Efraim: Brasil tem de dar prioridade à educação para não se tornar refém da globalização



O senador Efraim Morais (PFL-PB) afirmou nesta sexta-feira (15), ao registrar a comemoração do Dia do Professor, que "enquanto o Brasil empurrar com a barriga o seu vasto contencioso educacional, continuará à margem do processo de desenvolvimento e prosperidade, refém e não agente da globalização econômica". Se a grave situação da educação não for revertida, acredita o senador, o país continuará a exibir ao mundo uma das sociedades mais desiguais e injustas do planeta.

Segundo Efraim Morais, num país em que, de acordo com pesquisa da Unesco realizada em maio último, 58,4% dos cinco mil docentes entrevistados jamais usaram a Internet, 60% não têm correio eletrônico e 74,3% têm como principal forma de lazer e informação a televisão,não é de se estranhar a situação em que se encontra a educação.

- Como pensar em inclusão social sem atribuir à educação toda a prioridade e urgência possíveis? Não adianta procurar os vilões do nosso atraso e subdesenvolvimento lá fora. Estão aqui dentro. Cabe-nos, elite governante deste país, reverter essa equação. As mudanças começam com investimentos mais consistentes no professor, dotando-o de meios para que melhore sua formação pessoal e possa melhorar também a qualidade do ensino que transmite.

O senador, que lecionou Matemática na Paraíba, informou que, de acordo com a pesquisa da Unesco, 23,5% dos professores lêem jornais no máximo duas vezes por semana, 65,5% têm renda de até 10 salários mínimos, um terço dos entrevistados ganha, no máximo, R$ 1,2 mil e mais de 40% dos entrevistados foram no máximo uma vez a museus.

- A mão-de-obra incumbida de formar gerações futuras, em plena era do conhecimento, dispõe de formação muito precária, o que equivale dizer que a menos que umesforço monumental seja empregado na melhoria desse quadro, continuaremos excluídos da economia, do conhecimento, e, portanto, da prosperidade - advertiu Efraim, para quem não há ainda, por parte do Estado brasileiro, uma vontade política efetiva de tornar a educação prioritária.

Para o senador, a pesquisa é até certo ponto moderada e, com certeza, os pesquisadores da Unesco não se detiveram sobre a realidade ainda mais cruel dos professores das cidades mais pobres do Nordeste, "onde é comum que o nível dos salários não perfaça sequer um salário mínimo".

Efraim lembrou que países como o Japão e a Coréia do Sul, "que viveram no século passado o pesadelo de uma guerra perdida", investiram fortemente em educação e, no espaço de uma geração, conseguiram dar a volta por cima e tornar-se potências econômicas.

- Nós, que não vivemos nenhum pesadelo bélico, estamos ainda bem distantes de tudo isso. O país é economicamente frágil e desigual, com espantosa taxa de analfabetismo e semi-analfabetismo que nos envergonha perante o mundo. O fator básico desse processo é a figura do professor, que, entre nós, é pouco mais que um proletário. Não ganha o suficiente para manter-se atualizado, comprar livros, dispor de um computador que o conecte à Internet e, em algumas regiões mais pobres do Nordeste, chega a passar privações impensáveis a um colega seu de outras regiões ou de outros países.

Efraim informou ter recebido do representante da Unesco no Brasil, Jorge Wertheim, cópia de artigo do economista Jeffrey Sachs, professor da Universidade de Columbia e assessor especial do secretário-geral da ONU, na qual são apontadas duas causas centrais para o baixo crescimento obtido pelos países da América Latina nos últimos anos: desigualdade social e baixo investimento em educação, ciência e tecnologia.

O senador desejou que o Dia do Professor sirva de inspiração para que as autoridades do governo federal revejam os critérios com que vêm conduzindo a política educacional. E manifestou seu agradecimento e apreço aos professores brasileiros.Na presidência da sessão, Valdir Raupp (PMDB-RO) associou-se à homenagem prestada aos professores por Efraim Morais.



15/10/2004

Agência Senado


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