Sucateamento da indústria brasileira é real, avalia economista em audiência




O Brasil está correndo o risco de se tornar mero exportador de commodities e, nessa condição, deixar de gerar empregos de qualidade e de obter novos avanços sociais. O alerta foi feito pelo economista José Carlos de Assis em audiência promovida pela Subcomissão Permanente em Defesa do Emprego e da Previdência Social nesta terça-feira (2). Para o economista, o perigo de sucateamento do parque industrial brasileiro é real porque as grandes nações capitalistas estão estagnadas e precisam desovar excedentes produtivos nos países subdesenvolvidos e, em especial, nos emergentes.

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- O que temos são as três forças tradicionais que puxavam o capitalismo para frente, tanto com exportações quanto com importações, voltando agora somente para exportar - observou, ao analisar as economias dos Estados Unidos, Europa e Japão.

José Carlos de Assis, que preside o Instituto de Estudos Estratégicos para a Integração da América do Sul (Intersul), foi um dos expositores de debate sobre a questão do emprego no contexto da crise mundial. A discussão é parte de ciclo de debates sobre a integração da América do Sul, proposto pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que preside a subcomissão integrada à Comissão de Assuntos Sociais (CAS).

Na avaliação do economista, o quadro se complica porque a China e países asiáticos exportadores continuam pressionando o mercado internacional com seus produtos. Por isso, ele considera que as perspectivas são "apavorantes" para os países da América do Sul, que podem ficar de fora do mercado internacional e, sem condições de resguardar o próprio mercado doméstico, serem "afogados" por importados.

De acordo com o economista, o contexto estimula uma mudança na divisão internacional do trabalho, em que os países em desenvolvimento podem almejar no máximo a exportar commodities. Ainda assim, assinalou que a China enfrenta inflação e vem nos últimos meses desacelerando sua economia. Por isso, o esforço exportador do baseado na venda de commodities minerais e agrícolas para o mercado chinês pode igualmente fracassar.

- É uma perspectiva muito complicada e precisamos compreender isso para tentar uma saída estratégica - comentou Assis.

Para o economista, já não bastam ações para corrigir a desvalorização cambial, terreno em que o Brasil teria demorado a agir e ainda estaria tendo escrúpulo para adotar medidas mais firmes. Também disse que os sul-americanos não podem reagir contra o dumping de importações (importados abaixo de custo) com barreiras comerciais de forma isolada, pois seriam condenados pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

A solução possível e de médio prazo seria a formação de um bloco comum de desenvolvimento (não apenas comercial) no continente, com incentivos de cada governo a investimentos que favoreçam a integração produtiva de, no mínimo, dois países. A Intersul está trabalhando em projeto para ser oferecidos aos parlamentos dos diferentes países, nesse momento colhendo sugestões de empresários e trabalhadores.

Para ver a íntegra do que foi discutido na comissão, clique aqui.



02/08/2011

Agência Senado


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