PSB) tem 9%. (pág. 4)

- Durou pouco o sentimento de alívio na Frente Trabalhista, que tem Ciro Gomes como candidato a presidente. Apenas um dia depois da renúncia do coordenador da campanha, José Carlos Martinez (PTB), o vice na chapa, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PTB), tornou-se a bola da vez.
O presidente licenciado da Força Sindical é acusado, segundo reportagem da revista "IstoÉ", de estar por trás de uma tentativa de suborno de Vagner Cinchetto, ex-integrante da entidade, que fez acusações contra ele. (pág. 3)

- (São Paulo) - O comando da campanha do candidato petista à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, apresentou ontem publicamente o representante oficial do governador de Minas Gerais, Itamar Franco (sem partido), na coordenação da campanha petista.

O escolhido foi o ex-ministro da Justiça Alexandre Dupeyrat, assessor político do governador mineiro e secretário da Fazenda Nacional durante o governo Itamar. (pág. 3)

- (Betim, MG) - Provocado sobre o encontro do vice de Ciro Gomes, Paulo Pereira da Silva, com dirigentes do Aché Laboratórios Farmacêuticos, José Serra não perdeu a deixa: "Sobre isso eu vou falar!"

Disse que a visita de Paulinho ao "único laboratório que se recusou a fabricar os genéricos era representativa". "Ela mostra que essa candidatura [a de Ciro] vai lá se aliar com aqueles que são contra os genéricos". (pág. 3)

- O juiz da Vara de Execuções Criminais do Distrito Federal, Eduardo Henrique Rosas, tachou de "precipitada e equivocada" a crítica feita ao Judiciário pelo vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Edson Vidigal, ao conceder liminar a Jonas de Jesus Santos, "o Joaninha", que estaria cumprindo pena há mais de cinco anos, por condenações que não chegavam a dois. (pág. 2)


Colunistas

COISAS DA POLÍTICA - Dora Kramer

Liberdade de expressão e pensamento inclui o pressuposto da mudança de opinião. O que se pensava ontem não necessariamente deve ser o que se pensa hoje, entre outros motivos porque as circunstâncias da vida se alteram e, a elas, as pessoas se adaptam.

A isso dá-se o nome de evolução, concorde-se ou não com o conteúdo do que diz ou pensa cada um. Nada mais desagradável que a cobrança tacanha do compromisso com um passado que, na conjuntura presente, revela-se superado. (...)

Outra coisa bem diferente é quando as pessoas, notadamente aquelas cuja carreira pressupõe satisfações constantes ao respeitável público, assumem posições contraditórias sem esclarecer as razões pelas quais passaram por tão profunda e repentina transição. (...)

É o caso agora da união do candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, com o senador-renunciante, Antonio Carlos Magalhães. Nenhum dos dois sente-se na obrigação de dizer se o que falavam um do outro era verdade ou fruto de leviandade. (...) (pág. 2)

(Informe JB - Gustavo Krieger) - Os comitês de todos os presidenciáveis trabalhavam com a mesma informação ontem: a pesquisa Vox Populi, a ser divulga domingo, trará boas notícias para Ciro Gomes.

  • Até agora, as pesquisas mostram surpreendente blindagem de Ciro Gomes. Apesar das denúncias que atingem o comando de sua campanha e até o candidato a vice, Ciro conseguiu manter a posição e, em algumas pesquisas, ganhou espaço. "Ciro cresceu apesar das nossas trapalhadas", confessa o líder do PTB, Roberto Jefferson. Mas ninguém no comando da Frent e Trabalhista sabe até quando vai durar esse escudo.

    A sucessão de denúncias contra o vice criou um dilema. Se ele for afastado agora, confirma a suspeita de que Ciro andava em má companhia. Se ficar, o tiroteio continua.

  • Chega ao Brasil no começo de 2003 a relatora especial da ONU sobre execuções sumárias, Asma Jahangir. Vai investigar a atuação da Scuderie Le Coq e de outros grupos de extermínio no Espírito Santo.

  • Fernando Henrique pediu a Lula e Ciro que sejam responsáveis ao tratar do acordo com o FMI. E só. Até agora, a oposição não soube de nenhum detalhe do que está sendo negociado nos EUA.

  • A Polícia Federal fez descoberta assustadora. O navio com 771 quilos de explosivos apreendidos na segunda-feira no Amazonas rumava para a fronteira com a Colômbia. Lá, a carga seria entregue ao comandante Jorge, das Farc. O explosivo, em gel e produzido no Brasil, seria usado para fabricação de carros-bomba.

    A PF suspeita que seriam usados para impedir a posse do presidente, Álvaro Uribe. Em troca, os guerrilheiros pagariam 150 quilos de cocaína pura. (pág. 6)

    (Ricardo Boechat) - Não está fácil para o Ministério da Saúde ser reembolsado pelos pacientes dos planos de saúde que atende na rede do Sistema Único de Saúde.

    O Governo estima que a fatura a receber é da ordem de R$ 100 milhões. Mas as empresas do setor só pagaram até hoje R$ 10 milhões.

    Para fugir das faturas que recebem, as operadoras recorrem à Justiça.

  • Alguns especialistas torceram o nariz para a balança comercial brasileira de julho.

    Suspeitam que o superávit de US$ 1,2 bilhão tenha sido mais maquiado do que "drag-queen."
    A greve da Receita Federal deixou quase oito mil contêineres acumulados nos portos, à espera da contabilidade oficial.

    Os números oficiais, anunciados quinta-feira pelo Governo induzem à crença de que essas importações entraram no País praticamente de graça.

  • Ontem, em Salvador, Ciro Gomes ouviu uma promessa de ouro de Antonio Carlos Magalhães.
    O ex-senador jurou que o candidato da Frente Trabalhista terá em outubro 42% dos votos na Bahia.

    As pesquisas de intenção de voto apontam para uma taxa hoje de 23%. (pág. 7)


    Editorial

    FORÇA CONTRA O CRIME

    O ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, não deixou dúvida em sua entrevista publicada ontem no "Jornal do Brasil" de que o Governo federal se empenha a fundo para derrubar a criminalidade no Espírito Santo, que, segundo ele, "é endêmica". (...)

    Uma das pontas do iceberg do crime organizado no Espírito Santo é a Escuderie Le Cocq, organização criminosa fundada no Rio no início dos anos 70, que se infiltrou na máquina estatal espírito-santense, segundo apurou o Ministério Público Federal.

    O diretor do Departamento Médico-Legal de Vitória acaba de ser demitido pela chefia da Polícia Civil logo que caracterizou sua participação na Scuderie. Já é resultado do trabalho da força-tarefa.
    A sociedade confia no Ministro da Justiça e espera que ele jogue duro contra o crime organizado. Espera-se que os grandes criminosos sejam logo algemados. (pág. 14)


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    08/03/2002


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