Drogas avançam e país não garante tratamento a dependentes, aponta Wellington Dias



Cerca de 18 milhões de brasileiros são hoje dependentes químicos, mas o país dispõe apenas de 20 mil vagas em unidades de tratamento para quem enfrenta o problema. Os números foram citados pelo senador Wellington Dias (PT-PI), nesta quinta-feira (7), ao apontar ineficiências nas políticas públicas nesse campo. No lugar de soluções, lamentou o senador, o que se observa a cada dia é o aumento da disseminação das drogas.

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- Ou a gente tem política para valer ou, sinceramente, vamos continuar enxugando gelo - afirmou.

Wellington Dias abordou o tema em audiência pública da subcomissão temporária - subordinada à Comissão de Assuntos Sociais (CAS) - que está avaliando as políticas sociais para dependentes químicos de álcool, crack e outras drogas. Com relação às unidades de tratamento, ele observou que apenas 2 mil das 20 mil vagas são públicas. As demais são em serviços de atendimento mantidos por entidades não-governamentais.

- Não adianta só falar sobre o tema e fazer discursos. Primeiro, precisamos admitir que a algo não vai bem, que alguma coisa está errada - salientou.

Bebidas e cigarros

Para Wellinton Dias, a falta de recursos não pode ser justificativa para a falta de ações. Ele chegou a sugerir que mais impostos sobre o consumo de bebidas e cigarros para garantir receitas exclusivas para financiar políticas de prevenção e tratamento. Ao detalhar a idéia, depois da audiência, ele disse que elevando em dez pontos as alíquotas de tributos que já incidem sobre esses produtos, será possível arrecadar cerca de R$ 3 bilhões a mais.

O senador anunciou ainda a proposta de um seminário nacional, a ser realizado em agosto, para aprofundar o debate e definir medidas de enfrentamento às drogas. A intenção é envolver governo federal, estados e municípios, além de estudiosos de diversos campos e entidades do setor privado que promovem ações educativas de prevenção e assistência.

Ao comentar a insuficiência de serviços para atender aos dependentes, a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) citou o exemplo de Porto Alegre, a capital de seu estado, onde apenas um hospital público oferece leitos para internações, limitados a quatro vagas. Waldemir Moka (PMDB-MS), que tem formação médica, afirmou que os profissionais da área precisam superar preconceitos ao trabalho das comunidades terapêuticas.

Wellington Dias, Ana Amélia Lemos e Waldemir Moka foram os propositores da audiência, ao lado da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).



07/04/2011

Agência Senado


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