É preciso discutir o impacto dos juros internacionais sobre o real e a inflação, diz economista do Itaú



Em reunião encerrada há pouco na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), os economistas-chefes do Bradesco, do Credit Suisse e do Itaú discutiram com os senadores a conjuntura econômica do país. Ilan Goldfajn, por exemplo, alertou para itens como o impacto do aumento dos juros internacionais sobre a inflação brasileira. Para o economista-chefe do Itaú, o debate a respeito desse impacto e das intervenções do Banco Central no mercado financeiro para agir sobre o câmbio é uma das questões relevantes a serem analisadas.

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Para comentar a conjuntura do país, Goldfajn fez antes uma avaliação de âmbito internacional. Ele lembrou que, para combater a crise financeira iniciada em 2008 e evitar uma grande depressão mundial, foram utilizados muitos estímulos (como a redução das taxas de juros de diversos bancos centrais) que, "como já sabíamos, seriam retirados em algum momento".

– A dúvida é o que iria acontecer quando os estímulos fossem retirados. E é isso que estamos começando a viver em 2013 – ressaltou.

Conforme observou o economista do Itaú, o início da retomada do crescimento nos Estados Unidos e na Europa é um fenômeno bom, mas que traz um custo no curto prazo, já que, com o fim dos juros baixos e dos estímulos, os fluxos de capitais mudam de direção – o que se reflete na alta do dólar e na depreciação das moedas nos países emergentes.

– Recebemos muito fluxo por cinco anos, até demais, e agora o fluxo se inverte – frisou Goldfajn, acrescentando que há depreciações de moedas em países como Turquia, África do Sul e Índia, e não apenas no Brasil.

É nesse contexto que Goldfajn considera relevantes as discussões sobre até que ponto deve ir a depreciação do real, o quanto é exagero (o chamado overshooting) e se há necessidade de correções no câmbio, por meio de intervenções do Banco Central, para que não se prejudiquem a competitividade das exportações.

Outro questão fundamental a ser analisada, alertou o economista, é o impacto da depreciação do real sobre a inflação – o chamado "repasse cambial". Ele lembrou que a inflação vem caindo nos últimos dois meses, mas que há uma expectativa de que, com a desvalorização do real, a inflação volte a subir.



10/09/2013

Agência Senado


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