Eduardo Siqueira Campos defende manutenção de programas sociais do governo FHC



O senador Eduardo Siqueira Campos (PSDB-TO) apelou ao governo federal para que libere as verbas necessárias para a manutenção dos programas sociais do governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso.

- O governo anterior deixou uma grande rede de proteção social que não tem dono, não tem pai, mas tem como grande beneficiário o povo brasileiro - disse Eduardo Siqueira Campos.

O senador ressaltou que, com o apelo, não fazia nenhuma crítica ao Programa Fome Zero, que considera fundamental, mas defendia a continuidade de ações como o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, o Peti, que retirou milhares de crianças de lixões e canaviais no Brasil e as pôs na escola. A não renovação de convênios com prefeituras, por cortes de verbas, cancelamento de restos a pagar e contingenciamento orçamentário está comprometendo todos os programas sociais do governo anterior, lamentou.

- Com a modernização imposta pelo Registro Nacional de Veículos (Renavan), qualquer veículo brasileiro, por mais velho e obsoleto que seja, pode ser identificado em qualquer ponto do território nacional e, se encontrado nas ruas, será recolhido em um depósito público à espera do dono. A maioria dos municípios tem serviços de recolhimento de animais, e em caso de haver um dono, ele poderá recuperá-lo. Mas para as crianças de rua não há o menor interesse, ninguém quer saber de onde vêm ou para onde vão - disse o senador.

Eduardo Siqueira Campos elogiou o ministro extraordinário da Segurança Alimentar, José Graziano, a quem considera um homem de grande seriedade.

- Ele teve um momento infeliz, ao proferir a frase em que separou o país em -eles- e -nós-. Mas teve a grandeza e a humildade de pedir desculpas várias vezes à Nação. Só aqui no Senado desculpou-se duas vezes, e como o perdão é bíblico, acho que o episódio está definitivamente encerrado - disse.

O senador citou ainda o ministro da Integração Regional, Ciro Gomes, que teria classificado como -irônico e desrespeitoso- um pronunciamento que ele, Eduardo Siqueira Campos, fez no Congresso Brasileiro de Municípios. Neste Congresso, o senador disse que o ministro não poderá ser tão eficiente como foi como prefeito de Fortaleza e governador do Ceará porque 92% das verbas de sua pasta foram contingenciadas.

- Não houve ironia. Falei com franqueza e sou um admirador do ministro - disse o senador.

Eduardo Siqueira Campos acrescentou que gostaria que Ciro Gomes fosse específico quando diz que encontrou em sua pasta irregularidades que não resistem a um exame ético, por culpa do governo anterior.

- Se há irregularidades, têm que ser trazidas à opinião pública, ou será um caso de prevaricação - disse.

Ciro Gomes foi defendido pela senadora Patrícia Saboya Gomes (PPS-CE), em aparte. Em outro aparte, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) citou outros casos em que os cortes de restos a pagar e o contingenciamento prejudicaram programas municipais. O senador Sérgio Guerra (PSDB-CE) criticou o contingenciamento como arbitrário e antidemocrático. E o senador Magno Malta (PDT-ES) levou Siqueira Campos às lágrimas, ao lembrar a infância pobre do colega, quando era forçado a ajudar o pai, o atual governador do Tocantins, Siqueira Campos, que era caminhoneiro.



01/04/2003

Agência Senado


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